China in Towncafé – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Diário – o cheiro do café de Hanói http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/02/diario-o-cheiro-do-cafe-de-hanoi/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/05/02/diario-o-cheiro-do-cafe-de-hanoi/#respond Sat, 02 May 2015 14:15:50 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=349 Já acostumada com a exuberante oferta de cafés do Starbucks na China, foi uma surpresa passar 24 horas na capital do Vietnã e não encontrar nenhuma loja da rede.

Uma pesquisa no site da empresa indica a existência de dois cafés Starbucks em Hanói. Quem leu um dos primeiros posts desse blog talvez se lembre que, espantosamente, há 27 lojas da rede num raio de 2 km da minha casa em Pequim.

Passei o dia de hoje, em Hanói, tentando entender essa diferença entre vizinhos. Sem dúvida alguma, diferenças econômicas e demográficas entram na equação. Mas a observação do centro antigo de Hanói permite cogitar, também, diferenças culturais.

Café no centro antigo de Hanói
Um dos cafés do centro antigo de Hanói (Johanna Nublat/ maio de 2015)

Segundo o site da Vicofa (associação do país para café e cacau), o primeiro pé de café foi trazido ao Vietnã por missionários franceses, em 1857. Mas a planta só se tornou uma aposta econômica nos anos 1980 –hoje, o país é o segundo produtor mundial, atrás apenas do Brasil.

Nas ruas da Hanói antiga, pequenos cafés se misturam a vendedores de frutas e legumes, lojinhas de roupas e de produtos típicos do país. Apesar de ser uma área cheia de turistas, dá para ver que os cafés estão cheios de locais.

Não vi nenhuma grande rede local de cafés; são lojas quase familiares, que às vezes servem o café em copos de vidro. Nesses lugares, o café custa um pouco mais ou um pouco menos de R$ 3, bem mais barato que o café mais em conta do Starbucks na China –ou que qualquer café na China, na verdade.

Outro ponto é o sabor do café vietnamita, plantado, produzido e coado de forma diferente daquela à qual estamos acostumados (nós e os chineses, e semelhante à da rede norte-americana). O café é quase doce, no cheiro e no sabor.

Termino sem saber ao certo a resposta para tamanha diferença entre vizinhos. Tenho essas hipóteses e mais alguns dias de passeios pelas ruas perfumadas do café adocicado do Vietnã.

*Nota posterior – como disse um dos nossos leitores, existem algumas redes. Além da que ele cita, tem o Highlands Coffee, mais simples que a grande rede americana e mais ao gosto local. E, falando do Starbucks, vi pouco movimento nas lojas de Hanoi; já em Ho Chi Minh (Saigon), a rede era mais popular.

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O café avança no país do chá http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/11/o-cafe-avanca-no-pais-do-cha/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/11/o-cafe-avanca-no-pais-do-cha/#respond Thu, 11 Dec 2014 09:17:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=31 Num raio de 2 km de onde eu estou agora, existem 27 lojas da Starbucks, me informa o site da empresa. Por mais indevida que seja a comparação, a marca ainda não desembarcou em Brasília, onde eu morava até vir para Pequim.

Na China, como um todo, são mais de mil de lojas. E a empresa anunciou, essa semana, que pretende dobrar sua presença no país no prazo de cinco anos –ou seja, a ideia é ter mais de 3.000 lojas até 2019.

Resultado de busca feita no site da Starbucks por lojas da empresa em Pequim
Resultado de busca feita no site da Starbucks por lojas da empresa perto de onde estou (dezembro de 2014)

A China é “o mais importante, e potencialmente maior, mercado” fora da América do Norte, segundo um texto publicado no site local da Starbucks, ideia reafirmada pela empresa essa semana, durante lançamento do seu plano para cinco anos –nesse plano, o Brasil também é citado como mercado estratégico.

Como eu disse no meu post de apresentação, foi uma grande surpresa me deparar com tantos cafés –sejam Starbucks ou não– na China, um país que eu entendia ser um consumidor de chá.

