China in TownPolítica – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 As escravas sexuais da China e de Taiwan http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/#respond Wed, 30 Dec 2015 13:58:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=566 Japão e Coreia do Sul anunciaram, essa semana, ter resolvido “de vez” um longo conflito a respeito das chamadas “mulheres de conforto”, mulheres recrutadas ou sequestradas para trabalharem em bordéis usados por militares japoneses até a década de 40.

Segundo o acordo, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vai pedir desculpas às mulheres sul coreanas escravizadas para fins sexuais, e o Japão vai doar cerca de R$ 33 milhões a um fundo destinado a dar apoio às vítimas. A negociação também sela esta solução como final e irreversível sobre o tema, e determina o fim das discussões públicas.

O acordo foi criticado por sobreviventes na Coreia do Sul, que reclamaram da ausência de responsabilização legal dos japoneses e de terem sido excluídas das negociações. Já chineses e taiwaneses reclamaram de terem sido deixados de fora do acordo.

Estima-se que 200 mil mulheres tenham sido escravizadas para fins sexuais pelos japoneses, incluindo as sul coreanas, chinesas e taiwanesas. Poucas delas ainda estão vivas.

Segundo reportou a “BBC”, o governo de Taiwan afirmou que quer “negociações imediatas” com o Japão sobre o tema. Os chineses, por outro lado, lembraram que o recrutamento das escravas sexuais foi um “sério crime contra a humanidade” cometido pelo Japão.

Em um artigo de opinião publicado nesta quarta-feira (30), o “China Daily” afirma que as desculpas são bem-vindas, mas não são suficientes. “Dado que o acordo japonês com a Coreia do Sul é, principalmente, politicamente orientado, ao invés de ser uma reflexão verdadeira sobre suas responsabilidades, o movimento não é o suficiente para significar que o Japão está pronto para reconhecer verdadeiramente seu passado.”

 

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Brasil tem mais “soft power” que a China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/#respond Sun, 02 Aug 2015 13:00:36 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=465

Qual país detém maior poder de convencimento sem uso da força (militar ou econômica) e exerce atração positiva para conseguir o que quer? Em outros termos, quem tem mais “soft power”?

Segundo estudo lançado pela consultoria de comunicação Portland, britânica, o “top 5 do soft power” seria: Reino Unido em primeiro lugar, seguido por Alemanha, Estados Unidos, França e Canadá.

Num ranking de 30 países, o Brasil ficou na 23ª posição e a China conquistou apenas a 30ª.

O estudo da Portland –em parceria com o Facebook e a ComRes– é uma tentativa de criar um índice que contempla dados objetivos e percepções subjetivas para formar um ranking do “soft power” no mundo.

Apesar de ter um longo passado, esse termo “soft power” foi cunhado em 1990 pelo professor de Harvard Joseph Nye, como oposição à tradicional forma de convencimento entre países, o “hard power” –que, por sua vez, envolve coerção, intervenção militar, indução de pagamentos e sanções econômicas–, explica o estudo da Portland.

Mas, justamente por não se prender a ações tão palpáveis, o “soft power” é difícil de ser mensurado. “Primeiro, ele é inerentemente subjetivo e sua influência com frequência depende do alvo em questão”, diz o relatório da consultoria britânica. “Em segundo lugar, ele pode ser efêmero. Reservas de ‘soft power’ que foram construídas ao longo de décadas podem desaparecer durante a noite com algumas decisões ruins. E, finalmente, as fontes de ‘soft power’ são numerosas e podem ser de difícil mensuração.”

O estudo é constituído de duas partes: uma com critérios objetivos baseados na influência de cada país em termos de cultura, ambiente digital, governo, engajamento, educação e atração exercida pelo modelo econômico do país; e uma subjetiva, medida por pesquisa de opinião a respeito de gastronomia, produtos tecnológicos, cordialidade, cultura, produtos de luxo, política exterior e habitabilidade.

Foram consideradas 50 países na análise, abarcando as principais potências, em todas as regiões geopolíticas; os 30 primeiros colocados foram classificados.

Sobre o Brasil, o estudo afirma que é o país com as melhores fontes de “soft power” na América do Sul. “Na verdade, o Brasil foi o país do ‘BRICS’ com a melhor performance. Recentemente, o Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014 e o fará de novo com as Olimpíadas de 2016 no Rio. Mas o Brasil também luta contra a corrupção –ilustrada pelo atual escândalo da Petrobras– assim como questões a respeito da desigualdade.”

