China in TownEconomia – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como agem os ricos chineses http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/09/como-agem-os-ricos-chineses/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/09/como-agem-os-ricos-chineses/#respond Fri, 09 Oct 2015 12:00:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=499 Em meio ao atual cenário econômico chinês, sobre o qual há poucas certezas, dois veículos estrangeiros publicaram nos últimos dias reportagens detalhadas sobre o impressionante mundo da riqueza na China.

A agência “Bloomberg” contou a história da chamada “segunda geração de ricos”, jovens que se apoiam no dinheiro dos pais para viver –construindo seus próprios negócios ou simplesmente gastando como se não houvesse amanhã.

Um dos casos contados na matéria é o de um motorista do Uber, em Pequim, que busca seus clientes em uma Maserati azul. O garoto não faz o trabalho pelo dinheiro, claro, mas pela possibilidade de conhecer mulheres e por ter poucos amigos.

Apesar das noitadas regadas pelas bebidas mais caras deste lado do mundo, esses super ricos não estão felizes, diz o texto. Eles herdaram de seus pais a frieza de quem viveu a terrível “Revolução Cultural” chinesa (1966-1976), têm problemas em ganhar seu próprio dinheiro e de relacionamento, segundo a reportagem.

Para entender o cenário em que esses jovens estão inseridos, é interessante ler um recente texto da revista “New Yorker”, que fala sobre o crescimento do serviço de mordomos profissionais no país.

Mesmo com as tensões na economia e a redução de gastos supérfluos no país (como as adoradas bolsas de grife), a procura e a oferta de mordomos não parece ter sido afetada, e há novas escolas para formar esses profissionais.

“O compromisso da profissão com a privacidade torna difícil estimar o número de mordomos profissionais, mas todos os funcionários de agências com quem conversei concordam que a China é, hoje, o mercado para seus serviços que mais cresce no mundo”, diz um trecho da matéria da revista norte-americana.

Uma característica dessa riqueza, sublinhada pela reportagem, é o fato de ela funcionar frequentemente como instrumento para esnobar. Um dos entrevistados pela “New Yorker” diz que, no começo desse bom do setor, “ter um mordomo era como ter uma Ferrari”, um na sala à toa e um estacionado na garagem.

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Os enganos da urbanização chinesa http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/12/os-enganos-da-urbanizacao-chinesa/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/12/os-enganos-da-urbanizacao-chinesa/#respond Sat, 12 Sep 2015 10:36:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=491 Quem vê o caos das grandes cidades da China, como Pequim, com seus enormes engarrafamentos e a pesada poluição, facilmente concorda com a política oficial de limitar o crescimento das metrópoles e tentar desenvolver áreas pouco exploradas do país.

Mas a equação não é assim tão simples, segundo um artigo escrito pelo professor Lu Ming, da Shanghai Jiao Tong University e da Fudan University, e publicado no site do prestigiado Paulson Institute.

Lu Ming afirma que, em relação à urbanização, o governo central chinês tem três preocupações sem pé na realidade. A primeira é que a urbanização vai levar necessariamente à redução das terras cultiváveis do país. De acordo com o professor, uma parte importante da redução dessas terras está relacionada a campanhas de reflorestamento na China. Além disso, ele argumenta, é possível utilizar, para produção, áreas do campo hoje tomadas por moradias vazias.

Outro mito, diz o artigo, é que o crescimento das cidades vai piorar a qualidade de vida, com mais trânsito e poluição. O professor afirma que a experiência internacional vem mostrando que é possível contornar esses problemas.

O terceiro e mais particular mito envolve o sistema de “hukou”, um registro que prende a pessoa à cidade de origem da sua família. Isso significa que, fora dessa cidade, a pessoa não tem acesso a serviços públicos como saúde, benefícios sociais e, possivelmente, escola. Isso não impede milhões de pessoas de migrarem para as grandes cidades, mas faz delas cidadãos de segunda-classe.

