China in TownChina – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 As escravas sexuais da China e de Taiwan http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/#respond Wed, 30 Dec 2015 13:58:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=566 Japão e Coreia do Sul anunciaram, essa semana, ter resolvido “de vez” um longo conflito a respeito das chamadas “mulheres de conforto”, mulheres recrutadas ou sequestradas para trabalharem em bordéis usados por militares japoneses até a década de 40.

Segundo o acordo, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vai pedir desculpas às mulheres sul coreanas escravizadas para fins sexuais, e o Japão vai doar cerca de R$ 33 milhões a um fundo destinado a dar apoio às vítimas. A negociação também sela esta solução como final e irreversível sobre o tema, e determina o fim das discussões públicas.

O acordo foi criticado por sobreviventes na Coreia do Sul, que reclamaram da ausência de responsabilização legal dos japoneses e de terem sido excluídas das negociações. Já chineses e taiwaneses reclamaram de terem sido deixados de fora do acordo.

Estima-se que 200 mil mulheres tenham sido escravizadas para fins sexuais pelos japoneses, incluindo as sul coreanas, chinesas e taiwanesas. Poucas delas ainda estão vivas.

Segundo reportou a “BBC”, o governo de Taiwan afirmou que quer “negociações imediatas” com o Japão sobre o tema. Os chineses, por outro lado, lembraram que o recrutamento das escravas sexuais foi um “sério crime contra a humanidade” cometido pelo Japão.

Em um artigo de opinião publicado nesta quarta-feira (30), o “China Daily” afirma que as desculpas são bem-vindas, mas não são suficientes. “Dado que o acordo japonês com a Coreia do Sul é, principalmente, politicamente orientado, ao invés de ser uma reflexão verdadeira sobre suas responsabilidades, o movimento não é o suficiente para significar que o Japão está pronto para reconhecer verdadeiramente seu passado.”

 

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Déficit de mulheres na China é quase “um Canadá” http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/03/deficit-de-mulheres-na-china-e-quase-um-canada/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/11/03/deficit-de-mulheres-na-china-e-quase-um-canada/#respond Tue, 03 Nov 2015 12:32:10 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=515 A China tem, hoje, quase “um Canadá” de homens a mais que mulheres. Essa diferença supera 33 milhões de pessoas, segundo informações já divulgadas pela imprensa chinesa.

Esse não é um desequilíbrio normal, apesar de ser seguido de perto por outros países –boa parte também na Ásia. A China tem, atualmente, a taxa de desigualdade de gênero no nascimento mais alta do mundo, diz uma análise divulgada, em 2014, pelo Unicef China (braço das Nações Unidas para a infância).

“Dados do censo indicam que a taxa que indica a proporção entre gêneros começou a ultrapassar a média global nos anos 1980 e vem crescendo constantemente desde então, passando de 109 homens nascidos para cada 100 mulheres em 1982 para 118 em 2010”, diz o documento do Unicef.

Especialistas atribuem esse desequilíbrio ao aborto e ao abandono de meninas por um período longo de tempo.

A década de 1980 é, justamente, a que viu ser estabelecida, na China, a política de filho único, em que a regra geral é permitir apenas um filho por casal. Exceções permitem mais de um filho, por exemplo, a depender do local de moradia da família (se na área rural ou urbana) e do número de irmãos dos pais da criança.

Na semana passada, o Partido Comunista Chinês anunciou que iria acabar com essa tão controversa política, autorizando dois filhos por casal como regra geral.

Há quem atribua esse desequilíbrio demográfico, pelo menos em parte, à política de filho único, que teria radicalizado a preferência já existente dos chineses por filhos homens. Existem várias teorias a respeito dessa preferência histórica: é o filho homem quem carrega o sobrenome da família; as mulheres tradicionalmente se afastavam de suas famílias, migrando para a do marido; famílias do campo preferem meninos para ajudar na lavoura; e os pais dependem dos filhos para sua aposentadoria.

Mesmo com a mudança na política de natalidade, anunciada há alguns dias, essa disparidade promete ser um grande tormento para o país. Além de questões econômicas, haverá um exército de homens em idade de se casar sem que haja candidatas em número suficiente.

Frente a essa questão, um professor chinês de economia provocou polêmica, no final do mês passado, ao sugerir o casamento entre dois homens e uma mulher. Segundo um post do blog “Sinosphere”, do “New York Times”, o professor explica que a abordagem é puramente econômica, o que não foi suficiente para evitar uma onda de críticas pela proposta ousada.

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Diário – 12 horas num trem chinês http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/23/diario-12-horas-num-trem-chines/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/23/diario-12-horas-num-trem-chines/#respond Fri, 23 Oct 2015 12:00:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=505 Troquei uma viagem de 2h30 de avião por um trajeto de 12h02 de trem entre Shenzhen (a fronteira chinesa com Hong Kong) e Xangai.