Já a posição alcançada pela China –a última no ranking dos 30 países– é, “talvez, a grande surpresa nos resultados do índice”, avalia a Portland.

Segundo explica o estudo, a China lançou uma ofensiva para construir “soft power” em 2007, com investimentos de dezenas de bilhões de dólares. Como exemplos de investimento, a Portland cita a agência estatal de notícias Xinhua, os Institutos Confúcio pelo mundo e um leque de projetos de desenvolvimento e ajuda a outros países. “Num momento em que muitos países estão cortando financiamento a instituições como essas, a China vem impulsionando a expansão de fontes de ‘soft power’.”

O que puxou a nota chinesa para baixo, diz o relatório, foram questões ligadas a restrições de direitos individuais, falta de uma imprensa livre, aversão à crítica política, problemas com o uso da rede social –já que as internacionais, como Facebook, Twitter e Instagram, são proibidas no país– e a percepção da política internacional.

Será interessante acompanhar a eventual evolução da China nesse ranking, considerando os pesados investimentos anunciados pelo país, nos últimos meses, como ajuda financeira a países de todas as partes do mundo –incluindo, aqui, o Brasil.

 

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Como denunciar um corrupto em um click http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/26/como-denunciar-um-corrupto-em-um-click/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/26/como-denunciar-um-corrupto-em-um-click/#respond Sun, 26 Jul 2015 13:00:29 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=458 Separados por meio mundo, brasileiros e chineses compartilham uma mesma “rotina”: a cada semana, são apresentados a novos casos de corrupção ou detalhes de investigações já em curso.

Na China, trata-se de uma campanha instaurada pelo presidente Xi Jinping no final de 2012, que vem punindo funcionários do baixo e do alto escalões do governo, sob alegação de malfeitos –como corrupção ou mau uso do dinheiro público.

Os números impressionam. Segundo matéria publicada pelo jornal “China Daily” na quinta-feira (23), mais de 120 mil pessoas foram punidas desde o final de 2012; desse total, 19 mil integrantes do Partido Comunista receberam sanções só nos primeiros seis meses de 2015.

A maior parte das irregularidades punidas este ano, de acordo com o jornal, têm relação com mau uso de veículos públicos (30,6%), bônus ou subsídios ilegais (17%), desperdício com casamentos e funerais usados como oportunidade para receber propina (14,9%),  uso de dinheiro público para refeições (11,6%) e recebimento de presentes (11,5%).

E cerca de 90% dos punidos em 2015, diz o “China Daily”, são funcionários da administração do nível de cidades. Dentre os 10% restantes, há casos de altos funcionários do Partido Comunista.

Os analistas tentam entender as reais motivações por trás da campanha governamental, que propaga a defesa da frugalidade e das boas práticas dentro do partido para, assim, garantir sua credibilidade junto aos chineses.

Motivações à parte, não dá para fechar os olhos para a criatividade das autoridades responsáveis pela campanha. Essa semana, o “China Daily” publicou uma matéria falando sobre uma atualização feita no aplicativo para smartphones, que vai permitir denúncias com apenas um click.

“Uma nova função –’um click para denunciar’– foi incluída no aplicativo recentemente, permitindo que usuários façam o upload de evidência (…) Apertando o botão, o usuário é encaminhado para uma página que lista 11 categorias de má conduta”, explica o jornal.

O aplicativo, disponível apenas em chinês, permite o upload de imagens e vídeos, e a descrição do caso em até 500 caracteres. A denúncia pode ser anônima ou identificada.

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O que fazer com 70 milhões de crianças “abandonadas”? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/o-que-fazer-com-70-milhoes-de-criancas-abandonadas/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/06/o-que-fazer-com-70-milhoes-de-criancas-abandonadas/#respond Mon, 06 Jul 2015 13:00:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=431 Nesse final de semana, a Folha publicou uma matéria sobre o drama das chamadas “crianças deixadas para trás”, quase 70 milhões de crianças chinesas que sofrem as consequências da urbanização acelerada das últimas décadas.