Ming afirma que são superestimados os cálculos que apontam o alto custo de formar o sistema de “hukou”, permitindo a livre fixação de pessoas no território. E, além disso, diz, a legalização desse grupo de pessoas pode aumentar o consumo nas cidades.

No artigo, o professor ainda aponta o que ele vê como distorções na atual política de urbanização chinesa, como a pressão do governo para o desenvolvimento de centros urbanos no Centro e no Oeste do país, e de cidades de médio porte, quando o interesse das pessoas é migrar para os grandes centros e para a costa Sudeste.

Consequência dessas distorções, afirma, foi a criação de “cidades-fantasma”, distritos urbanos construídos, mas que não atraíram interesse por moradia ou investimento e que acabaram gerando grande endividamento desses governos locais.

No artigo, o professor também sugere mudanças na atual política.

Esse é um tópico bastante sensível para os chineses, cansados da poluição das cidades e em busca de melhor qualidade de vida. Veremos até que ponto o governo vai ouvir esses apelos.

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Brasil tem mais “soft power” que a China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/#respond Sun, 02 Aug 2015 13:00:36 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=465

Qual país detém maior poder de convencimento sem uso da força (militar ou econômica) e exerce atração positiva para conseguir o que quer? Em outros termos, quem tem mais “soft power”?

Segundo estudo lançado pela consultoria de comunicação Portland, britânica, o “top 5 do soft power” seria: Reino Unido em primeiro lugar, seguido por Alemanha, Estados Unidos, França e Canadá.

Num ranking de 30 países, o Brasil ficou na 23ª posição e a China conquistou apenas a 30ª.

O estudo da Portland –em parceria com o Facebook e a ComRes– é uma tentativa de criar um índice que contempla dados objetivos e percepções subjetivas para formar um ranking do “soft power” no mundo.

Apesar de ter um longo passado, esse termo “soft power” foi cunhado em 1990 pelo professor de Harvard Joseph Nye, como oposição à tradicional forma de convencimento entre países, o “hard power” –que, por sua vez, envolve coerção, intervenção militar, indução de pagamentos e sanções econômicas–, explica o estudo da Portland.

Mas, justamente por não se prender a ações tão palpáveis, o “soft power” é difícil de ser mensurado. “Primeiro, ele é inerentemente subjetivo e sua influência com frequência depende do alvo em questão”, diz o relatório da consultoria britânica. “Em segundo lugar, ele pode ser efêmero. Reservas de ‘soft power’ que foram construídas ao longo de décadas podem desaparecer durante a noite com algumas decisões ruins. E, finalmente, as fontes de ‘soft power’ são numerosas e podem ser de difícil mensuração.”

O estudo é constituído de duas partes: uma com critérios objetivos baseados na influência de cada país em termos de cultura, ambiente digital, governo, engajamento, educação e atração exercida pelo modelo econômico do país; e uma subjetiva, medida por pesquisa de opinião a respeito de gastronomia, produtos tecnológicos, cordialidade, cultura, produtos de luxo, política exterior e habitabilidade.

Foram consideradas 50 países na análise, abarcando as principais potências, em todas as regiões geopolíticas; os 30 primeiros colocados foram classificados.

Sobre o Brasil, o estudo afirma que é o país com as melhores fontes de “soft power” na América do Sul. “Na verdade, o Brasil foi o país do ‘BRICS’ com a melhor performance. Recentemente, o Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014 e o fará de novo com as Olimpíadas de 2016 no Rio. Mas o Brasil também luta contra a corrupção –ilustrada pelo atual escândalo da Petrobras– assim como questões a respeito da desigualdade.”

Já a posição alcançada pela China –a última no ranking dos 30 países– é, “talvez, a grande surpresa nos resultados do índice”, avalia a Portland.

Segundo explica o estudo, a China lançou uma ofensiva para construir “soft power” em 2007, com investimentos de dezenas de bilhões de dólares. Como exemplos de investimento, a Portland cita a agência estatal de notícias Xinhua, os Institutos Confúcio pelo mundo e um leque de projetos de desenvolvimento e ajuda a outros países. “Num momento em que muitos países estão cortando financiamento a instituições como essas, a China vem impulsionando a expansão de fontes de ‘soft power’.”

