China in TownSem categoria – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como agem os ricos chineses http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/09/como-agem-os-ricos-chineses/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/09/como-agem-os-ricos-chineses/#respond Fri, 09 Oct 2015 12:00:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=499 Em meio ao atual cenário econômico chinês, sobre o qual há poucas certezas, dois veículos estrangeiros publicaram nos últimos dias reportagens detalhadas sobre o impressionante mundo da riqueza na China.

A agência “Bloomberg” contou a história da chamada “segunda geração de ricos”, jovens que se apoiam no dinheiro dos pais para viver –construindo seus próprios negócios ou simplesmente gastando como se não houvesse amanhã.

Um dos casos contados na matéria é o de um motorista do Uber, em Pequim, que busca seus clientes em uma Maserati azul. O garoto não faz o trabalho pelo dinheiro, claro, mas pela possibilidade de conhecer mulheres e por ter poucos amigos.

Apesar das noitadas regadas pelas bebidas mais caras deste lado do mundo, esses super ricos não estão felizes, diz o texto. Eles herdaram de seus pais a frieza de quem viveu a terrível “Revolução Cultural” chinesa (1966-1976), têm problemas em ganhar seu próprio dinheiro e de relacionamento, segundo a reportagem.

Para entender o cenário em que esses jovens estão inseridos, é interessante ler um recente texto da revista “New Yorker”, que fala sobre o crescimento do serviço de mordomos profissionais no país.

Mesmo com as tensões na economia e a redução de gastos supérfluos no país (como as adoradas bolsas de grife), a procura e a oferta de mordomos não parece ter sido afetada, e há novas escolas para formar esses profissionais.

“O compromisso da profissão com a privacidade torna difícil estimar o número de mordomos profissionais, mas todos os funcionários de agências com quem conversei concordam que a China é, hoje, o mercado para seus serviços que mais cresce no mundo”, diz um trecho da matéria da revista norte-americana.

Uma característica dessa riqueza, sublinhada pela reportagem, é o fato de ela funcionar frequentemente como instrumento para esnobar. Um dos entrevistados pela “New Yorker” diz que, no começo desse bom do setor, “ter um mordomo era como ter uma Ferrari”, um na sala à toa e um estacionado na garagem.

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As várias versões do presidente chinês http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/28/as-varias-versoes-do-presidente-chines/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/28/as-varias-versoes-do-presidente-chines/#respond Mon, 28 Sep 2015 13:30:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=496 Quem é o poderoso presidente Xi Jinping, que comanda firmemente a China desde 2013?

Podemos achar duas respostas distintas em dois vídeos curtos, feitos para “apresentar” o líder chinês por ocasião da visita como chefe de Estado feita a Washington, nos últimos dias.

O primeiro e mais curioso foi publicado pelo veículo oficial chinês “People’s Daily”. No vídeo, em inglês, o “tio Xi” é apresentado por estudantes estrangeiros como um líder carismático e um presidente desejado até por outras nações.

Por meio do segundo vídeo, da equipe de correspondentes do “New York Times”, é possível entender esse propagandeado carisma do líder chinês, e perceber o contexto de subida ao poder de Xi.

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O que fazer com as “mulheres de conforto” http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/05/o-que-fazer-com-as-mulheres-de-conforto/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/05/o-que-fazer-com-as-mulheres-de-conforto/#respond Sat, 05 Sep 2015 17:23:17 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=487 Na quinta-feira (3), Pequim sediou a esperada parada militar para festejar os 70 anos da vitória na guerra “de resistência do povo chinês contra a agressão japonesa e guerra mundial antifascista”.

Antes e depois desse dia, analistas apontaram muitos simbolismos na festa, e muitos recados enviados pela China aos chineses e ao resto do mundo. De forma geral, foi uma demonstração de forças e a tentativa de não esquecer o passado.

Um dos pontos negros desse passado —e motivo de tensão entre o Japão e seus vizinhos— são as “mulheres de conforto”, como ficaram conhecidas as mulheres asiáticas recrutadas ou sequestradas para trabalharem em bordéis frequentado pelos militares japoneses durante as guerras e invasões.

Estima-se que 200 mil mulheres tenham sofrido essa violência em países como China e Coreia do Sul, muitas delas ainda na adolescência. Boa parte não sobreviveu, e quem sobreviveu amarga as lembranças e espera reparações do Japão. Algumas ações judiciais já foram tentadas, mas sem sucesso.

