China in TownTurismo – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Diário de viagem – o caviar chinês http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/12/diario-de-viagem-o-caviar-chines/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/12/diario-de-viagem-o-caviar-chines/#respond Sat, 12 Dec 2015 12:00:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=554 A terceira parte da viagem pela China em busca dos ingredientes mais desejados da culinária internacional me levou ao lago Qiandao, cerca de duas horas e meia de carro de Hangzhou (Leste chinês).

No meio do “lago das mil ilhas”, envolto pela natureza mais exuberante que já vi na China, a empresa Kaluga Queen cultiva esturjões para a produção de caviar.

Esturjão cultivado em uma fazenda no lago Qiandao
Fazenda de esturjões no lago Qiandao, Leste da China (Edmond Ho/ divulgação)

Nessa fazenda, a Kaluga tem 5 mil toneladas de peixes, de diferentes espécies, com idades entre seis meses e 11 anos. Os peixes são levados ainda vivos para a região de Quzhou, onde fica a fábrica que processa e empacota o caviar. O processo de abrir a barriga do peixe para retirar as ovas, fazer a limpeza, adicionar sal e acomodá-las na embalagem leva 15 minutos.

A Kaluga começou a colocar o produto no mercado em 2006. Hoje detém 80% da produção de caviar da China, oferecendo cerca de 45 toneladas por ano de diferentes variedades. Metade da produção é de um caviar que chamam de híbrido (do cruzamento dos esturjões kaluga e amur) e que, segundo a empresa, vem de um peixe que só é cultivado na China.

Apesar da forte produção nacional, somente 5% do caviar Kaluga fica no mercado doméstico. Pode ser encontrado, por exemplo, no restaurante Opera Bombana, em Pequim, do premiado chef italiano Umberto Bombana. Ainda na capital chinesa, o caviar da Kaluga está no menu do restaurante Dadong, de uma rede famosa por servir o tradicional pato de Pequim. O hotel cinco estrelas Peninsula Shanghai também serve as ovas nacionais.

Terrence Crandall, chef executivo dos restaurantes do Peninsula, diz que optou pelo caviar chinês desde a abertura do hotel, em 2009. “No início, eu queria o caviar iraniano. Mas estava lidando com um fornecedor suíço, que também exporta o Kaluga. Testamos o caviar nacional e ele era muito bom.”

No jantar de abertura do Peninsula, foram servidos 75 kg de caviar. Nenhum tipo de caviar vendido pela Kaluga sai por menos de R$ 3.800 o quilo, sendo que o mais caro (o beluga) custa mais de US$ 25 mil o quilo.

Han Lei, vice-presidente para o mercado internacional da Kaluga, conta que teve que superar o preconceito que ronda todos os produtos chineses. “No começo, as pessoas não acreditavam que a China poderia produzir bom caviar. A Lufthansa, por exemplo, fez um teste às cegas e duas variedades do nosso caviar ganharam primeiro e segundo lugares. Aí eles começaram um negócio conosco.”

Crandall, o chef, me disse que o público chinês tem dado mais valor aos produtos nacionais por perceber que podem ter boa qualidade. E que o chinês gosta de ver itens de luxo na mesa, assim como gosta de grandes marcas de carros e roupas. “Trufas e caviar não eram consumidos na China. Como Ferrari e outras marcas, eles gostam de ver isso no menu.”

Essa viagem que me levou a três pontos do país em busca do caviar, trufas e vinho nacionais foi um convite do hotel Península Shanghai, que também me cedeu as fotos do fotógrafo Edmond Ho, do estúdio Jambu, de Cingapura.

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Diário de viagem – o novo vinho chinês http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/30/diario-de-viagem-o-novo-vinho-chines/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/30/diario-de-viagem-o-novo-vinho-chines/#respond Mon, 30 Nov 2015 12:00:37 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=542 No início de novembro, eu embarquei em uma inusitada viagem por três regiões da China, em busca de alguns ingredientes de destaque na gastronomia internacional: a trufa, o vinho e o caviar. No caso, todos “made in China”.

Num post anterior, falei sobre a primeira perna dessa aventura, a ida à província de Yunnan, em busca das trufas. O relato completo foi publicado pela Folha, na semana passada.

Nosso destino seguinte era o Norte do país, na região autônoma de Ningxia, de onde andam saindo os vinhos mais premiados da China –vieram dessa região 36 das 43 medalhas concedidas à China no prêmio Decanter Asia Wine Awards 2015.

Com a proximidade do inverno, os vinhedos temporariamente são enterrados no Norte da China
Com a proximidade do inverno, as videiras são temporariamente enterradas no Norte da China (Edmond Ho/ divulgação)

Deixamos a agradável Kunming (capital de Yunnan), no sudoeste chinês, para chegar numa fria e nublada Yinchuan (capital de Ningxia). A temperatura no Norte cai tanto durante o inverno, que as videiras precisam ser enterradas até que as temperaturas voltem a subir na primavera.