O que puxou a nota chinesa para baixo, diz o relatório, foram questões ligadas a restrições de direitos individuais, falta de uma imprensa livre, aversão à crítica política, problemas com o uso da rede social –já que as internacionais, como Facebook, Twitter e Instagram, são proibidas no país– e a percepção da política internacional.

Será interessante acompanhar a eventual evolução da China nesse ranking, considerando os pesados investimentos anunciados pelo país, nos últimos meses, como ajuda financeira a países de todas as partes do mundo –incluindo, aqui, o Brasil.

 

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A jogatina do mercado de ações http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/a-jogatina-do-mercado-de-acoes/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/a-jogatina-do-mercado-de-acoes/#respond Thu, 09 Jul 2015 21:00:04 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=442 Li Fun, 29, consulta todos os dias o sobe e desce do mercado de ações chinês, onde tinha um capital de US$ 20 mil investidos até algumas semanas atrás. “Sumiu 60% do meu capital”, diz ela. “Mas sinto que vai voltar. Todos estamos esperando a estabilidade da bolsa, porque o alto risco acompanha alto benefício.”

A chinesa integra o batalhão de investidores individuais da China, que viram suas economias minguarem nos últimos dias. E estão de olho na eventual subida das ações –é possível ver gente conferindo as movimentações da bolsa pelo celular em restaurantes de Pequim.

Ela conta que investe no mercado desde 2008, sem nunca ter feito curso específico para tanto. “Para mim, a bolsa é um jogo”, diz a chinesa, que estudou língua portuguesa e hoje trabalha em uma embaixada em Pequim.

Na edição desta quarta-feira (8), o jornal “China Daily” publicou avaliações de investidores individuais, como Li Fun. No depoimento ao jornal, o taxista Wu Jinbiao, 48, diz que costuma discutir com os clientes a situação do mercado, em que investe desde 2004: “Levando em conta a inflação, não ganhei muito, mas tem sido divertido”.

Se, por um lado, o chinês reage com preocupação à baixa da bolsa, por outro, não deixou de lado o humor.

Mensagens trocadas pelas redes sociais do país têm feito graça da situação. Uma delas, por exemplo, sugere que “última empresa parada no mercado de ações, por favor, apague a luz e feche a porta”.

Outra diz que “o mercado chinês é como um traidor: você sempre confia, mas ele sempre te trai”.

Li Fun, no entanto, não perdeu as esperanças. Em uma mensagem no início da tarde desta quinta-feira (9), a chinesa escreveu: “Hoje o índice está crescendo”, seguido do emoticon de duas pessoas batendo palmas.

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Para o brasileiro, a China não vai dominar o mundo http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/#respond Tue, 30 Jun 2015 15:00:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=426 Boa parte do mundo acredita que, no futuro, a China vai ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a principal potência do planeta.

Mas os brasileiros –juntos com os filipinos, japoneses e vietnamitas– não têm tanta certeza disso, segundo pesquisa de opinião do Pew Research Center, divulgada na semana passada.

Entre os que mais acreditam nessa troca de poder estão os próprios chineses (67%), seguidos pelos australianos e franceses (ambos 66%) e os espanhóis (60%).

“Todos os países europeus pesquisados acreditam que a China vai se tornar o maior poder mundial, variando de 66% na França a 46% na Polônia. Entre as regiões pesquisadas, os europeus são os mais convencidos de que os dias dos Estados Unidos como principal potência estão contados”, explica o instituto no estudo, em tradução livre.

Nesse tema, os norte-americanos estão bem divididos, com 46% acreditando que a China vai supera-los ou já o fez, e 48% dizendo que isso nunca vai acontecer.

A mediana de todos os países pesquisados foi de 48% que acreditam na mudança e 35% que rejeitam a ideia da troca. No Brasil, 56% não acreditam na alteração de poderes entre os EUA e a China, contra 34% que acreditam.

