China in Townano novo chinês – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O arraial chinês do ano da cabra http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/24/o-arraial-chines-do-ano-da-cabra/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/24/o-arraial-chines-do-ano-da-cabra/#respond Tue, 24 Feb 2015 14:15:26 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=238 As ruas de Pequim continuavam vazias no último domingo (22), sinal de que o feriado de ano novo chinês ainda não tinha terminado.

Quem andasse pelos arredores dos principais parques da cidade, no entanto, veria formigueiros de pessoas: alguns grupos entrando apressados pelos portões e outros saindo com comidas e badulaques na mão.

Eram as tradicionais quermesses dos templos, festas que duram cerca de uma semana e são uma tradição milenar desse período de mudança de ano –quem quiser saber mais sobre o ano novo chinês pode ler esse post.

Multidão na festa do Ditan Park, em Pequim
Multidão na festa do Ditan Park, em Pequim (22 fev./ Johanna Nublat)

A melhor comparação que posso fazer é com a nossa festa junina: há barraquinhas de comidas e bebidas, barracas de jogos em que se ganha uma prenda (bichos de pelúcia, basicamente) e outras que vendem enfeites e brinquedos. Nessas quermesses, também há alguns shows de dança tradicional, e as pessoas se fantasiam –no caso, com enfeites engraçados na cabeça.

Uma das barracas na festa do Ditan Park, em Pequim , vende lanternas coloridas
Uma das barracas na festa do Ditan Park, em Pequim (22 fev./ Johanna Nublat)

Escolhi ir à festa do Ditan Park, nos arredores do Lama Temple. Depois descobri que o Ditan abrigou a primeira quermesse oficial na China depois de 1949, ano em que os comunistas assumiram o país e a festa foi interrompida por algumas décadas.

Segundo uma matéria publicada, na semana passada, pelo China Daily, as quermesses ganharam importância no país a partir do século 14, mas praticamente desapareceram depois de 1949, sendo que se tornaram tabu durante o período da Revolução Cultural (1966-1976). E, continua o jornal, voltaram a aparecer justamente no Ditan, em 1985.

Barraca de jogos no Ditan Park
Barraca de jogos no Ditan Park (22 fev./ Johanna Nublat)

As comidas que vi merecem uma atenção especial.

Como nas nossas festas juninas, a quermesse chinesa tem barracas de espetinhos: de carne, salsicha e lula (esta última era servida com um molho vermelho). Tem milho cozido e algodão doce.

No domingo, também vi barracas vendendo tofu frito com molho, um macarrão com consistência de goma envolto num molho vermelho, dumplings, doces secos com castanhas e sementes, macarrão comum com carnes e caldos variados, almôndegas em caldo fino e branco, um tipo de banana à milanesa e produtos industrializados ou comidas de regiões específicas do país.

Depois de estranhar uma boa parte das comidas ofertadas no parque, fiquei me perguntando o que pensaria um estrangeiro da nossa canjica ou do arroz doce, ou se ele teria coragem de comer os espetinhos de “gato” que nossas festas oferecem.

Passadas as festas e terminado o feriado de ano novo chinês, a vida deve voltar ao normal por aqui nesta quarta-feira (25).

Nos últimos dois dias, por garantia, os chineses soltaram muitos fogos de artifício e rojões, para ter certeza de que nenhum espírito mau estará por perto no novo ano!

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O milagre do novo ano http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/20/o-milagre-do-novo-ano/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/20/o-milagre-do-novo-ano/#respond Fri, 20 Feb 2015 09:47:39 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=225 De quarta-feira (18) para quinta (19), saímos do ano do cavalo para o do carneiro –ou da cabra, não faz diferença.

Como disse em outro post, as semanas que envolvem o chamado Festival da Primavera, ou ano novo chinês, são as celebrações mais importantes do país, algo como o nosso Natal. As famílias se reúnem, cozinham, trocam presentes.

Supersticiosos como são os chineses, os dias anteriores e posteriores à mudança de ano são repletos de atividades obrigatórias, para garantir a boa sorte para a família, os negócios e o país.

E o país para; o país está parado –e esse é um milagre que só o novo ano pode trazer.

No dia 18, Pequim era uma cidade vazia. Quem conhece Pequim sabe o que significam poucos carros nas ruas, comércio fechado, quase ninguém circulando. Mais parado do que domingo; aliás, achei tão parado quanto domingo em Brasília.

Saí de Pequim para Qingdao (cidade litorânea, a cerca de 1h30 de avião da capital) no próprio dia 18. Esperava encontrar estações de trem enlouquecidas, mas não: tudo estava calmo.