Das 10h45 às 22h47 de ontem, parei em 27 cidades antes de chegar a Xangai, num trem que andava a pouco mais de 200km/h (os trens mais rápidos por aqui circulam a cerca de 300km/h, mas não havia a opção nesse trecho).

Viajar de trem é uma autêntica experiência chinesa. No meu vagão, por exemplo, eu era a única estrangeira. Em toda a viagem, só vi mais dois gringos.

Digo autêntica porque é possível ver os chineses relaxados, comendo (muito), vendo vídeos, mexendo no celular, conversando, dormindo, brigando, chorando, roncando… ou seja, é uma oportunidade para bisbilhotar a cultura por muitas horas e de muito perto.

Em resumo, a viagem:

10h45 – A entrada no trem é uma confusão, com todo mundo querendo guardar as malas ao mesmo tempo e com pouco espaço para as bagagens grandes. Como sempre, o trem sai pontualmente. Pouco depois, uma funcionária passa vendendo potes pequenos de Häagen-Dazs.

Vista do trem na província de Guangdong mostra uma passageira olhando para o mar
Vista do trem na província de Guangdong (Johanna Nublat/ outubro de 2015)

11h45 – De repente, o trem se aproxima do mar, numa vista inesperada –sobretudo para quem está desacostumado de ver céu azul e dias bonitos. Morros de um lado, casas pequenas e tanques (de peixes?) de outro. A funcionária passa vendendo marmitas para o almoço. Quem não está dormindo está grudado no celular.

12h58 – O trem deixa para trás cidades pequenas e entra em uma cidade grande, com porto. A funcionária passa recolhendo o lixo do almoço num saco de lixo. Alguém ronca alto.

13h53 – Parados em uma estação. Mesmo em cidades modestas, as estações chinesas costumam ser grandes, de pedra (mármore/granito) e imponentes no seu estilo comunista. Para alegria de todos, desce o passageiro que roncava alto. A essa altura, respirar dentro do banheiro é para os fortes.

14h44 – Todos estão acordados e lanchando (pães e frutas). Já tem gente de pé no fundo dos vagões, esticando as pernas e carregando os celulares na porta do banheiro. A vendedora de sorvetes passa de novo, seguida por uma funcionária que varre o chão. O trem passa por mais uma cidade grande e por uma espécie de parque com castelos.

15h49 – Estamos em uma cidade de médio porte, plana. Parte das casas tem telhado tradicional, pontudos. A outra parte não é bonita. Vemos tudo sob uma luz do sol amarelada (já escurece cedo nessa parte da China). Os passageiros conversam, passa um carrinho vendendo bebidas.

16h38 – O trem passa por uma paisagem frequente no país: dezenas de prédios residenciais altos em construção. Nesse caso, conto mais de 30 gruas trabalhando em um aglomerado de edifícios quase prontos. Ao lado, mais de 40 outros iguais já estão terminados.

17h40 – Já é noite fora do trem; dentro temos aquela luz branca desagradável. Todos estão cansados, e o trem está quieto.

18h25 – Parados em Wenzhou, temos a maior renovação de passageiros durante a viagem. Eles entram “frescos”, enquanto os passageiros originais não querem pensar que ainda faltam mais de 4 horas até o fim da viagem.

19h25 – A funcionária passa vendendo pipoca de microondas já estourada. Não parece fazer muito sucesso. O cup noodles e as garrafinhas de chá são mais populares.

22h47 – Finalmente, chegamos. O trem está só 60% cheio. Talvez pelo cansaço geral, ninguém sai correndo de forma afobada, como costuma acontecer aqui no fim de viagens de trem ou avião.

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A China promete céu azul esse mês; vai cumprir? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/07/a-china-promete-ceu-azul-esse-mes-vai-cumprir/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/07/a-china-promete-ceu-azul-esse-mes-vai-cumprir/#respond Fri, 07 Aug 2015 10:24:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=470 Já escrevi várias vezes, nesse espaço, sobre o drama da poluição em parte das cidades da China. Assim, é um tema repetido –assim como são repetidas as queixas de quem mora nessas cidades, Pequim incluída nessa triste lista.

É de doer o coração (a cabeça, a garganta, etc) acordar dia após dia, às vezes semana após semana, e ver uma neblina grossa cobrindo a cidade.

Talvez por isso, não seja fácil ver a cidade de Pequim prometer “céu azul” e “ar de boa qualidade” para o final do mês, quando a cidade vai sediar o Mundial de Atletismo e ter uma parada militar celebrando os 70 do fim da 2ª Guerra Mundial.

A primeira pergunta talvez seja “como eles vão fazer isso?”, e a segunda, “mas por que não fazem isso sempre?”.