Yinchuan é uma cidade de avenidas largas, prédios novos imponentes e alguns bons hotéis. Um dos planos do governo local, desenvolvido nas últimas duas décadas, é aproveitar as terras para a produção de vinho.

Segundo me disse Hai Liu, proprietário da vinícola Legacy Peak, 74 empreendimentos já têm registro para produzir vinho na região, e outros 40 já estão em construção.

Os vinhos de Liu chegaram ao mercado, pela primeira vez, no ano passado. Hoje eles produzem três rótulos: um chardonnay, um cabernet sauvignon e um cabernet sauvignon com merlot. Em 2014, produziram 30 mil garrafas, mas pretendem dobrar a quantidade com o que estão fabricando este ano.

A família de Liu foi uma das pioneiras na plantação de cabernet na região, há 18 anos, com incentivo do governo e uvas importadas da França. Só em 2010, no entanto, ele resolveu parar de vender as uvas e começar a produzir seu próprio vinho.

Liu se aliou ao francês Edouard Duval, que tem uma importadora de vinhos em Xangai e é da família que produz o champanhe Duval-Leroy na França. Duval ajudou com o blend, os belos rótulos do vinho e é quem controla as vendas na China e, a partir desse ano, a exportação do Legacy Peak para Hong Kong e Europa.

Duval conta que a produção nacional de vinhos é majoritariamente focada no mercado doméstico, “que ainda quer as grandes marcas”. “É um desafio [atrair o chinês para o vinho nacional], é preciso convencer que agora há vinhos de boa qualidade.”

“O mercado na China só começou. Queremos orientar o consumidor chinês para o bom vinho”, concorda Emma Gao, proprietária da vinícola Silver Heights, uma das primeiras a chamar atenção para a região de Ningxia.

Antes de Liu ou Gao, no entanto, a região ganhou destaque na produção de vinhos em 2011, quando a vinícola Helan Qingxue alcançou o prêmio mais alto da Decanter, algo inédito para o país, com o vinho Jiabeilan Grand Reserve 2009. Foi quando Ningxia apareceu aos olhos do mundo.

Apesar desse crescente reconhecimento, realmente os vinhos chineses ainda são marginalizados nos cardápios dos restaurantes por aqui. Uma vez, quando perguntei pelo vinho nacional em um bom restaurante italiano em Pequim, ouvi como resposta que “ali, só havia vinhos bons”.

Outro porém a ser resolvido é o preço; o vinho chinês ainda é caro em comparação com os importados, explica Jean-Claude Terdjemane, sommelier do hotel cinco estrelas Peninsula Shanghai. O hotel foi o primeiro estabelecimento de destaque a incluir o Legacy Peak em sua carta de vinhos –lá, o cabernet com merlot é vendido pela taça a cerca de R$ 116.

Terdjemane me disse que é prioridade para o hotel servir bons vinhos chineses, que são bem recebidos principalmente pelos clientes estrangeiros. Ele ressalva, no entanto, que é preciso saber triar bons de ruins. “Parece ‘o Eldorado’: quando algo vai bem na China, todo mundo quer fazer.”

Senti muita falta, em Yinchuan, de uma estrutura das vinícolas para receber os turistas, sobretudo os estrangeiros. Seria uma grande viagem descer na cidade para fazer o tour dos vinhedos, comer o excelente carneiro da região –que tem importante população de muçulmanos chineses– e aproveitar a bela vista das montanhas Helan.

Liu, da vinícola Legacy Peak, me disse que poucos empreendimentos estão abertos para o turista –e eu diria que, para o estrangeiro que não fala chinês, a viagem é uma empreitada mais que difícil. Quem sabe para o futuro?

A imagem que uso nesse post é do fotógrafo Edmond Ho, do Jambu Studio, em Cingapura. Foi cedida via o hotel Peninsula Shanghai, que me convidou para a viagem.

 

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Diário de viagem – trufas na China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/26/diario-de-viagem-trufas-na-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/26/diario-de-viagem-trufas-na-china/#respond Thu, 26 Nov 2015 10:29:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=535 Eu pousei em Kunming, capital da província de Yunnan, em uma segunda-feira no início de novembro.

Era minha primeira viagem à “cidade da eterna primavera”, no sudoeste chinês, terra de uma gastronomia particular e bastante famosa no país: comida apimentada, com uma enorme variedade de cogumelos e pratos mais leves e coloridos –o que a diferencia muito da pesada culinária de Pequim, por exemplo.

Ali meu objetivo era um tanto inusitado: procurar trufas.