Uma particularidade das migrações na China é o sistema de “hukou”, que atrela cada chinês ao local de residência original da família. Mesmo flexibilizado nos últimos anos, esse sistema ainda faz com que o migrante possa ficar sem acesso a serviços públicos como saúde e educação. Ou seja, quem migra e não consegue transferir seu local de residência para a nova cidade (transferência muito difícil quando é para as grandes cidades do país) pode ter que pagar caro para mandar o filho para a escola.

Assim, as crianças acabam ficando para trás com avós, parentes distantes e até mesmo sozinhas.

Nessa entrevista, Ron Pouwels, chefe do setor de proteção à criança do Unicef China, compara a situação da China à de outros países e oferece alguns caminhos para amenizar o problema.

Blog – São hoje quase 70 milhões de crianças “deixadas para trás”, como são conhecidas, 61 milhões delas no campo. Há alguma tendência de aumento ou diminuição desses números?

Pouwels – Eu tenho um problema em dar um rótulo para as crianças, como “crianças deixadas para trás”. Acho melhor falar em “crianças que foram deixadas para trás”, porque são crianças em primeiro lugar. E para evitar rótulos e a estigmatização que costuma vir com eles. Estamos falando de 61 milhões deixadas no campo, mas uma parte mora com o pai ou a mãe. Não é ideal, claro, mas não estão totalmente deixadas para trás [estima-se que cerca da metade dessas 61 milhões está sem pai e mãe].

Se estamos falando em tendência, em 2000 tínhamos cerca de 20 milhões de crianças deixadas no campo. Não houve censo em 2005, mas uma pesquisa identificou 58,6 milhões naquele ano. E, em 2010, 61 milhões. Você vê um crescimento acentuado entre 2000 e 2005 e depois algo como um nivelamento. Será interessante ver os dados de 2015, no próximo ano, para saber o que está acontecendo.

Se você fala rapidamente, 60 milhões não parece muito, mas é a população da Itália, pouco menos de um terço da população do Brasil. É enorme, 20% da população total de crianças da China.

Olhando os números de outros países que enfrentam problemas semelhantes, como a Romênia, nada chega perto da China. Como situar esse problema no cenário mundial?

Se você começa a falar em números, na China, tudo fica enorme. A diferença em relação à Europa é que lá é migração internacional, pessoas que mudam do leste para o oeste do continente. Vemos tendências semelhantes nas migrações a partir da África e Oriente Médio, mas geralmente são crianças que viajam com os pais. Por outro lado, há países como as Filipinas, em que mulheres, especialmente, emigram. A estimativa é que, nas Filipinas, cerca de 9 milhões de crianças foram deixadas para trás, cerca de 27% do total de crianças. Na Tailândia, há migração do Norte para o Centro e o Sul do país. Cerca de 3 milhões de crianças, 21% do total. E, na Tailândia, muitas crianças também são deixadas com os avós, cerca de 90% delas.

No mês passado, a China viveu uma tragédia com quatro irmãos que viviam sozinhos em Guizhou e morreram. Que riscos que essas crianças deixadas correm?

Não há muita pesquisa na China, então é difícil dizer com o que essas crianças estão confrontadas. Mas sabemos, a partir de evidências internacionais, que há desafios e riscos. O primeiro e mais importante é não estar com os pais, que deveriam estar lá para ajudar no desenvolvimento da criança, oferecendo um ambiente seguro, mostrando seu amor e cuidado. Isso está faltando nos primeiros anos do desenvolvimento. Sabemos, por alguma pesquisa que o Unicef fez na Tailândia, que crianças de zero a 3 anos que foram deixadas para trás têm atrasos nas habilidades sociais e de comunicação. Também há riscos de deixar a escola, sofrer abuso, bullying e risco mais acentuado de tráfico.

E um desafio para os pais é a comunicação com os filhos que ficaram. Sobre o que conversam? Só sobre as notas da escola ou demonstram amor e carinho? Como os pais podem ser preparados para saber que é bom ligar de tempos em tempos para o filho, que é importante fazer o esforço de voltar para casa pelo menos uma vez por ano.

Quais são os motivos para essa situação na China? 

O que torna a China única é o sistema de “hukou”, com certeza. Se os pais se mudassem com as crianças, elas não teriam acesso aos serviços públicos oferecidos às outras crianças. Mas é mais complexo que isso. Também acontece que as cidades são caras de se viver. Trazer a criança com você não necessariamente leva a uma vida melhor.  E é preciso ver onde os pais são empregados. Se é na construção civil, podem viver na obra.