Segundo o jornal “Japan Times”, um homem ateou fogo em si mesmo esse mês, em frente à embaixada japonesa em Seul, para reclamar desculpas do país pela exploração sexual das mulheres.

Esse drama que dezenas de senhoras ainda arrastam, já nos seus oitenta e tantos anos de vida, acaba esbarrando em tensões políticas e nos acordos pós-guerra assinados pelos países envolvidos.

Em uma reportagem publicada em março, o “Financial Times” ouviu especialistas que falam sobre a política da China de “não apoiar, não desencorajar“.

Depois de muito esforço da parte de ativistas para tentar dar uma vida melhor às sobreviventes e tentar algum tipo de reparação ou desculpas, é possível que essas mulheres morram sem ver avanços. Cada histórias pessoal é um soco no estômago, como pode ser lido e visto em outra matéria recente, dessa vez da agência “Reuters”.

 

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Caio do Brasil, ele é bom ou não é? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/23/caio-do-brasil-ele-e-bom-ou-nao-e/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/23/caio-do-brasil-ele-e-bom-ou-nao-e/#respond Sun, 23 Aug 2015 10:00:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=482 O domingo (24) começou bem para o Brasil no Mundial de atletismo de Pequim.

Caio Bonfim, 24, chegou em 6º lugar na prova de 20km da marcha atlética, alcançando o melhor resultado que o país já obteve em mundiais –em 1993, Sergio Galdino também chegou em 6º no Mundial de Stuttgart.

O atleta disse ter ficado contente com o resultado (1:20:44, seu melhor tempo esse ano), mesmo querendo mais.

“Na verdade eu queria o quinto [lugar], mas infelizmente entrei no estádio junto com um atleta chinês, cheguei à frente dele, mas o estádio [Ninho de Pássaro] estava lotado, todo mundo gritando, ele forçou, o árbitro ficou de olho, fiquei com medo de estragar um bom resultado por uma posição. Mas a sexta colocação é fantástica, é a melhor colocação do Brasil”, disse.

O atleta conta que, depois de ter sido desqualificado no Mundial de 2013, em Moscou, focou em disputar provas na Europa para entender melhor os critérios usados pela arbitragem da marcha, que, segundo ele, tem bastante influência europeia.

“Fizemos isso em 2014. Mas achamos que ainda não estava bom, deixamos dúvidas. ‘Apareceu um menino, esse Caio do Brasil, ele é bom ou não é?’. Resolvemos voltar [à Europa] em 2015, para melhorar a marcha, e finalizar a dúvida. Os árbitros diziam que estava melhor, isso nos deu confiança para chegar ao Mundial. Como é subjetivo, tenho que saber o que eles querem. Quadril? Melhora o quadril. Braço? Melhora o braço.”

Em Pequim, Caio está acompanhado do pai, João Sena, e da mãe, Gianetti Sena, seus treinadores.

“Eu fui atleta muitos anos, mas não tem nada mais gratificante que ver seu filho melhor que você”, disse Gianetti. “Fiar entre os seis primeiros significa que a medalha poderia ser para qualquer um. Está reservado o Rio de Janeiro [nas Olimpíadas] para nós.”

Na outra ponta da torcida, no Brasil, o irmão de Caio reforça as expectativas para 2016. “O Caio está no seu melhor ano e na sua melhor forma. Esse resultado credencia ele para uma medalha nas Olimpíadas”, disse Evam Sena.

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Mundial de Pequim: céu de brigadeiro não ajudou brasileiros http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/22/mundial-de-pequim-ceu-de-brigadeiro-nao-ajudou-brasileiros/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/22/mundial-de-pequim-ceu-de-brigadeiro-nao-ajudou-brasileiros/#respond Sat, 22 Aug 2015 14:15:45 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=478 O Mundial de atletismo de Pequim começou, neste sábado (22), com um incrível céu azul e baixos níveis de poluição.

Durante nove dias, 1.936 atletas representando 207 países vão competir no estádio Ninho de Pássaro, na capital chinesa. Da parte do Brasil, são 58 atletas inscritos.

Para os brasileiros, o primeiro dia de competição não foi excelente. Os melhores resultados foram no salto triplo e no salto com vara. Keila Costa se classificou no salto triplo e vai disputar a final na segunda (24). Na mesma prova, não se classificou Núbia Soares.