A caçada às trufas fez parte de uma viagem mais ampla, que me levou a três regiões do país em busca dos ingredientes mais desejados da gastronomia internacional: trufas, vinho e caviar. No caso, todos “made in China”.

A Folha publicou, nesta quinta-feira (26), duas matérias sobre a rica empreitada, uma sobre os ingredientes e outra sobre a viagem em si.

Até semanas atrás, eu desconhecia as trufas chinesas. Não é um ingrediente que costuma estar presente no cardápio nacional e nem algo com que se esbarre com frequência nos supermercados.

Segundo me disse Serko Wang, um chinês de Xangai que comercializa as trufas de Kunming, o mercado doméstico para as trufas está crescendo, mas a maior parte das vendas dos últimos anos teve foco na exportação (no caso dele, para Alemanha, Espanha e França) e nos restaurantes ocidentais.

“A tradição chinesa não conhece a trufa, usa para dar para os porcos. Estamos tentando desenvolver receitas para nossos clientes chineses. Agora descobriram o tesouro e o negócio está feito”, diz ele.

Quem procurar sobre as trufas chinesas na internet vai encontrar muitos europeus bravos com elas. Muitos denunciam que o ingrediente chinês, mais barato, tem menor sabor e perfume e é indevidamente misturado às preciosas trufas francesas e italianas.

Acompanhei alguns agricultores na caça às trufas em uma mata de um pequeno vilarejo de Yuxi, cidade colada a Kunming. Wang explica que a trufa ali é selvagem, a Tuber indica. Um quilo do alimento é vendido a mais de R$ 1.000 no varejo.

A melhor época para retirar as trufas da terra, em Yuxi, é entre janeiro e fevereiro. Antes disso, o risco é colher um ingrediente insosso –a que eu provei lá, retirada da terra em novembro, deixaria os franceses e italianos bravos com razão.

Trufas colhidas em Yuxi, cidade próxima a Kunming
Trufas de um vilarejo da cidade de Yuxi, próxima a Kunming (Edmond Ho/ divulgação)

Wang conta que a terra que visitamos é livre para que qualquer pessoa procure pelas trufas, o que faz com que elas sejam recolhidas pelo primeiro que aparece e não dá o tempo adequado para o amadurecimento.

Terrence Crandall, chef executivo dos restaurantes do hotel cinco estrelas Peninsula Shanghai, diz que começou a usar as trufas de Yunnan há cerca de um ano, inicialmente pela dificuldade de importação do ingrediente europeu. Apesar da pressa na caçada, quando retiradas da terra no momento certo, continua o chef americano, elas são, sim, saborosas.

“A qualidade está melhorando, estão aprendendo a época certa de colher. O desafio parece ser esse”, diz ele.

Mata de vilarejo em Yuxi, cidade próxima a Kunming, onde podem ser encontradas trufas
Mata de vilarejo em Yuxi, cidade próxima a Kunming, onde podem ser encontradas trufas (Johanna Nublat)

Em Yuxi, caçar trufas é uma atividade econômica complementar e fica concentrada a uma época do ano apenas. A maior parte da renda dos agricultores vem mesmo do que eles plantam na terra, como legumes e frutas, e dos famosos cogumelos de Yunnan.

Visitamos a casa de Mao Xinping, 44, que tinha guardadas na geladeira algumas cestas de trufas encontradas nos dois dias anteriores a nossa visita. Perguntei se a família comia as trufas e como comia. Ele disse que, sim, comem quando têm vontade, e que cortam em fatias e refogam com pimenta chili.

Trufas de Yunnan podem custar mais de R$ 1.000 o quilo no varejo
Trufas de Yunnan podem custar mais de R$ 1.000 o quilo no varejo (Edmond Ho/ divulgação)

O chef Terrence, do Peninsula, nos serviu um jantar ao final de uma semana de viagem, quando voltamos a Xangai, ponto de partida e de chegada dessa inusitada exploração gastronômica.

A trufa de Yunnan foi uma bela surpresa na sobremesa do jantar: um sorvete de avelã e trufa, com espuma de chocolate e um toque de cacau. Aquela trufa, madura, tinha sabor.

Trufas de lado, a viagem também foi uma bela oportunidade para conhecer a enorme variedade de cogumelos da região, servidos refogados com carnes e legumes ou em sopas. Me marcou, em especial, uma sopa de cogumelos com caldo de frango, servida dentro de um bule.

Nos próximos dias, vou contar aqui no blog sobre os outros trechos dessa viagem, que me levou à nova região produtora de vinhos da China (Ningxia, ao Norte do país) e atrás do caviar nacional.

Duas das fotos usadas nesse post foram cedidas pelo fotógrafo Edmond Ho, via o hotel Peninsula Shanghai (que me fez o convite para toda essa viagem). Edmond é um fotógrafo baseado em Cingapura,  do Jambu Studio.