O governo está reformando o sistema de “hukou” e tentando permitir o acesso à escola, mas em certos casos ainda é preciso pagar, e os pais não têm o dinheiro. Em algumas cidades, o governo deu apoio financeiro. Mas, em cidades grandes como Pequim, seria extremamente caro se permitissem que todas essas crianças entrassem nas escolas públicas, onde a melhor educação é oferecida.

E a solução, então, está nessas reformas?

É parte da solução. No longo prazo, é preciso continuar a reforma do “hukou” e o investimento nas cidades secundárias [que permitiriam que os pais morassem saíssem do campo para cidades maiores, mas fora dos grandes centros e mais perto de casa, com a companhia das crianças]. Mas pode levar anos para acontecer. No meio tempo, você precisa de soluções para as crianças que foram deixadas para trás.

Precisamos ver que tipo de suporte pode ser dado no nível da comunidade. A China tem um relativamente bom sistema de assistência social. O desafio é que, muitas vezes, os pais desconhecem ou as crianças não estão registradas e, assim, não têm acesso. E, muitas vezes, o problema não é a pobreza, como nesse caso específico de Guizhou. Lá, as crianças tinham comida e dinheiro, porque o pai mandava.

Mais importante, e de forma que alcance crianças com outras vulnerabilidades, é que tipo de mecanismo você pode construir, na comunidade, para que as famílias que precisam de ajuda sejam identificadas.

Há algo assim na China?

Há alguns mecanismos em desenvolvimento, o Unicef apoia os “assistentes sociais descalços”, baseados no conceito dos “médicos descalços” [pessoas treinadas rapidamente, durante uma fase do governo de Mao Zedong, para oferecer tratamento básico de saúde]. Identificar uma pessoa na comunidade que possa fazer atividades de serviço social, como ver quem precisa de apoio financeiro, social e psicológico. Também apoiamos espaços amigos da criança, lugares na comunidade com profissionais que podem oferecer apoio e procurar por crianças que sofrem abuso ou negligência e crianças com deficiência que precisam de apoio.

Simultaneamente, a China está trabalhando num sistema de proteção à criança. Está progredindo, mas ainda em escala pequena. Esses serviços precisam estar lá, porque a comunidade é boa, mas há casos com os quais ela não pode lidar, porque não tem conhecimento ou autoridade.

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Para o brasileiro, a China não vai dominar o mundo http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/#respond Tue, 30 Jun 2015 15:00:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=426 Boa parte do mundo acredita que, no futuro, a China vai ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a principal potência do planeta.

Mas os brasileiros –juntos com os filipinos, japoneses e vietnamitas– não têm tanta certeza disso, segundo pesquisa de opinião do Pew Research Center, divulgada na semana passada.

Entre os que mais acreditam nessa troca de poder estão os próprios chineses (67%), seguidos pelos australianos e franceses (ambos 66%) e os espanhóis (60%).

“Todos os países europeus pesquisados acreditam que a China vai se tornar o maior poder mundial, variando de 66% na França a 46% na Polônia. Entre as regiões pesquisadas, os europeus são os mais convencidos de que os dias dos Estados Unidos como principal potência estão contados”, explica o instituto no estudo, em tradução livre.

Nesse tema, os norte-americanos estão bem divididos, com 46% acreditando que a China vai supera-los ou já o fez, e 48% dizendo que isso nunca vai acontecer.

A mediana de todos os países pesquisados foi de 48% que acreditam na mudança e 35% que rejeitam a ideia da troca. No Brasil, 56% não acreditam na alteração de poderes entre os EUA e a China, contra 34% que acreditam.

A pesquisa ouviu mais de 45 mil adultos em 40 países, entre 25 e 27 de maio. A percepção da China como nova potência integra uma pesquisa maior, a respeito da imagem global dos Estados Unidos e seu envolvimento em conflitos internacionais.

De forma geral, a China aparece como um país de que se tem uma visão positiva –uma mediana de 55% de visão favorável e 34% de desfavorável entre os países pesquisados, retirando-se a opinião dos chineses.

Os países com melhor percepção da China são Paquistão (82%), Gana (80%) e Rússia (79%).