Já Augusto de Oliveira se classificou no salto com vara e também disputa a final na segunda. Fábio da Silva e Thiago da Silva não conseguiram o mesmo resultado.

Dos três atletas brasileiros que competiram a maratona, a primeira prova da manhã, só Solonei da Silva cruzou a linha de chegada –18º colocado, com o tempo de 2:19:20.

“O tempo do terceiro colocado [Munyo Mutai, de Uganda, 2:13:30] com certeza daria para vencer. Fui vencido pelo fator climático”, disse Silva ao final da prova, citando calor e baixa umidade. “E esse clima vai ser o que a gente vai enfrentar no Rio [em 2016].”

Os outros dois maratonistas brasileiros, Gilberto Lopes e Edmilson Santana, não passaram dos 20 km da prova –outros 24 atletas também não completaram a prova.

As duas brasileiras do arremesso de peso não se classificaram para a etapa seguinte nem bateram seus melhores resultados (pessoal ou da temporada). Geisa Arcanjo ficou na 15ª colocação geral, e Keely Medeiros na 24ª (última).

Wagner Domingos, no lançamento do martelo, também não se classificou –ficou em 22º lugar entre 30 atletas.

Nas eliminatórias da prova de 800 metros, Cleiton Abrão terminou em 42º lugar, entre 44 competidores. “Não saiu o que tinha que sair, não saiu o que eu queria, nem próximo”, disse o atleta ao final da prova. Para Abrão, possivelmente a estratégia escolhida para a prova não foi adequada; e, continua, pesou o fato de ter ficado seis meses parado, em 2015, por uma lesão.

Somando os pontos das quatro provas do heptatlo disputadas neste sábado (100 metros com barreira, salto em altura, arremesso de peso e 200 metros), Vanessa Spínola ficou em 27ª colocação entre 33 competidoras que pontuaram. Amanhã, Spínola disputa as três outras provas (salto em distância, lançamento do dardo e os 800 metros).

SEM POLUIÇÃO, CEU AZUL

 

Durante toda a manhã e até o meio da tarde, a qualidade do ar foi considerada “boa” pela medição feita pela embaixada dos Estados Unidos em Pequim. Às 17h, a qualidade mudou para “moderada”, com maior concentração de partículas finas no ar, mas nada comparado com os piores dias de poluição na capital chinesa.

Maratonistas em frente à entrada da Cidade Proibida, na primeira prova do Mundial de Pequim (22 de agosto de 2015/ Christian Petersen, Getty Images for IAAF)
Maratonistas em frente à entrada da Cidade Proibida, na primeira prova do Mundial de Pequim (22 de agosto de 2015/ Christian Petersen, Getty Images para IAAF)

Solonei da Silva, nosso maratonista, afirmou que, apesar de tantas reclamações, a poluição pesou menos que o calor e a baixa umidade. “Desde que cheguei [a Pequim], em termos de poluição, está tranquilo. Temperatura é muito pior que poluição. É muito psicológico.”

Mas, para garantir o belo céu azul que estampou as imagens da maratona na TV, o governo chinês teve que fechar fábricas e proibir a circulação de parte dos carros na capital e em cidades nos arredores. O esforço não é apenas para o Mundial de atletismo mas também para a parada militar do dia 3 de setembro, como celebração ao fim da 2ª Guerra Mundial.

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O que os chineses querem saber dos Jogos Rio-2016 http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/04/o-que-os-chineses-querem-saber-dos-jogos-rio-2016/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/04/o-que-os-chineses-querem-saber-dos-jogos-rio-2016/#respond Tue, 04 Aug 2015 13:12:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=468 Quais são os interesses, as dúvidas e as angústias que o lado de cá do mundo tem a respeito das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro?

Segurança, tamanho da rede hoteleira, rapidez na emissão de vistos, entrega das estruturas dos jogos no prazo acertado e a qualidade da água para realização dos esportes aquáticos.

De forma geral, essas foram as perguntas feitas pela imprensa chinesa na coletiva organizada pela embaixada do Brasil em Pequim, nesta terça-feira (4), para marcar o “countdown” de um ano para o início dos Jogos Rio-2016.

Segundo a embaixada, outros postos do Brasil no exterior terão eventos semelhantes nos próximos dois dias, para dar visibilidade à data e responder a algumas dúvidas.

Depois de uma apresentação que abarcou os custos do evento, o legado para o Rio de Janeiro, o quanto cada obra andou até aqui, entre outros tópicos, os jornalistas chineses puderam fazer suas perguntas (e, por elas, mostrar as dúvidas e preocupações dos chineses sobre o assunto).