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Diário – 12 horas num trem chinês http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/23/diario-12-horas-num-trem-chines/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/23/diario-12-horas-num-trem-chines/#respond Fri, 23 Oct 2015 12:00:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=505 Troquei uma viagem de 2h30 de avião por um trajeto de 12h02 de trem entre Shenzhen (a fronteira chinesa com Hong Kong) e Xangai.

Das 10h45 às 22h47 de ontem, parei em 27 cidades antes de chegar a Xangai, num trem que andava a pouco mais de 200km/h (os trens mais rápidos por aqui circulam a cerca de 300km/h, mas não havia a opção nesse trecho).

Viajar de trem é uma autêntica experiência chinesa. No meu vagão, por exemplo, eu era a única estrangeira. Em toda a viagem, só vi mais dois gringos.

Digo autêntica porque é possível ver os chineses relaxados, comendo (muito), vendo vídeos, mexendo no celular, conversando, dormindo, brigando, chorando, roncando… ou seja, é uma oportunidade para bisbilhotar a cultura por muitas horas e de muito perto.

Em resumo, a viagem:

10h45 – A entrada no trem é uma confusão, com todo mundo querendo guardar as malas ao mesmo tempo e com pouco espaço para as bagagens grandes. Como sempre, o trem sai pontualmente. Pouco depois, uma funcionária passa vendendo potes pequenos de Häagen-Dazs.

Vista do trem na província de Guangdong mostra uma passageira olhando para o mar
Vista do trem na província de Guangdong (Johanna Nublat/ outubro de 2015)

11h45 – De repente, o trem se aproxima do mar, numa vista inesperada –sobretudo para quem está desacostumado de ver céu azul e dias bonitos. Morros de um lado, casas pequenas e tanques (de peixes?) de outro. A funcionária passa vendendo marmitas para o almoço. Quem não está dormindo está grudado no celular.

12h58 – O trem deixa para trás cidades pequenas e entra em uma cidade grande, com porto. A funcionária passa recolhendo o lixo do almoço num saco de lixo. Alguém ronca alto.

13h53 – Parados em uma estação. Mesmo em cidades modestas, as estações chinesas costumam ser grandes, de pedra (mármore/granito) e imponentes no seu estilo comunista. Para alegria de todos, desce o passageiro que roncava alto. A essa altura, respirar dentro do banheiro é para os fortes.

14h44 – Todos estão acordados e lanchando (pães e frutas). Já tem gente de pé no fundo dos vagões, esticando as pernas e carregando os celulares na porta do banheiro. A vendedora de sorvetes passa de novo, seguida por uma funcionária que varre o chão. O trem passa por mais uma cidade grande e por uma espécie de parque com castelos.

15h49 – Estamos em uma cidade de médio porte, plana. Parte das casas tem telhado tradicional, pontudos. A outra parte não é bonita. Vemos tudo sob uma luz do sol amarelada (já escurece cedo nessa parte da China). Os passageiros conversam, passa um carrinho vendendo bebidas.

16h38 – O trem passa por uma paisagem frequente no país: dezenas de prédios residenciais altos em construção. Nesse caso, conto mais de 30 gruas trabalhando em um aglomerado de edifícios quase prontos. Ao lado, mais de 40 outros iguais já estão terminados.

17h40 – Já é noite fora do trem; dentro temos aquela luz branca desagradável. Todos estão cansados, e o trem está quieto.

18h25 – Parados em Wenzhou, temos a maior renovação de passageiros durante a viagem. Eles entram “frescos”, enquanto os passageiros originais não querem pensar que ainda faltam mais de 4 horas até o fim da viagem.

19h25 – A funcionária passa vendendo pipoca de microondas já estourada. Não parece fazer muito sucesso. O cup noodles e as garrafinhas de chá são mais populares.

22h47 – Finalmente, chegamos. O trem está só 60% cheio. Talvez pelo cansaço geral, ninguém sai correndo de forma afobada, como costuma acontecer aqui no fim de viagens de trem ou avião.

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China só perde para Itália em termos de patrimônio mundial http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/china-so-perde-para-italia-em-termos-de-patrimonio-mundial/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/china-so-perde-para-italia-em-termos-de-patrimonio-mundial/#respond Thu, 09 Jul 2015 13:00:34 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=439 Quem quer conhecer exemplos do patrimônio mundial deve ir para onde? Grécia, Espanha, Itália, França, México, Índia?

Esses países abocanham, respectivamente, 17, 44, 51, 41, 33 e 32 sítios entre os 1.031 registrados pela Unesco (Organização das ações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como patrimônio mundial. O Brasil, como comparação mais próxima, tem 19 sítios.

Pois a China é número dois nessa lista mundial, com 48 sítios listados, atrás apenas da Itália. Até a semana passada, quando a Unesco incluiu as ruínas Tusi (no Sudoeste do país), eram 47.