“A China tem profundos vínculos econômicos com esses países e se tornou mais entrelaçada com a Rússia no último ano. Isso pode ajudar a explicar o aumento de 15 pontos percentuais de visões positivas da China na Rússia desde 2014”, diz o instituto em seu site.

E as visões mais negativas vêm do Japão (89%) –o que não surpreende–, Vietnã (74%) e Jordânia (64%). Brasil tem 55% de visão favorável, e os Estados Unidos têm 54% de visão desfavorável.

Apesar da percepção mais positiva que negativa da China, o mundo não está satisfeito com o respeito aos direitos individuais no país.

“Nos 39 países [a opinião dos chineses não consta], uma mediana de 45% diz que o governo chinês não respeita as liberdades individuais de seu povo, enquanto apenas 34% diz que respeita.”

Nesse quesito, as maiores rejeições vieram da França e do Japão (93% em ambos os países), e as maiores aprovações foram em Gana (69%) e Líbano (67%). No Brasil e nos Estados Unidos, a opinião geral é que a China não respeita essas liberdades, com percentuais de 62% e 84% respectivamente.

 

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Livro fala sobre a China e sua relação com o Brasil http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/28/livro-fala-sobre-a-china-e-sua-relacao-com-o-brasil/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/28/livro-fala-sobre-a-china-e-sua-relacao-com-o-brasil/#respond Tue, 28 Apr 2015 14:00:07 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=333 Nesta quarta-feira (29), vai ser lançado o livro “China made in Brasil”, que faz uma abordagem ampla sobre a relação entre o Brasil e a China, passando por aspectos como imigração, parcerias econômicas, o tamanho do famoso “made in China”, além de aspectos culturais e demográficos.

Escrito por duas colegas jornalistas, Cristiane Costa (hoje coordenadora do curso de jornalismo da UFRJ) e Cibele Reschke de Borba (repórter), o livro tem a cara de um livro-reportagem, com algumas pautas bem curiosas.

Por exemplo, a ida anual de brasileiros para Yiwu (na província de Zhejiang, no leste do país), com o objetivo de comprar fantasias para o nosso Carnaval. No livro, as autoras dizem que esse fluxo anual é de pelo menos 2 mil brasileiros.

Em uma conversa por e-mail, elas me contaram que, originalmente, o livro tinha como foco a imigração chinesa no Brasil –o livro diz que o primeiro registro oficial brasileiro de imigrantes chineses é de 1814–, mas foi expandido para reunir “passado, presente e futuro, com muita apuração, pesquisa iconográfica e valorizando personagens lá e cá, com histórias de vida e empresariais ligadas aos dois países e experiência na relação sino-brasileira, seja do ponto de vista pessoal ou profissional”.

De fato, elas traçam um grande panorama da China, com números e histórias que ajudam a entender melhor esse país tão distante e desconhecido para nós brasileiros.

“A China é muito mais ampla e fascinante do que a maioria dos brasileiros imagina. Vale a pena dedicar momentos de estudo para conhecer um pouco mais sobre ela. O livro mostra uma China mais complexa e ainda mais fascinante. O mais interessante é que, para esta edição, procuramos buscar personagens e histórias que unam os dois países, desde o chef brasileiro que abriu um restaurante em Pequim e luta para encontrar nosso feijão até um dos artistas plásticos mais valorizados da China que, pouca gente sabe, viveu incógnito no interior do Brasil e aqui deixou várias obras”, diz Cibele, que morou em Xangai por um tempo em 2010.

O livro tem patrocínio da empresa chinesa State Grid Brazil Holding, foi publicado pela Babilonia Cultura Editorial, numa edição bilingue (português-chinês), e custa R$ 80. Para quem tiver interesse, o lançamento é nesta quarta (29), no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa do Leblon, às 19h.

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O país dos que não têm irmãos http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/o-pais-dos-que-nao-tem-irmaos/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/o-pais-dos-que-nao-tem-irmaos/#respond Fri, 30 Jan 2015 11:55:53 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=175 “E você tem irmãos?” é uma pergunta que eu canso de fazer aos chineses jovens com quem converso, para logo em seguida pensar que a pergunta é indevida por conta da famosa política do filho único.

Também sempre me sobressalto quando vejo uma mãe chinesa puxando duas crianças.

