China in Townbicicletas – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A volta das bicicletas em Pequim http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/18/a-volta-das-bicicletas-em-pequim/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/18/a-volta-das-bicicletas-em-pequim/#respond Wed, 18 Nov 2015 12:00:33 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=530 Na semana passada, o jornal “The New York Times” escreveu sobre os planos da cidade de Pequim para ampliar o uso de bicicletas como meio de transporte, opção que vem sendo cada vez menos usada pelos chineses da capital.

Segundo a matéria do jornal, apenas 12% dos residentes de Pequim usam bicicletas como meio de transporte hoje em dia, em comparação com 38% no ano 2000. E a meta, diz o texto, seria expandir o percentual para 18% até 2020.

Parece, no entanto, que não se trata de uma tarefa simples, mesmo num país famoso pela gigantesca quantidade de bicicletas. Em 2010, um jornal local informou que uma tentativa semelhante estava em curso em Pequim: naquele ano, 19,7% usavam bicicletas como meio de transporte, e a meta era expandir para 23% em 2015.

Por que não deu certo? E quais são as dificuldades do ciclista em Pequim?

A princípio, uma boa parte das ruas e avenidas tem uma faixa destinada a veículos não motorizados –o que inclui bicicletas, motos elétricas, tuc-tucs, patinetes elétricos e até cadeiras de roda motorizadas.

Mesmo assim, há dificuldades, como: 1) os vários carros estacionados nesses locais, por falta de vagas para carros em número suficiente na cidade; 2) alguns trechos sem a faixa específica; 3) o fato de bicicletas, motinhos e pedestres trafegarem nos dois sentidos nessas faixas, o que transforma esse espaço num verdadeiro caos.

Já ouvi de várias pessoas que o plano e andar de bicicleta em Pequim foi descartado por ser “perigoso”.

Outras dificuldades são o tamanho da capital, o que só permite o uso da bicicleta para trechos relativamente curtos, a frequência dos altos índices de poluição e o frio pesado durante o inverno.

Por outro lado e apesar desses entraves, usar a bicicleta pode ser a salvação nesta cidade de trânsito enlouquecedor. Pode, por exemplo, nos levar em 20 minutos de um ponto a outro num trajeto que, nos horários de engarrafamento, levaríamos até uma hora de carro.

No livro “Red China Blues”, a jornalista Jan Wong conta que, em 1981, só 20 residentes de Pequim tinham um carro particular. Hoje, menos de 35 anos depois, a cidade tenta lidar com uma frota de 5 milhões de veículos, engarrafamentos constantes e um alto –e criticado– nível de poluição. Será que voltam as bicicletas?

]]>
0
Do país das bicicletas ao caos “comportado” http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/29/do-pais-das-bicicletas-ao-caos-comportado/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/29/do-pais-das-bicicletas-ao-caos-comportado/#respond Fri, 29 May 2015 14:00:09 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=387 O motorista qualificado deve não apenas ser tecnicamente apto mas também, e mais importante, ter hábitos bons e éticos na direção. Certo ou errado?

Quando encontrar uma rua com trânsito pesado, a forma correta de lidar com a situação é: A) Encontrar espaços e ultrapassar um veículo de cada vez; B) Abrir caminho; C) Buzinar para que o carro da frente acelere; ou D) Parar e esperar em fila?

As questões, cujas respostas corretas são “certo” e “D”, estão entre aquelas feitas aos candidatos a motorista em Pequim. Mas, se eles acertam na teoria, na prática a conversa é outra. Na prática, aqui o motorista mais se defende dos outros do que anda para a frente.

Com mais de 5,5 milhões de veículos motorizados nas ruas –número próximo da frota de carros da capital paulista– e outros milhões de bicicletas, “tuc-tucs”, motinhos e bicicletas elétricas, juntos e misturados, a capital chinesa é um verdadeiro caos no quesito trânsito –assim, talvez a pergunta devesse ser “mais importante é ter bons hábitos e coragem?”.

Dirigir, na China, é uma prática relativamente nova. No livro “Red China Blues” (ótima leitura, aliás), a jornalista sino-canadense Jan Wang conta que, em 1981, Pequim só tinha 20 carros privados. Segundo dados do “China Daily”, além desses 20 carros (!), existiam cerca de 100 mil veículos em geral, de transporte público ou oficiais, na capital.

Uma foto do exército de bicicletas de Pequim ao lados da frota de ônibus, no início dos anos 80, pode ser visto no Tumblr chinaandchange.

Agora, calcula-se que existem 63 carros em Pequim para cada 100 residências –o maior índice do país, o que já desencadeou medidas como adoção de rodízio, aumento do preço dos estacionamentos e sorteio para compra de licenças para carros na cidade.

Mas, voltando ao trânsito, eu diria que apesar da falta de experiência e da quantidade enorme de carros, o caos é até bem comportado. Isso porque, primeiro, raramente os carros andam em altas velocidades –até pelo trânsito constante, é difícil passar dos 60 km/h.

Em segundo lugar, todos os veículos não motorizados devem andar na sua própria faixa –o que nem sempre é possível, já que muitos carros estacionam nessa faixa. Mas essa separação, pelo menos, impede a prática mortal das nossas cidades: motinhos não andam nos corredores entre os carros.

Por fim, e mais curioso, é que parece existir um combinado entre todos esses diferentes atores do trânsito, o de que tudo é permitido desde que você vá em velocidade baixa e não atropele ninguém. Sendo assim, ninguém vai buzinar se você fizer o retorno em local impróprio, estacionar na faixa do ônibus, andar na contramão (da rua ou da faixa para bicicletas), subir na calçada, etc etc etc.

A única coisa imperdoável para as buzinas de Pequim é ficar parado um segundo que seja frente à mudança para o sinal verde.

]]>
0