A pesquisa ouviu mais de 45 mil adultos em 40 países, entre 25 e 27 de maio. A percepção da China como nova potência integra uma pesquisa maior, a respeito da imagem global dos Estados Unidos e seu envolvimento em conflitos internacionais.

De forma geral, a China aparece como um país de que se tem uma visão positiva –uma mediana de 55% de visão favorável e 34% de desfavorável entre os países pesquisados, retirando-se a opinião dos chineses.

Os países com melhor percepção da China são Paquistão (82%), Gana (80%) e Rússia (79%).

“A China tem profundos vínculos econômicos com esses países e se tornou mais entrelaçada com a Rússia no último ano. Isso pode ajudar a explicar o aumento de 15 pontos percentuais de visões positivas da China na Rússia desde 2014”, diz o instituto em seu site.

E as visões mais negativas vêm do Japão (89%) –o que não surpreende–, Vietnã (74%) e Jordânia (64%). Brasil tem 55% de visão favorável, e os Estados Unidos têm 54% de visão desfavorável.

Apesar da percepção mais positiva que negativa da China, o mundo não está satisfeito com o respeito aos direitos individuais no país.

“Nos 39 países [a opinião dos chineses não consta], uma mediana de 45% diz que o governo chinês não respeita as liberdades individuais de seu povo, enquanto apenas 34% diz que respeita.”

Nesse quesito, as maiores rejeições vieram da França e do Japão (93% em ambos os países), e as maiores aprovações foram em Gana (69%) e Líbano (67%). No Brasil e nos Estados Unidos, a opinião geral é que a China não respeita essas liberdades, com percentuais de 62% e 84% respectivamente.

 

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Respirar vale mais que ouro http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/21/respirar-vale-mais-que-ouro/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/21/respirar-vale-mais-que-ouro/#respond Sun, 21 Jun 2015 13:00:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=411 Ex-trabalhador de uma mina de ouro na China, He Quangui diz que seu grande arrependimento foi escolher a profissão errada.

Em decorrência das condições precárias de onde ele trabalhou, esse chinês sofre há mais de uma década de uma grave doença que o atrapalha a respirar, a silicose. Viu muitos de seus ex-colegas de trabalho morrerem da mesma doença.

Essa história foi contada pela fotógrafa Sim Chi Yin, que acompanhou muito de perto os altos e baixos de He Quangui nos últimos anos, em uma cidade do interior do país. Ela publicou vídeo e fotos no site da “National Geographic” num projeto chamado “Dying to Breathe”.

Se as fotos são belas, o vídeo choca pela intensidade e realidade das cenas.

“Esse é o invisível custo das minas de ouro na China –o maior produtor mundial. Na China, a silicose é considerada uma forma de pneumoconiose, que, segundo estimativas, afeta 6 milhões de trabalhadores que trabalham em minas de ouro, carvão ou prata e em fábricas de lapidação de pedras. É a doença ocupacional mais prevalente no país”, diz a fotógrafa no site da National Geographic.

No final do ano passado o jornal “The Wall Street Journal” fez uma reportagem sobre consequências semelhantes sofridas pelos chineses que trabalharam por anos em minas de carvão, sem a proteção adequada. Segundo o jornal, o diagnóstico da pneumoconiose subiu 35% ao ano, em média, entre 2005 e 2013.

 

 

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Livro fala sobre a China e sua relação com o Brasil http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/28/livro-fala-sobre-a-china-e-sua-relacao-com-o-brasil/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/28/livro-fala-sobre-a-china-e-sua-relacao-com-o-brasil/#respond Tue, 28 Apr 2015 14:00:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=333 Nesta quarta-feira (29), vai ser lançado o livro “China made in Brasil”, que faz uma abordagem ampla sobre a relação entre o Brasil e a China, passando por aspectos como imigração, parcerias econômicas, o tamanho do famoso “made in China”, além de aspectos culturais e demográficos.

Escrito por duas colegas jornalistas, Cristiane Costa (hoje coordenadora do curso de jornalismo da UFRJ) e Cibele Reschke de Borba (repórter), o livro tem a cara de um livro-reportagem, com algumas pautas bem curiosas.