Mas não é bem assim, e pensar que “os chineses” não têm irmãos é obviamente um erro (proposital, no caso do título deste post).

A política do filho único foi implementada, na China, em 1979. Naquele momento, o país era a casa de um quarto da população mundial, sendo que dois em cada três chineses tinham menos de 30 anos –e, assim, ainda teriam filhos.

Para complicar, a população tinha disponível 7% das terras cultiváveis do planeta, segundo informa o artigo “The effect of China’s one-child family policy after 25 years”, de 2005, de Therese Hesketh, Li Lu e Zhu Wei Xing.

Segundo os autores, de forma geral, a política de 1979 estabeleceu o limite de um filho por casal nas áreas urbanas e para funcionários do governo, com poucas exceções.

Quem vivia nas cidades, só poderia ter o segundo filho caso tanto o marido quanto a mulher fossem filhos únicos, algo pouco comum no país, no final do século passado. Outra exceção era para primeiros filho nascidos com alguma deficiência.

No campo, que, naquela época abrigava mais de 70% da população, a política era mais relaxada, permitindo um segundo filho caso o primeiro fosse uma menina e desde que houvesse um espaçamento de alguns anos entre um e outro. Minorias étnicas e pessoas que viviam em regiões despovoadas poderiam ter até um terceiro. Expliquei de forma geral, já que há variações locais na aplicação da política.

Quem descumpre essas regras está sujeito a multas pesadíssimas, impossíveis de serem pagas pela maioria dos chineses.

Entre 1979 e 2004, a China viu a taxa de filhos por mulher cair de 2.9 para 1.7, abaixo do índice para reposição populacional. E uma queda ainda mais sensível ocorreu, segundo os autores do artigo, nos primeiros anos da década de 70, quando uma primeira política de redução da natalidade foi aplicada, orientando as famílias a ter menos filhos, mais tarde e de forma mais espaçada.

Desde então, o governo calcula ter reduzido o número de nascimentos em 400 milhões –em uma população que passa, hoje, de 1,3 bilhão.

Em um texto publicado no ano passado, o professor de Harvard Martin King Whyte ressalva que a expansão econômica chinesa das últimas décadas, muito provavelmente, já teria o impacto de reduzir de forma importante as taxas de filhos por mulher.

“As relativamente baixas taxas de fertilidade, hoje, na China se devem menos à implementação forçada da política de filho único, e mais aos incentivos normais produzidos pelo aumento de renda e de nível educacional”, diz ele no texto.

Talvez seja desnecessário lembrar que a política do filho único é vista, por muitos, como uma aberração, causa de desequilíbrio entre o número de homens e mulheres, e desrespeito de direitos humanos por práticas associadas a ela –como abortos e esterilizações forçados, assassinato ou abandono de meninas recém-nascidas, etc.

Esse mês, foi noticiado que a flexibilização da política do filho único, feita pelo governo chinês em 2013, atraiu pouco interesse dos jovens casais chineses. Segundo a nova regra, podem ter o segundo filho casais em que a mulher ou o homem (e não mais ambos) é filho único.

Na avaliação do professor de Harvard, de qualquer forma, essa flexibilização teria pouco impacto demográfico, pois seriam poucos os casais elegíveis (já que, muitas vezes, tanto a mulher como o marido não têm irmãos) e não há mudanças para quem vive no campo. Assim, o grande avanço anunciado, continua, é político e simbólico.

Esse assunto tem inúmeras ramificações, sociais, econômicas, de comportamento. Não mencionei, por exemplo, a dor e o desamparo dos pais que perderam o filho único, ou a gigantesca pressão exercida pela família sobre o único filho (e único neto). Prometo voltar ao assunto.

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Doação de órgão por presos executados pode acabar na China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/17/doacao-de-orgao-por-presos-executados-pode-acabar-na-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/17/doacao-de-orgao-por-presos-executados-pode-acabar-na-china/#respond Sat, 17 Jan 2015 12:03:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=143 A notícia recente sobre o cumprimento da pena de morte para um brasileiro preso na Indonésia me fez lembrar de um assunto que apareceu na imprensa chinesa nas últimas semanas: o fim da doação de órgãos por prisioneiros executados na China.

O sistema chinês de transplantes é muito recente. Apenas em 2011, o país adotou uma rede nacional de informações sobre captação e distribuição de órgãos; até então, ficava a critério dos hospitais fazer essa ponte, o que não garantia a entrega do órgão a quem mais precisasse e abria brecha para a venda de órgãos e outras irregularidades.