Resumidamente, as perguntas foram:

  1. Que medidas de segurança serão adotadas no Rio de Janeiro?
  2. Como será solucionada a demanda por hotéis frente à oferta?
  3. As estruturas dos jogos estarão prontas a tempo? Os testes serão feitos sem atrapalhar a finalização das obras?
  4. A emissão de vistos para o Brasil será acelerada?
  5. Os grandes jogadores de futebol brasileiros não estão empenhados na divulgação das Olimpíadas?
  6. Para muitos chineses, será a primeira visita ao Brasil. Dicas?
  7. Os presidentes de outros países serão convidados para a cerimônia de abertura?
  8. Os chineses podem comprar os produtos das Olimpíadas de maneira online?

Após a coletiva, os representantes da embaixada também foram questionados pela imprensa chinesa a respeito da qualidade da água dos locais onde serão realizados os esportes aquáticos.

De forma geral, a representação brasileira respondeu que um efetivo extra de 85 mil homens será empregado na segurança do evento, cerca de 37 mil novos quartos estarão disponíveis na cidade do Rio, as estruturas estarão prontas a tempo, os procedimentos para vistos serão acelerado e as embaixadas terão reforço para facilitar a emissão, e que a qualidade da água é considerada adequada pelas autoridades competentes.

Ainda uma pergunta sobre o eventual impacto nos Jogos Rio-2016 dos escândalos de corrupção e da queda da economia brasileira foi feita por um jornalista português.

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Olimpíadas x Direitos humanos: quem leva? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/30/olimpiadas-x-direitos-humanos-quem-leva/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/30/olimpiadas-x-direitos-humanos-quem-leva/#respond Thu, 30 Jul 2015 13:00:43 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=463 A eleição da cidade-sede das Olimpíadas de Inverno de 2022 será nesta sexta-feira (31), na Malásia. A disputa está entre Pequim e Almaty (no Cazaquistão).

Nos últimos meses, a imprensa chinesa não cansou de propagandear os planos, os investimentos e as promessas para os eventuais jogos de 2022.

Promessas até inusitadas: o céu da capital, geralmente nublado de poluição, estará azul. “Pequim promete ar de melhor qualidade e suficiente neve para as Olimpíadas de Inverno de 2022”, dizia o título de uma matéria da agência estatal de notícias Xinhua na última terça (28).

Apesar de parecer baseada em mágica, a promessa do céu azul não é assim tão intangível. Quando Pequim recebeu a reunião da Apec (grupo para cooperação econômica dos países da Ásia e do Pacífico), em novembro passado, teve uma semana de límpido céu azul –conseguido ao custo de fábricas fechadas e parte dos carros proibida de circular. A beleza do céu gerou a popular hashtag #apecblue.

Mas, dessa vez, há quem esteja mais preocupado com outras questões. Em seu site, a organização HRW (Human Rights Watch) questionou o nível de respeito aos direitos humanos nos países que participam da competição.

“Autoridades da China e do Cazaquistão são abertamente hostis à imprensa e a ativistas que criticam o governo, e falham na proteção da liberdade de expressão, reunião, associação e outros direitos humanos básicos. Discriminação e violações trabalhistas, e a falha governamental de combate-las são preocupações sérias. Nenhum dos dois países oferece mecanismos judiciais eficazes e independentes para pessoas que buscam proteção contra abusos”, diz a HRW em seu site.

Além disso, lembra a entidade, o COI (Comitê Olímpico Internacional) estabeleceu, no fim do ano passado, com a Agenda 2020, novas recomendações para garantir o cumprimento do respeito a liberdades individuais e trabalhistas.

Em um relatório de avaliação das duas candidaturas publicado em junho desse ano, o COI afirma ter considerado opiniões independentes a respeito de “proteção do meio ambiente, tratamento de presos, liberdade de imprensa, acesso à internet, direito de manifestação e integridade dos sistemas judicial e eleitoral” relacionadas a Pequim e Almaty. E, segundo o documento, levou essas questões às duas potenciais cidades-sede, tendo recebido resposta de que as regras das Olimpíadas seriam devidamente cumpridas.

 

Para a HRW, no entanto, essa promessa não é suficiente. Entre as soluções propostas pela entidade está a formação de um grupo de monitores independentes que avaliaria as medidas adotadas pela cidade-sede para garantia efetiva da proteção dos direitos humanos.