Por exemplo, a ida anual de brasileiros para Yiwu (na província de Zhejiang, no leste do país), com o objetivo de comprar fantasias para o nosso Carnaval. No livro, as autoras dizem que esse fluxo anual é de pelo menos 2 mil brasileiros.

Em uma conversa por e-mail, elas me contaram que, originalmente, o livro tinha como foco a imigração chinesa no Brasil –o livro diz que o primeiro registro oficial brasileiro de imigrantes chineses é de 1814–, mas foi expandido para reunir “passado, presente e futuro, com muita apuração, pesquisa iconográfica e valorizando personagens lá e cá, com histórias de vida e empresariais ligadas aos dois países e experiência na relação sino-brasileira, seja do ponto de vista pessoal ou profissional”.

De fato, elas traçam um grande panorama da China, com números e histórias que ajudam a entender melhor esse país tão distante e desconhecido para nós brasileiros.

“A China é muito mais ampla e fascinante do que a maioria dos brasileiros imagina. Vale a pena dedicar momentos de estudo para conhecer um pouco mais sobre ela. O livro mostra uma China mais complexa e ainda mais fascinante. O mais interessante é que, para esta edição, procuramos buscar personagens e histórias que unam os dois países, desde o chef brasileiro que abriu um restaurante em Pequim e luta para encontrar nosso feijão até um dos artistas plásticos mais valorizados da China que, pouca gente sabe, viveu incógnito no interior do Brasil e aqui deixou várias obras”, diz Cibele, que morou em Xangai por um tempo em 2010.

O livro tem patrocínio da empresa chinesa State Grid Brazil Holding, foi publicado pela Babilonia Cultura Editorial, numa edição bilingue (português-chinês), e custa R$ 80. Para quem tiver interesse, o lançamento é nesta quarta (29), no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa do Leblon, às 19h.

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As diferentes “Rotas da Seda” http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/26/as-diferentes-rotas-da-seda/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/26/as-diferentes-rotas-da-seda/#respond Thu, 26 Mar 2015 14:00:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=292 Já mencionei em outro post a saga de uma jornalista sino-americana em busca da origem do macarrão, o que levou a moça a percorrer a famosa Rota da Seda durante seis meses e publicar suas aventuras em um livro –”On the noodle road” (ou “Na rota do macarrão”).

O objetivo inicial de Jen Lin-Liu era descobrir a origem geográfica da produção da massa, alvo de um “mito” de que teria sido levada da China para a Itália pelas mãos de Marco Polo via a Rota da Seda, rede comercial que ligou com intensidade a região da Ásia à Europa por mais de 1.500 anos.

Segundo a jornalista, no entanto, essa origem não é real. “Evidências mostram que os italianos comiam massa antes do nascimento do explorador de Veneza”, diz a introdução do livro.

A busca pela origem do macarrão é uma das abordagens mais inusitadas e interessantes que já vi sobre a Rota da Seda. Além de acumular inúmeras receitas dos países por onde passou (oeste da China, Quirguistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Irã, Turquia e Itália), Jen Lin-Liu conta sobre os diferentes costumes de cada país, as semelhanças, a forma como as mulheres se vestem e interagem em cada sociedade e, é claro, a sua aproximação particular com a comida.

Mas há muitas outras formas de se debruçar sobre a famosa rota. Para começar, um vídeo curto do Crash Course explica a formação da rota e sua importância econômico-social para o mundo –e não apenas para quem queria comprar a seda, um dos produtos comercializados por essas rotas.

O vídeo conta, por exemplo, que “a rota” era formada, na verdade, por muitas rotas diferentes, por terra e água, e que poucas pessoas percorreram ela inteira: a maioria dos comerciantes operava em trechos curtos da rota, repassando produtos recebidos de cada uma de suas pontas. E que, talvez de mais impacto que a troca comercial, a rota serviu para a divulgação de novos pensamentos, como o Budismo.