Entre os locais chineses mais conhecidos estão a Grande Muralha, a cidade antiga de Ping Yao, o Palácio de Verão e o Templo do Céu em Pequim, e o centro histórico de Macau.

A lista completa está no site da Unesco.

Apesar de não haver nenhum sítio chinês inscrito como sob risco na lista da Unesco, há muita preocupação sobre a preservação de determinadas áreas do país, seja porque recebem muitos turistas ou pela pressão do desenvolvimento econômico.

Um exemplo é um patrimônio listado em 1999, o Monte Wuyi, “a mais destacada área para conservação da biodiversidade no Sudoeste da China e um refúgio para um grande número de espécies antigas, muitas delas endêmicas na China”, segundo o site da Unesco.

O Wuyi foi, justamente, o local escolhido pelo Instituto Paulson (que trabalha com desenvolvimento sustentável na China e nos Estados Unidos) como foco de pesquisa para um projeto da entidade com o governo chinês que tem o objetivo de criar um sistema nacional de proteção dos parques.

Segundo o site do instituto, o Monte Wuyi “representa muitos dos principais desafios e oportunidades que as áreas protegidas da China enfrentam hoje”.

A rede de proteção hoje montada na China cobre cerca de 16% do território do país, informa o instituto, mas há áreas importantes ainda não preservadas. Além disso, ainda de acordo com a entidade, há problemas de gerenciamento das regiões sob proteção e falta de financiamento adequado.

Há muitos anos, o país tenta desenvolver um modelo nacional robusto de proteção dos parques, mas sem muito sucesso até aqui. E, de fato, é algo preocupante frente ao desenvolvimento econômico do país e a tantas levas de turistas que invadem todos os espaços visitáveis da China.

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Dá pra viajar pela China com um bebê? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/13/da-pra-viajar-pela-china-com-um-bebe/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/13/da-pra-viajar-pela-china-com-um-bebe/#respond Sat, 13 Jun 2015 12:00:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=403 Como é viajar pela China com um bebê? É possível, tranquilo, tem comida, tem hospital, os chineses são receptivos às crianças, tem estrutura?

É possível, tem estrutura (incluindo hospitais internacionais nas principais cidades), dá para encontrar comida adequada e os chineses simplesmente amam as crianças.

Talvez pela política de filho único, talvez pela tradição e cultura, os chineses têm verdadeiro encantamento por bebês –os deles e os estrangeiros. Homens e mulheres, jovens ou velhos, todos param os estrangeiros nas ruas para brincar com o bebê e tirar fotos com ele. E, se for loira e de cabelos cacheados, a pobre criança vai ter que aprender a fugir de tantos abraços dos “novos amigos”.

Além de abraçado, o bebê vai ser mimado com comida vinda de todos os lados: pedaços de melancia, mini tomatinhos e doces que os pais não vão saber decifrar de que são feitos. Se a criança começar a chorar desesperadamente, algum chinês vai tentar acudir, ajudando os pais.

Ou seja, o bebê viajante costuma ser muito bem recebido no país.

Agora sobre as cidades chinesas. Diferentemente do que muitos pensam, a estrutura disponível nas principais cidades é muito boa. Há hotéis e restaurantes excelentes, hospitais e supermercados internacionais de bom padrão, os trens são modernos, etc. E, para completar esse cenário, praticamente não existe violência urbana –principalmente na intensidade que conhecemos tão bem.

A questão mais sensível ao trazer crianças para a China, me parece, é alimentar. De segurança alimentar, um desafio que a China ainda tem pela frente.

Mas esse ponto também não impede nenhuma viagem. Alguns cuidados “exagerados” vão garantir um passeio tranquilo, por exemplo evitar comer comidas de rua, não comer nada cru fora de casa ou em restaurantes duvidosos e tomar as vacinas recomendadas (como a de hepatite A).

Ainda no tema comida, alimentar uma criança com pratos chineses não é uma tarefa complicada. Quase sempre, haverá arroz branco disponível, pratos com vegetais e carnes (frango, porco, peixe, vaca), macarrão refogado com alguma coisa, sucos naturais. Aqui, a única recomendação é sempre apontar para o bebê e deixar claro que você não quer pimenta –”bu la de!”.

Por fim, vale a pena dar uma olhada nas revistas culturais em inglês que sugerem atividades para crianças nas grandes cidades, como “Time Out Beijing Family”, “Time Out Shanghai Family“, “Urban Family” (com versões para Pequim, Xangai e Guangzhou), “Beijing Kids”, entre outras.

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Que China você conhece? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/11/que-china-voce-conhece/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/11/que-china-voce-conhece/#respond Thu, 11 Jun 2015 13:47:59 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=401 Para você, a China está associada a que imagem?