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Apaga o cigarro? Xiexie! http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/14/apaga-o-cigarro-xiexie/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/14/apaga-o-cigarro-xiexie/#respond Thu, 14 May 2015 14:00:22 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=362 Como pedir, educadamente, para o chinês apagar o cigarro que te incomoda em um espaço público fechado?

Em Pequim, pelo menos, pode não ser tão complicado quanto parece. A ideia, lançada em uma rede social no mês passado, é que simples gestos bastem: uma palma estendida (“não”), um “T” com as duas mãos (“pare”) ou uma mão encostada no nariz (“eu me importo”).

Um dos gestos antitabagistas lançados na rede social Wechat pela associação de controle do tabaco em Pequim
Um dos gestos antitabagistas lançados na rede social Wechat pela associação de controle do tabaco em Pequim (WeChat/maio)

Os gestos foram lançados pela associação que trabalha com o controle do tabaco em Pequim, semanas antes de entrar em vigor uma regra de ambientes livres do tabaco na cidade. A partir de 1˚ de junho, passa a ser proibido fumar em locais públicos fechados na capital e em alguns lugares abertos, como escolas e hospitais para crianças e mulheres.

Em Pequim, muita gente duvida que a “lei vai pegar”, considerando a alta taxa de fumantes no país. Em outro post, eu disse que estima-se que 28,1% dos chineses com 15 anos ou mais fumam, índice bem maior entre os homens (52,9%) do que entre as mulheres (2,4%).

Na rede, a associação argumenta que, frente à alta taxa de tabagismo e ao número pequeno de fiscais, caberá à população dar uma mãozinha e reclamar com o fumante que descumpre a regra.

Em uma votação, essa primeira imagem que apresentei, a do “não”, ganhou. A outras duas imagens propostas são as seguintes:

Segunda imagem proposta para pedir, educadamente, que o fumante apague o cigarro
Segunda imagem proposta para pedir, educadamente, que o fumante apague o cigarro (WeChat/maio)
Terceira imagem proposta mostra mulher fazendo "T" com a mão
Terceira imagem proposta (WeChat/maio)

A associação diz que as imagens transmitem a mensagem de forma fácil, clara e educada. Resta saber qual vai ser a reação das pessoas que insistirem em fumar nos locais agora proibidos.

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Não basta lei contra violência doméstica http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/14/nao-basta-lei-contra-violencia-domestica/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/14/nao-basta-lei-contra-violencia-domestica/#respond Sun, 14 Dec 2014 11:59:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=50 Volto ao tema da violência doméstica com uma conversa com Julie Broussard, gente de programas da ONU Mulheres China. Falamos sobre a proposta de lei apresentada pelo governo chinês no final do mês passado.

Broussard diz que diversas instituições se engajaram por mais de uma década em favor de uma proposta como essa. Avalia que o texto tem pontos positivos, e algumas questões que ainda devem ser corrigidas. E, por fim, que não basta ter uma lei: é preciso engajamento político para garantir investimento e treinamento.

 

Quais são hoje os principais problemas, na China, relacionados à violência doméstica?

Geralmente, o sistema –a polícia, o setor de saúde, de Justiça, o departamento que cuida de assuntos civis– não responde adequadamente quando a vítima registra uma denúncia de violência doméstica. Com frequência, as vítimas ouvem “ah, isso é um problema de família e nós não nos envolvemos em disputas de família”. As denúncias, muitas vezes, não são levadas em consideração de forma suficientemente sérias.

Mesmo em cidades como Pequim e Xangai?

Em todos os lugares. Acontece em toda a China, nas cidades e no interior. Não há resposta adequada de forma suficiente. Temos alguns projetos-piloto em algumas províncias da China em que oferecemos treinamento à polícia, ao setor de saúde, etc. Vemos bastante melhoria quando a polícia e os profissionais de saúde são adequadamente treinados, quando todo o sistema compreende que a violência doméstica é um crime em si e trabalha junto para abordar a situação de forma mais adequada. Mas há um longo caminho a ser percorrido. Os nossos pilotos, os de outras agências da ONU e instituições na China são só um pingo. Sentimos que a lei é necessária, porque, apesar de a violência doméstica já ser um crime na China, ela não é bem definida. É apenas mencionada no contexto da lei do casamento, que não define o que é [a violência doméstica] e, mais importante, não define a implementação da resposta do governo. A proposta [apresentada em novembro] é uma tentativa de fazer isso, de dizer o que é a violência doméstica, como ela deve ser tratada e quais são as responsabilidades de cada setor. A proposta também precisa abordar a prevenção, para que a violência não aconteça. Culturalmente, na China, há um grande estigma em ser vítima de violência doméstica, muitas pessoas são extremamente relutantes em aparecer e admitir que são vítimas. E é muito frustrante receber uma resposta inadequada do setor que deveria ajudá-las quando, finalmente, resolvem dizer que são vítimas.