Hoje, passados séculos do “fim” dessa rede, o governo chinês anda dando bastante atenção à Rota da Seda, como forma de ampliar sua presença na região que conecta a China à Europa. Como disse a própria Folha em uma matéria recente, o país lançou um fundo para promover a infraestrutura dos países vizinhos na “nova Rota da Seda”.

Frente a esse interesse crescente da China, um grupo de jornalistas locais gastou 61 dias percorrendo a rota no ano passado. Além de matérias para seus jornais, a viagem resultou em um livro de fotografias de Hu Bin, hoje diretor do departamento de atividades sociais do jornal “Guangming Daily”.

Pequeno pastor do lago Sayram
Pequeno pastor do lago Sayram, na China (Hu Bin/ divulgação)

Enquanto tomava chá, Hu Bin me contou que há 25 anos, quando ainda estava na universidade, fez uma viagem pelo oeste chinês com cerca de R$ 300 no bolso –suficiente para cobrir seus poucos gastos por dois meses. Já, no ano passado, estendeu a viagem pelos outros países da Rota da Seda, tendo encontrado muitas mudanças.

Uma das grandes diferenças que notou na região tem a ver justamente com a infraestrutura. Há 25 anos, diz ele, o oeste chinês tinha trens lentos e poucas estradas; hoje em alguns trechos é possível andar de trem bala e há boas estradas, conta.

Paisagem da fazenda de cavalos de Shandan
Fazenda de cavalos de Shandan, no oeste chinês (Hu Bin/ divulgação)

No ano passado, trechos da Rota da Seda foram incluídos na lista de patrimônio mundial da Unesco (braço da ONU para cultura e educação), com uma preocupação maior de conservação de construções –como partes da Grande Muralha– e preservação da história da rota.

Segundo o site da Unesco, o trecho listado –que inclui China, Quirguistão e Cazaquistão– “é um exemplo extraordinário na história mundial de como um canal dinâmico conectando civilizações e culturas através da Europa-Ásia realizou a mais ampla e duradoura troca entre civilizações e culturas” (tradução livre minha).

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Poluição de volta ao ar http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/08/poluicao-de-volta-ao-ar/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/08/poluicao-de-volta-ao-ar/#respond Sun, 08 Mar 2015 12:43:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=265 Um documentário sobre as origens e os perigos da poluição na China está dando o que falar por aqui desde a semana passada, quando foi divulgado em sites chineses.

Chamado de “Under the dome” (ou “Sob a Cúpula”), o documentário foi feito pela ex-jornalista investigativa Chai Jing em formato semelhante ao Ted Talk. Segundo a revista “The Economist”, alcançou 200 milhões de visualizações em poucos dias.

Ele pode ser assistido nesse link do YouTube (com a opção de legendas em inglês). Segundo o “New York Times”, o vídeo foi deletado dos principais sites chineses na sexta-feira (6) sob ordens do departamento de propaganda do Partido Comunista.

Em cerca de 1h40, Chai Jing apresenta dados e falas de especialistas –incluindo integrantes do governo chinês– para explicar de onde vem a poluição, de que materiais ela é feita, os impactos na saúde e, principalmente, de quem é a responsabilidade.

O filme tem toques bastante pessoais, como uma garotinha que conta não ver estrelas ou nuvens e a própria jornalista relatando problemas de saúde de sua filha ainda em gestação. Em determinado momento, Chai Jing diz se sentir culpada por, como jornalista que cobria questões de meio ambiente, não ter percebido que o que eles viam como “fog” (neblina) no início dos anos 2000 já era poluição.

Há questões políticas ainda não compreendidas a respeito da divulgação desse filme em discussão na imprensa internacional. Por exemplo, o momento do lançamento do documentário –às vésperas da reunião do Legislativo chinês– e o grau de envolvimento do governo no documentário.

Como diz a revista “The Economist”, houve divulgação do documentário pelo jornal “People’s Daily”, muito vinculado ao Partido Comunista, e uma fala positiva a respeito dele por parte do novo ministro do Meio Ambiente, Chen Jining. Mas também houve críticas de oficiais e o filme sumiu da internet chinesa, segundo o “New York Times”.