Além de novo, o sistema ainda é fortemente sustentado pela polêmica doação de órgãos por prisioneiros executados –pela norma, desde que haja consentimento do preso ou da família. De acordo com a Xinhua, agência estatal de notícias, metade dos transplantes de rim realizados em 2009 no país (cerca de 6,7 mil) ocorreu com órgãos que vieram de presos executados.

Na conta geral, segundo um artigo publicado em The Lancet em 2011, quase 60% dos órgãos transplantados na China eram doados por pessoas executadas, o que fazia da China o único país a “usar sistematicamente órgãos de presos executados em transplantes”.

A prática encontrou forte resistência de médicos e grupos de defesa dos direitos humanos ao redor do mundo. O argumento contrário mais forte é o de que o sistema seria antiético, pois os presos poderiam ser coagidos a doar seus órgãos, e as execuções poderiam ser influenciadas pela necessidade das doações.

Em 2006, a Associação Médica Mundial emitiu uma nota criticando a prática na China. Mais ou menos nessa época, integrantes do governo chinês começaram a se pronunciar a favor de uma mudança no sistema, que deveria deixar de se basear na doação de presos executados e migrar para a doação voluntária da população, seguindo critérios objetivos de distribuição, tudo num futuro próximo.

Campanhas de conscientização das famílias de potenciais doadores e a implementação de um sistema nacional já teriam reduzido a participação de órgãos doados por pessoas executadas para cerca de 30% do total, segundo a Xinhua informou em agosto passado.

E um passo significativo estaria sendo dado agora, segundo matéria do China Daily de dezembro: a captação de órgãos passaria a ser baseada apenas em doações voluntárias a partir deste mês, o que deixaria no passado a dependência dos presos executados.

Atravessando o globo, esse sensível assunto também deu o que falar nos Estados Unidos. Em 2011, o New York Times publicou um artigo escrito por um preso condenado à morte pelo assassinato de quatro pessoas. No texto, o preso diz que queria doar seus órgãos após a sentença ser cumprida, faz uma defesa da causa e denuncia que estava sendo impedido pelas autoridades de realizar a doação desejada.

Nesse caso americano, me parece, fica um tanto prejudicado o argumento de que a doação seria antiética e contra a vontade do preso. Ainda assim, o caso gerou forte repercussão nos Estados Unidos.

Por aqui, com ou sem a doação dos presos executados, o governo chinês ainda tem um nó a desatar no sistema: as longas filas para transplantes. Cerca de 10 mil procedimentos são feitos por ano no país, enquanto a fila chega a 300 mil pessoas, diz a Xinhua. A saída parece ser a mesma perseguida por outros países, como o Brasil, com a garantia de confiabilidade do sistema nacional e a sensibilização de potenciais doadores.

 

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Menos dois pandas na diplomacia http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/10/menos-dois-pandas-na-diplomacia/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/10/menos-dois-pandas-na-diplomacia/#respond Sun, 11 Jan 2015 00:40:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=124 A China anda preocupada com um de seus animais preferidos, usado inclusive como instrumento de “soft power” na diplomacia: o panda.

Segundo a imprensa nacional, dois pandas morreram, no intervalo de menos de um mês, de cinomose canina (vírus que costuma ser comparado ao sarampo humano), em um mesmo centro de criação na província de Shaanxi.

Os dois pandas tinham 8 anos de idade –Cheng Cheng morreu em 9 de dezembro e Da Bao, no último domingo (4).

Como a taxa de mortalidade desse vírus nos pandas é muito alta e pelo menos dois outros animais apresentaram sintomas da doença, o país colocou 30 experts para cuidar dos bichos e anunciou recursos para evitar que o vírus se espalhe –outros 18 pandas do centro foram dispersados e isolados, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.

Centros como esse em questão têm sido usados pelo governo como um esforço para aumentar o número de pandas, por meio de técnicas de reprodução artificial e cuidados específicos com os filhotes. De acordo com o órgão nacional responsável por assuntos florestais, o número de pandas mantidos em centros chegava a 328 em novembro passado –e estima-se que, na natureza, o número de pandas esteja em torno de 1.600.