A Sra. diria que, com relação à violência doméstica, há alguma particularidade na China em comparação com outros países?

As estatísticas que temos mostram que a China está mais ou menos no mesmo patamar que outros países em termos de prevalência de violência doméstica. Em 2010, uma pesquisa ampla identificou 24,7% de prevalência. Ou seja, um quarto já experimentou pelo menos um incidente de violência doméstica. Algumas agências da ONU fizeram estudos de pequeno alcance em algumas localidades e encontramos prevalência entre 30% e 40%. Quando eu compartilho essa informação com o público chinês, a maior parte não acredita em uma taxa tão alta, nós acreditamos que é. Acho que é uma percepção, porque há tanto silêncio no país sobre o tema, as pessoas acham que é um problema do campo e que na cidade não há. Mas acontece nas cidades e em diferentes classes sociais. E é como em outros países do mundo, França e Estados Unidos também têm taxas de prevalência ao redor de 25%.

Essa proposta chinesa não foca apenas nas mulheres vítimas de violência, certo?

É direcionada à violência que ocorre entre membros da família, em que mulheres, crianças, idosos e deficientes são o grupo predominante. Vai além da maior parte das leis de violência doméstica de outros países, que focam principalmente na violência sofrida pelas mulheres.

Quais são os pontos mais importantes da lei na sua avaliação?

Um dos artigos diz que a pessoa que pede proteção pode mandar que o agressor deixe a sua casa. Não esperávamos por isso, é um avanço muito bom. Especialistas que participaram de uma mesa redonda [internacional na China] em abril questionaram a opção de colocar a mulher e as crianças num abrigo, defendendo que pudessem ficar em casa. É um dos melhores aspectos da lei. Um ponto problemático nessa área, no entanto, é que a vítima deve entrar na Justiça e a medida protetiva deve estar no contexto de uma ação, por exemplo um pedido de divórcio, pensão, herança, guarda, adoção. Para nós, é relativamente problemático, porque a experiência internacional mostra que não necessariamente a vítima quer ir até esse ponto, de pedir um divórcio para ganhar uma medida protetiva. Se ela não entra com a ação em 30 dias de quando recebe a medida protetiva, então a Justiça revoga a medida protetiva. Acreditamos que a vítima deve ter acesso à medida independentemente de uma ação.

Algum ponto relevante ficou de fora dessa proposta apresentada pelo governo? 

Ainda estamos formulando nossas recomendações sobre o que é inadequado ou está faltando. A proposta restringe o alcance das medidas para membros da família, então inclui violência contra cônjuges, crianças e outros parentes próximos que vivem juntos. Não é suficientemente ampla, porque sabemos que a violência acontece fora da família em relações íntimas, pode acontecer em namoros entre adolescentes e jovens adultos, e entre ex-cônjuges. E também pode ocorrer entre parceiros do mesmo sexo. Vamos defender uma definição mais ampla.

Quanto tempo levou para essa proposta aparecer? Imagino que tenha havido alguma pressão social.

Diferentes instituições, internacionais e nacionais, se engajaram no tema por 12 anos. Estamos muito felizes que o governo chinês chegou a esse ponto.

Desde 2006 temos no Brasil uma lei semelhante a essa, muito famosa. Mas ainda temos problemas para aplica-la corretamente. A Sra. acredita que a China também pode ter problemas após a lei entrar em vigor?

É uma barreira em todo país, não é suficiente fazer uma lei. Para aplica-la bem todos os setores relacionados precisam ser bem treinados: a polícia, a Justiça, os profissionais de saúde. E tudo isso requer financiamento para ser feito corretamente. Em todo país há uma curva de aprendizado. A lei é aprovada, ela geralmente é muito bem formulada, entra em implementação e geralmente é um desafio, a não ser que haja engajamento político com treinamento e financiamento.

 

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