Reação de alguma maneira ou não, a manchete de sexta-feira (6) do jornal “China Daily” dizia que o premiê, Li Keqiang, pretende “endurecer na luta contra a poluição”. Segundo o jornal, o padrão nacional de limpeza do ar só foi cumprido, em 2014, por oito das 74 principais cidades do país em que é medida a concentração de partículas finas (PM 2.5).

Vamos torcer para a garotinha chinesa ver estrelas em breve.

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Aqui, as panelas sempre estão quentes http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/17/aqui-as-panelas-sempre-estao-quentes/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/17/aqui-as-panelas-sempre-estao-quentes/#respond Tue, 17 Feb 2015 11:21:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=221 Imaginem a cena de uma cozinha sempre “acesa”, com as panelas quentes e a água fervendo. Agora esqueçam o cenário de uma fazenda no interior do Brasil com pessoas bebendo café, e visualizem uma “wok” chinesa fritando algo em altas temperaturas e muita gente bebendo chá.

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Renmin, em Pequim, chegou à conclusão que os domicílios chineses gastam um percentual bem maior de energia para cozinhar se comparados com residências de países como Estados Unidos e França.

Na média, o ato de cozinhar é responsável por 23% da energia usada nas residências chinesas, percentual que sobe para 43% no campo e cai para 19% nas cidades, segundo artigo de 2014 de Xinye Zheng, Chu Wei, Ping Qin, Jin Guo, Yihua Yu, Feng Song, Zhanming Chen, da escola de economia de Renmin.

No país como um todo e nas cidades, cozinhar só consome menos energia que o aquecimento das casas –no campo, onde o aquecimento das residências está menos disponível, cozinhar é campeão no gasto de energia.

O artigo faz uma comparação com outros países, como Estados Unidos, França, Alemanha e Canadá, e diz que, nos demais, cozinhar abarca uma fatia que vai de 6% a quase zero do consumo geral das residências.

Independentemente dessas proporções, as residências chinesas ainda gastam bem menos energia, no consumo total, que as moradias desses outros países, explica o artigo.

O estudo usou 1.450 entrevistas válidas, feitas em 2013, sendo que 80% delas foram em ambiente urbano e 20% no rural.

Na avaliação dos pesquisadores, mais de um fator deve ser responsável por essa fatia maior do gasto de energia para cozinhar; por exemplo, o uso de fontes de energia menos econômicas na cozinha.

E, algo que mais me interessou para o post, o estudo não despreza que, “vivendo na rica cultura culinária da China, as famílias desenvolvem forte preferências de sabor e destinam mais tempo no ato de cozinhar”, diz o artigo em tradução minha.

Segundo um chinês com quem conversei, as pessoas daqui têm um “estômago chinês”, o que explicaria a importância que dão a sua comida tradicional –e, se possível, caseira.

Em 2014, o presidente da China, Xi Jinping, deu o que falar depois que disse, em uma viagem internacional, que os nacionais de seus país deveriam comer menos cup noodles e mais a comida do lugar para onde viajam.

Como muitos chineses não conseguem se acostumar com a comida ocidental, acabam carregando em suas viagens alimentos que consigam rapidamente preparar e que pareçam familiares –e, nesse caso, nada melhor que o cup noodles.

Na última vez que viajei para Pequim, enquanto esperava no salão de embarque de Dubai, vi uma família chinesa comendo em uma espécie de piquenique. De repente, uma chinesa tirou da sacola um pão chinês fresco (que eu não consigo imaginar onde ela conseguiu) e um saquinho com uma carne processada imersa em um molho bem vermelho (e bem industrializado), e começou a comer os dois juntos.

Uma outra chinesa do grupo parecia bem infeliz comendo um pão de estilo ocidental, e só ficou contente quando a primeira chinesa resolveu dividir com ela um pouco do seu lanche “de casa”.

Nós também somos assim, não? Sempre com receio do que vamos encontrar na mesa de terras “estranhas”.

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