País dos cacarecos, gigante da economia, falta de democracia, 20% da população mundial, moderna rede de trens de alta velocidade ou escorpiões para comer?

E em termos culturais, o que simboliza a China?

Uma pesquisa feita pelo Instituto de Cultura da Inovação e Comunicação de Pequim e publicada pelo jornal “China Daily” fez o ranking dos principais símbolos que o estrangeiro associa com a China. O top três é: em primeiro lugar, o panda, seguido pelo chá verde e o conceito de yin/yang.

Em uma lista fechada de 18 itens, o pensamento de Confúcio está na quarta posição, a ópera de Pequim fica na nona colocação e o festival da primavera (tão importante para os chineses como o nosso Natal), na décima posição.

Na matéria, os pesquisadores dizem que a pesquisa identificou que importantes pensamentos e filosofias chineses ficaram mal posicionados, o que mostraria um desconhecimento significativo da cultura chinesa por países ocidentais.

A pesquisa ouviu nacionais dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França, da Austrália, do Japão e da Coreia. Mas não é incomum ouvir de turistas brasileiros por aqui frases como “a China tem trens modernos, né?” ou “super tranquilo viajar com um bebê por aqui” ou ainda “mas é um lugar muito mais cosmopolita do que eu poderia imaginar”.

Ou seja, ainda é grande por toda a parte o desconhecimento a respeito dos aspectos sociais e culturais desse país de que tanto se fala.

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Como conhecer Pequim em 8 dias http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/22/como-conhecer-pequim-em-8-dias/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/22/como-conhecer-pequim-em-8-dias/#respond Fri, 22 May 2015 14:00:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=376 Com exceção da Cidade Proibida e da Muralha da China, os pontos turísticos de Pequim são pouco conhecidos por boa parte dos turistas que desembarca na cidade.

Dez dias por aqui e ainda há muita coisa para conhecer. Assim, o blog propõe um roteiro básico de oito dias na cidade. Shows (como os de acrobacia), lugares para compras, parques, prédios famosos e a periferia da cidade vão ficar quase todos de fora desse guia, que é apenas um passeio básico.

Antes de começar, duas recomendações: 1) Aproveite o primeiro dia de sol e sem poluição para visitar a muralha; 2) Aproveite o segundo dia bonito para ir à Cidade Proibida e ao parque em frente à sua saída.

Trecho da grande muralha, em Mutianyu
Trecho da grande muralha, em Mutianyu (novembro de 2014/ Johanna Nublat)

DIA 1 – Nanluoguxiang e Gulou: passeio pelos hutongs

Uma boa forma de entender a cidade é conhecer um de seus elementos fundamentais, os hutongs. Desça na estação do metrô Nanluoguxiang (linhas 6 e 8), pegue a saída “E” e você estará na bem movimentada rua Nanluoguxiang. Ande por ela, entre muitos chineses e estrangeiros, lojinhas e restaurantes. De tempo em tempos, é possível ver ruas mais quietas, onde ainda moram pessoas. Caminhe até chegar à rua Gulou East e, então, vire à esquerda nessa rua. Logo em frente, você verá a Torre do Tambor e, a uma pequena distância, a Torre do Sino. Um bom lugar para comer por ali é o Mr. Shi’s Dumplings, bolinhos chineses fritos e cozidos, de todos os sabores possíveis.

DIA 2 – Cidade Proibida e escorpiões

Momento para visitar um dos principais cartões-postais da China, a Cidade Proibida. Chegue pelas estações Tian’anmen West ou East (ambas da linha 1). Não tem como se perder –e, se isso acontecer, procure pela foto pendurada na entrada do lugar: a de Mao Zedong. Você vai terminar esse (longo) passeio saindo por trás da Cidade Proibida, do lado oposto da entrada. Se o dia estiver claro, atravesse a rua, entre no parque Jingshan e suba a pequena colina. É uma das mais belas vistas da cidade.

Pegue um táxi ou um “tuc-tuc” (carrinhos sobre motos) até a Wangfujing, a movimentada rua de comércio. Lá é possível almoçar, tomar café, olhar lojas e… encontrar os famosos escorpiões no espeto (em uma pequena rua que cruza com a Wangfujing). Um bom lugar para comer ali é o “hot pot” da rede Haidilao. É uma espécie de “fondue”, em que carnes e legumes são cozidos num caldo.

DIA 3 – Muralha da China e bares de Sanlitun

É possível visitar alguns diferentes trechos da muralha, uns mais e outros menos reconstruídos. Uma boa opção é Mutianyu, onde há a possibilidade de subir e descer andando (cerca de 40 minutos para subir e 40 para descer), subir e descer de bondinho e descer num escorregador. Tente ir em um dia de céu azul. Possivelmente, a melhor pedida seja contratar um carro ou comprar o passeio com alguma das agências para turistas.