A celebração do novo ano em Qingdao não foi muito diferente do que se esperava ter em Pequim. No final da tarde, fogos de artifício e rojões começaram a ser estourados nas calçadas –atividade que continuou até o final da noite. Alguns iluminavam o céu com cores, mas outros só faziam barulho para espantar os maus espíritos.

Dois dias depois, as calçadas ainda estão cheias de restos de plásticos vermelhos que envolviam os fogos. Segundo o China Daily, 106 cidades chinesas tiveram o nível de poluição elevado por causa dos tradicionais fogos.

E, enquanto os fogos eram estourados e as famílias se juntavam para comer dumplings, as ruas de Qingdao ficaram completamente vazias: restaurantes e lojas fechados, quase ninguém andando (só para soltar fogos) e praticamente carro algum. Uma cidade-fantasma, algo incomum na China, onde geralmente qualquer lugar está apinhado de gente.

Qingdao ainda está acordando da festa, com muito do seu comércio fechado. Há carneiros para todo o lado, em fotos, desenhos e bonecos espalhados pelo país.

É curioso perceber que quem nascer a partir do dia 19 de fevereiro será considerado do ano do carneiro; e quem nasceu em 2015, mas antes do dia 19 ainda é cavalo –como a “virada” de ano chinês acontece em diferentes datas a cada ano, é bom pesquisar na internet o ano em que vocês nasceram para saber a partir de quando o bicho “virou”.

Já li que, na relação signo-pessoa, faz diferença nascer de manhã, de tarde ou de noite; faz diferença o mês em que se nasce e o tipo de ano (2015, por exemplo, é madeira). Sugiro alguns sites para quem quiser saber um pouco mais sobre o horóscopo chinês e as previsões para 2015.

E feliz ano do carneiro para todos nós!

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Aqui a festa já começou http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/05/aqui-a-festa-ja-comecou/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/02/05/aqui-a-festa-ja-comecou/#respond Thu, 05 Feb 2015 12:38:35 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=191 Enquanto o Brasil se prepara para o Carnaval, a China se prepara para o novo ano e para as duas semanas de comemorações que vêm junto com a virada, no próximo dia 19.

Dizem (e não sei se é possível realmente comparar isso) que essa é a maior migração temporária de pessoas no mundo. O governo estima 2,8 bilhões de deslocamentos num período de 40 dias, oficialmente iniciado nesta quarta-feira (4). Uma “pequena” parte disso é de voos: 47,5 milhões de passageiros, segundo a estimativa. A maior parte vai pelas estradas.

Quase não há mais passagens. E as que ainda estão disponíveis tendem a ser bem mais caras que o normal.

Isso porque o Festival da Primavera, como eles chamam aqui, é como o nosso Natal: a tradição é passar com a família, comendo e trocando presentes –para crianças e funcionários de casa ou empresas, o costume é dar dinheiro em um envelope vermelho.

Eu já falei um pouco sobre o ano novo chinês em outro post, mas volto ao assunto, porque ele está tomando as ruas da China. Na verdade, está tomando as ruas (já enfeitadas de vermelho) e a cabeça das pessoas (que só pensam em viajar e descansar).

Tudo está parando e muita coisa vai fechar. Fábricas vão ficar carentes de trabalhadores. A festividade tomou até a porta da minha casa, que ganhou do condomínio um “fu” de papel –caracter chinês para boa fortuna. E ai de mim se eu tirar o papel da porta.

"Fu" pregado na porta dos apartamentos de um condomínio em Pequim
“Fu” pregado na porta dos apartamentos de um condomínio em Pequim (fevereiro/ Johanna Nublat)

As tradições alimentares também já começaram. Um dia específico, na semana passada, era o momento de comer um mingau bastante rico: arroz, alguns tipos de feijão, tâmara chinesa, uva passa, açúcar mascavo e algumas castanhas. Já ontem, dia que marca o início das celebrações, era dia de comer uma panqueca com legumes e carne, ou dumplings (os bolinhos chineses, semelhantes à guioza japonesa).

Essa festa é muito antiga, tem algo como 4 mil anos. A lenda por trás dela é que havia uma fera que, no início da primavera, aparecia e comia os animais e os camponeses. Alguém teve, então, a ideia de fazer muito barulho para espantar a fera –o que explica o uso de fogos de artifício na festa.

A tradição também manda limpar a casa e usar roupa nova para trazer boa sorte –como somos parecidos, não?

Entre os estrangeiros, ouve-se muito o conselho de não viajar pela China nesse período, já que todos os lugares estarão apinhados de turistas domésticos.

Como não devo seguir esse conselho, conto para vocês em breve sobre o ano novo na China.

 

*Corrigi o número total de viagens, alertada por um leitor. São 2,8 BILHÕES, claro.

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