Segundo a WWF (cujo símbolo é o panda), hoje os pandas só são encontrados na China, mas, no passado, também existiam nos vizinhos Myanmar e Vietnã.

Em seu site, o órgão de florestas chinês informa que, além dos pandas nascidos na China continental, há animais cedidos a Hong Kong, Macau e Taiwan. E, ainda, a países como Estados Unidos, Japão, Austrália e Espanha, “como empréstimo para funções diplomáticas, amizade e pesquisa”.

O embaixador chinês nos Estados Unidos, Cui Tiankai, chegou a brincar, em um artigo publicado em 2013, que, na verdade, eram dois os embaixadores da China em Washington: ele e o simpático filhote Bao Bao. 

Entre 1957 e 1983, 24 pandas foram oferecidos pela China a outros países como “embaixadores da boa vontade”, segundo o artigo “Diplomats and refugees: panda diplomacy, soft ‘cuddly’ power, and the new trajectory in panda conservation” (Kathleen Carmel Buckingham, Jonathan Neil William David e Paul Jepson).

No texto, publicado em 2013, os autores contam que o termo “diplomacia do panda” foi cunhado durante a Guerra Fria, época em que Mao Zedong começou a distribuir os pandas em busca de amizades estratégicas –em 1965 para a URSS e Coréia do Norte, 1972 para os Estados Unidos e 1974 para o Reino Unido.

É o que eles chamam de “primeira fase” da diplomacia do panda nos tempos modernos –a prática já era usada desde as dinastias chinesas.

Na fase fase seguinte, a oferta dos pandas migrou de interesses geopolíticos para financeiros, com foco nas cidades estratégicas para produtos chineses. Os autores relatam que, entre 1984 e 1987, pandas foram alugados a oito zoológicos por US$ 50 mil mensais por animal.

O artigo indica o surgimento de uma terceira fase nos últimos anos, em que os pandas são negociados com países que oferecem à China recursos naturais e tecnologias valiosos, como urânio e salmão.

“Esses presentes-empréstimos podem ser entendidos como uma expressão de ‘guanxi’ em acordos bilaterais envolvendo a China. ‘Guanxi’ descreve redes personalizadas de influência e um aprofundamento de relação em que os membros avançam para um círculo íntimo, caracterizado por confiança, reciprocidade, lealdade e longevidade. De uma perspectiva chinesa, dividir o cuidado de um animal tão precioso reforça esses laços. Em resumo, empréstimos de pandas não são simplesmente parte de um negócio mais amplo; eles representam um ‘selo’ de aprovação”, diz um trecho do artigo, em tradução minha.

Para o bem dos simpáticos pandas (e, pelo visto, da diplomacia chinesa), é bom torcer para que os casos desse vírus não se transformem em uma epidemia.

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Aulas boas e de graça sobre a China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/02/aulas-boas-e-de-graca-sobre-a-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/02/aulas-boas-e-de-graca-sobre-a-china/#respond Fri, 02 Jan 2015 10:17:05 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=104 Na busca por tentar entender melhor a China, me deparei com um curso muito bom ministrado por dois professores vinculados à Harvard, Peter Bol e William Kirby.

O curso é gratuito, em inglês e está dividido em 12 módulos, compostos por dezenas de vídeos curtos sobre os assuntos tratados.

As aulas começaram no início do ano passado, mas os mini-cursos podem ser assistidos a qualquer momento. Aproveito para compartilhar agora essas informações, porque o décimo módulo vai ter início na próxima quinta-feira (8).

As primeiras aulas do curso se dedicam a explicar a formação geográfica, cultural e política da China, falando sobre a origem das dinastias e as primeiras formas de registro histórico. E os últimos três módulos já ministrados abordam a China moderna, com a chegada dos comunistas ao poder.

O curso é uma forma dinâmica de absorver informações tão diversas sobre esse país ainda desconhecido de nós, brasileiros.

Aproveito esse post para compartilhar uma imagem que mostra o que parte dos chineses da capital fez em sua sexta-feira de folga (hoje, dia 2). E que revela, também, como anda a temperatura em Pequim.

Na região de Houhai, em Pequim, o lago virou pista de patinação no inverno (2 jan./ Johanna Nublat)
Na região de Houhai, em Pequim, o lago virou pista de patinação no inverno (2 jan./ Johanna Nublat)
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