Depois de tanto caminhar, subir e descer, use a noite para conhecer Sanlitun, lugar de embaixadas, bares, restaurantes, lojas e de muito movimento até tarde (chega-se de táxi ou pela estação Tuanjiehu, da linha 10, saída “A”). Um pouco afastada de todo esse movimento está a cervejaria Great Leap, com cerveja chinesa, batatinhas e sanduíches.

DIA 4 – Lama Temple e arredores

Um conjunto de lugares pode ser visitado ao mesmo tempo. Desça na estação Yonghegong/Lama Temple (linha 2, saída “C”) e visite o belo Lama Temple (depois de passar pelos jardins do local, pegue os incensos que eles oferecem de graça). De lá, vá caminhando até a entrada da Academia Imperial/Templo de Confúcio (um bilhete para visitar os dois). Terminado o passeio, a sugestão é tomar um café no Barista Coffee, em uma ruazinha de hutong.

Para o jantar, talvez seja o momento de comer o famoso pato de Pequim.

DIA 5 – Praça da Paz Celestial e arredores

Desça nas estações Tian’anmen East ou West (ambas na linha 1) e atravesse para uma praça que carrega muita história, parte dela bem negativa. É possível visitar o mausoléu de Mao Zedong e ver grupos de militares passando pela praça com movimentos milimetricamente iguais –aliás, é um dos poucos lugares em que você, turista, vai ver policiamento tão presente.

Saia da praça pelo lado oposto à entrada da Cidade Proibida (ou seja, você quer estar ao redor da estação de metrô Qianmen, na linha 2). Se estiver na hora de almoçar, é uma boa ideia comer no Lost Heaven. Em seguida, pegue a rua de pedestres que parte da estação Qianmen e se perca pelo hutong (parte dele é tido como uma das áreas mais preservadas da cidade). Há muitas lojinhas e chineses andando por todos os lados. Quando cansar, tome um café no Soloist.

Se ainda tiver energia, vá jantar em algum restaurante em volta do lago Houhai (estação Sichahai, linha 8).

DIA 6 – Templo do Céu e lugar das artes

Esse pacote é um dos mais belos e agradáveis passeios de Pequim. De manhã, vá ao lindo Templo do Céu (estação Tiantandongmen, linha 5). Além do templo deslumbrante, você pode ver noivas tirando fotos, chinesas dançando juntas e homens jogando.

O passeio da tarde é ir ao 798 (de táxi), o distrito das artes de Pequim. Um antigo bairro de fábricas foi transformado em um conjunto de galerias moderninhas, lojas e restaurantes. Há esculturas no meio da rua e muita gente passeando (principalmente no final de semana).

DIA 7 – Palácio de Verão

Pequim tem muitos parques. Alguns, como o que abriga o Templo do Céu, estão no roteiro básico dos passeios. O Palácio de Verão é outro. A estação de metrô mais próxima é Beigongmen (linha 4). Comer por lá pode ser difícil, talvez seja uma boa ideia levar um lanche.

Tarde livre para compras. Para quase qualquer item desejado existe um shopping em Pequim (óculos, roupas baratas, pérolas, falsificações, etc).

Vá jantar na colorida rua Gui Jie. Minha sugestão é o restaurante Huá, que tem uma enorme variedade de pratos chineses (incluindo o pato de Pequim) e fica num espaço muito agradável. A estação de metrô é a Beixinqiao, na linha 5.

DIA 8 – Lembranças e futebol

Sábado ou domingo, vá ao mercado Panjiayuan (estação Panjiayuan, linha 10, saída “C”). Lá, você vai encontrar bules de chá (de cerâmica ou metal), pincéis, pedras, quadros, roupas, bolsas, budas e muitas outras coisas que você quis comprar ao longo da sua semana em Pequim. De forma geral, as coisas são baratas lá; mas existe espaço para negociação. Mesmo quem não quer comprar nada deve ir a esse mercado, cheio de chineses em movimento.

Por fim, uma visita ao Ninho de Pássaro, o estádio das Olimpíadas, e ao Cubo, que recebeu as competições de natação. Um está ao lado do outro, e ambos podem ser vistos ao redor das estações de metrô Olympic Green e Olympic Center (ambas na linha 8).

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Diário – o cheiro do café de Hanói http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/02/diario-o-cheiro-do-cafe-de-hanoi/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/02/diario-o-cheiro-do-cafe-de-hanoi/#respond Sat, 02 May 2015 14:15:50 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=349 Já acostumada com a exuberante oferta de cafés do Starbucks na China, foi uma surpresa passar 24 horas na capital do Vietnã e não encontrar nenhuma loja da rede.