De fato, o consumo de café pelos chineses ainda é muito baixo. O consumo médio per capita não passou de 50 g em 2012, segundo estima a Organização Internacional do Café –no Brasil, o consumo per capita anual é próximo de 5 kg.

Por outro lado, é um mercado que cresce: 12,8% de crescimento médio anual do consumo entre 1998 e 2012, diz a organização em um estudo de 2013 sobre a China.

“Cafés são frequentados principalmente por um pequeno grupo da classe média urbana. Nessas circunstâncias, um aumento no consumo per capita depende fortemente de fatores socio-econômicos”, resume o estudo.

A Starbucks parece não discordar. “A Starbucks continua confiante no seu sucesso no mercado chinês, pois se vê como ‘um diferente tipo de empresa’ que se desenvolve na China exatamente quando a população chinesa está buscando um estilo de vida mais prazeroso”, em tradução minha, diz um texto da Starbucks China.

E esse prazer, especificamente, não é barato por aqui. Em Pequim, um café expresso ou americano sai por pouco menos ou pouco mais de R$ 10 a depender do local (na Starbucks, o café coado pequeno custa pouco mais de R$ 7).

Com esse dinheiro é possível pagar um prato de comida em um restaurante chinês simples.

Mas isso não impede, como já vimos pelos números, a proliferação de cafés nas grandes cidades chinesas. Somam-se à gigante do setor inúmeros outros lugares charmosos.

Em Pequim, por exemplo, eu citaria a Bookworm (livraria e café) e o Moka Bro’s em Sanlitun, e o Barista Coffee num hutong (bairros antigos da cidade) em frente ao Lama Temple. Todos sempre cheios de chineses e estrangeiros.

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Na China, sem garfo e faca http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/08/na-china-sem-garfo-e-faca/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/08/na-china-sem-garfo-e-faca/#respond Mon, 08 Dec 2014 19:30:32 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=12 “Desculpa, não tem garfo e faca.” Essa frase, ouvida de uma garçonete, foi o que me fez compreender, de vez, que a vida agora seria diferente. A vida agora seria na China, esse país tão distante e incompreensível para nós brasileiros.

Na verdade, a cena foi pior. A garçonete disse: “Duibuqi, meiyou daocha” (para facilitar, por enquanto vou evitar os caracteres e suprimir os tons do chinês). Ou seja, a vida agora é na China, falada em chinês e, possivelmente, sem talher.

Há pouco mais de três semanas, desembarquei em Pequim pela terceira vez na vida e, agora, para uma temporada mais longa.

Nesse espaço, pretendo dividir com vocês meu aprendizado diário –gastronômico, linguístico, cultural, social, geográfico, etc. E, também, ir além do nosso senso comum. Ainda no Brasil, quando dizia que ia me mudar para a China, 75% das reações imediatas eram: “Vai ter coragem de comer escorpião? Cachorro?”.

Escorpião no palito eu vi uma só vez em Pequim, depois de muito procurar a barraquinha que vendia esses “quitutes” para turistas. Cachorro, até agora, eu só vi passeando de coleira nas ruas.

 

Chinesa entrega espezinho para cliente em barraca de rua em Pequim
Uma das barracas de comida de rua em Pequim, vendendo uma ave frita (abril/Johanna Nublat)

Não duvido que existam; devem existir essas comidas por aqui, mas a culinária chinesa está longe de ser essa ideia que temos cristalizada –e, sim, ela pode espantar por outros motivos, como os temperos desconhecidos e as texturas diferentes.

Quando visitei o país pela primeira vez, em outubro de 2013, cogitei trazer na mala um vidro de café solúvel, temendo não encontrar café toda manhã –eles não gostavam de chá?

Mas, quando pisei no aeroporto daqui, a primeira coisa que vi foi um Starbucks. Desde então, conto um Starbucks a cada esquina, para além de centenas de pequenos cafés moderninhos e acolhedores. Ainda não me recuperei desse susto com relação à China, o que, felizmente, vai servir de combustível para este blog.

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