Uma pesquisa no site da empresa indica a existência de dois cafés Starbucks em Hanói. Quem leu um dos primeiros posts desse blog talvez se lembre que, espantosamente, há 27 lojas da rede num raio de 2 km da minha casa em Pequim.

Passei o dia de hoje, em Hanói, tentando entender essa diferença entre vizinhos. Sem dúvida alguma, diferenças econômicas e demográficas entram na equação. Mas a observação do centro antigo de Hanói permite cogitar, também, diferenças culturais.

Café no centro antigo de Hanói
Um dos cafés do centro antigo de Hanói (Johanna Nublat/ maio de 2015)

Segundo o site da Vicofa (associação do país para café e cacau), o primeiro pé de café foi trazido ao Vietnã por missionários franceses, em 1857. Mas a planta só se tornou uma aposta econômica nos anos 1980 –hoje, o país é o segundo produtor mundial, atrás apenas do Brasil.

Nas ruas da Hanói antiga, pequenos cafés se misturam a vendedores de frutas e legumes, lojinhas de roupas e de produtos típicos do país. Apesar de ser uma área cheia de turistas, dá para ver que os cafés estão cheios de locais.

Não vi nenhuma grande rede local de cafés; são lojas quase familiares, que às vezes servem o café em copos de vidro. Nesses lugares, o café custa um pouco mais ou um pouco menos de R$ 3, bem mais barato que o café mais em conta do Starbucks na China –ou que qualquer café na China, na verdade.

Outro ponto é o sabor do café vietnamita, plantado, produzido e coado de forma diferente daquela à qual estamos acostumados (nós e os chineses, e semelhante à da rede norte-americana). O café é quase doce, no cheiro e no sabor.

Termino sem saber ao certo a resposta para tamanha diferença entre vizinhos. Tenho essas hipóteses e mais alguns dias de passeios pelas ruas perfumadas do café adocicado do Vietnã.

*Nota posterior – como disse um dos nossos leitores, existem algumas redes. Além da que ele cita, tem o Highlands Coffee, mais simples que a grande rede americana e mais ao gosto local. E, falando do Starbucks, vi pouco movimento nas lojas de Hanoi; já em Ho Chi Minh (Saigon), a rede era mais popular.

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Em busca da China perdida http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/29/em-busca-da-china-perdida/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/04/29/em-busca-da-china-perdida/#respond Wed, 29 Apr 2015 14:00:19 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=339 Talvez pelo rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas, muitas pessoas desembarcam em Pequim ou Xangai esperando ver pelo menos um pouco de um país rural, ou a China “autêntica”.

Mas, nessas grandes cidades, encontram quase que só prédios modernos e a vida de uma cidade grande com em qualquer outro canto do mundo. Talvez por isso, os hutongs de Pequim ainda sejam tão charmosos aos nossos olhos.

Esse desejo, imagino, é o que faz com que levas de turistas –nacionais e estrangeiros– busquem cidades preservadas, no tempo e nas paredes.

Uma delas, Cuandixia, fica a pouco mais de duas horas de carro de Pequim. Serve de “day trip” ou viagem para um final de semana, já que há hospedarias e restaurantes no vilarejo de olho nesse público –para minha surpresa, até ímã de geladeira de Cuandixia existe.

Agrupamento de casas em Cuandixia
Vilarejo de Cuandixia, cerca de 2h30 de carro de Pequim (Johanna Nublat/ abril de 2015)

Deixo para as fotos a descrição do lugar.

Ruela em Cuandixia, nos arredores de Pequim
Ruela em Cuandixia, nos arredores de Pequim (Johanna Nublat/ abril de 2015)
Ruela em Cuandixia
(Johanna Nublat/ abril de 2015)

Na minha avaliação, bastam algumas horas de passeio por lá, dormir em Cuandixia talvez seja mais que o necessário. Alguns grupos, como o CCC Travel, organizam viagens de um dia e cobram cerca de R$ 150 por pessoa.

Quem decidir conhecer o vilarejo deve saber que não vai encontrar a China “autêntica”, mas um local pronto para o turista. Ainda assim, pode ver nas paredes das casas slogans da Revolução Cultural (em caracteres chineses) e a organização da vila, o que permite pelo menos ter uma ideia do que foi a China no passado.

Casa com slogan
(Marcelo Ferraz/ abril de 2015)
Casas históricas de Cuandixia com carros de turistas ao fundo
Casas históricas de Cuandixia com carros de turistas ao fundo (Marcelo Ferraz/ abril de 2015)

Além de Cuandixia, há alguns outros pequenos vilarejos ao redor de Pequim sugeridos nos guias de viagem. E, certamente, outros ainda nas redondezas de outras grandes cidades chinesas.

Nessa busca pela China original, a meta será encontrar o vilarejo que não vende como souvenir um ímã de geladeira.

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