Segundo o jornal “China Daily”, a partir do dia 20 de agosto, carros particulares vão seguir um rodízio rígido (um dia só ficam liberados de circular os de placa par, no outro os de placa ímpar); 80% dos veículos do governo serão retirados de circulação; as principais empresas das indústrias que mais poluem (petroquímica, de material de construção, por exemplo) vão suspender suas atividades; cerca de 1.300 obras vão ser impedidas de realizar demolições; supervisores do meio ambiente vão fazer um monitoramento apertado nas fontes de poluição.

As medidas valem para Pequim entre 20 de agosto e 3 de setembro; mas medidas semelhantes também serão adotadas pelas províncias ao redor da capital.

Depois de ler as ações necessárias para se criar um “céu azul instantâneo”, e perceber o impacto direto na economia e na mobilidade urbana, é possível responder à segunda pergunta.

Técnicas como essas já foram empregadas outras vezes, com o objetivo de garantir um ar adequado durante grandes eventos internacionais, por exemplo as Olimpíadas de 2008 em Pequim e a reunião da APEC (grupo que reúne os países da Ásia e do Pacífico) em novembro passado.

Resta saber quando é que o céu azul vai deixar de ser exceção e entrar para o cotidiano dos moradores de Pequim e de outras cidades muito poluídas do país.

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Brasil tem mais “soft power” que a China http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/02/brasil-tem-mais-soft-power-que-a-china/#respond Sun, 02 Aug 2015 13:00:36 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=465

Qual país detém maior poder de convencimento sem uso da força (militar ou econômica) e exerce atração positiva para conseguir o que quer? Em outros termos, quem tem mais “soft power”?

Segundo estudo lançado pela consultoria de comunicação Portland, britânica, o “top 5 do soft power” seria: Reino Unido em primeiro lugar, seguido por Alemanha, Estados Unidos, França e Canadá.

Num ranking de 30 países, o Brasil ficou na 23ª posição e a China conquistou apenas a 30ª.

O estudo da Portland –em parceria com o Facebook e a ComRes– é uma tentativa de criar um índice que contempla dados objetivos e percepções subjetivas para formar um ranking do “soft power” no mundo.

Apesar de ter um longo passado, esse termo “soft power” foi cunhado em 1990 pelo professor de Harvard Joseph Nye, como oposição à tradicional forma de convencimento entre países, o “hard power” –que, por sua vez, envolve coerção, intervenção militar, indução de pagamentos e sanções econômicas–, explica o estudo da Portland.

Mas, justamente por não se prender a ações tão palpáveis, o “soft power” é difícil de ser mensurado. “Primeiro, ele é inerentemente subjetivo e sua influência com frequência depende do alvo em questão”, diz o relatório da consultoria britânica. “Em segundo lugar, ele pode ser efêmero. Reservas de ‘soft power’ que foram construídas ao longo de décadas podem desaparecer durante a noite com algumas decisões ruins. E, finalmente, as fontes de ‘soft power’ são numerosas e podem ser de difícil mensuração.”

O estudo é constituído de duas partes: uma com critérios objetivos baseados na influência de cada país em termos de cultura, ambiente digital, governo, engajamento, educação e atração exercida pelo modelo econômico do país; e uma subjetiva, medida por pesquisa de opinião a respeito de gastronomia, produtos tecnológicos, cordialidade, cultura, produtos de luxo, política exterior e habitabilidade.

Foram consideradas 50 países na análise, abarcando as principais potências, em todas as regiões geopolíticas; os 30 primeiros colocados foram classificados.

Sobre o Brasil, o estudo afirma que é o país com as melhores fontes de “soft power” na América do Sul. “Na verdade, o Brasil foi o país do ‘BRICS’ com a melhor performance. Recentemente, o Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014 e o fará de novo com as Olimpíadas de 2016 no Rio. Mas o Brasil também luta contra a corrupção –ilustrada pelo atual escândalo da Petrobras– assim como questões a respeito da desigualdade.”

Já a posição alcançada pela China –a última no ranking dos 30 países– é, “talvez, a grande surpresa nos resultados do índice”, avalia a Portland.

Segundo explica o estudo, a China lançou uma ofensiva para construir “soft power” em 2007, com investimentos de dezenas de bilhões de dólares. Como exemplos de investimento, a Portland cita a agência estatal de notícias Xinhua, os Institutos Confúcio pelo mundo e um leque de projetos de desenvolvimento e ajuda a outros países. “Num momento em que muitos países estão cortando financiamento a instituições como essas, a China vem impulsionando a expansão de fontes de ‘soft power’.”

O que puxou a nota chinesa para baixo, diz o relatório, foram questões ligadas a restrições de direitos individuais, falta de uma imprensa livre, aversão à crítica política, problemas com o uso da rede social –já que as internacionais, como Facebook, Twitter e Instagram, são proibidas no país– e a percepção da política internacional.

Será interessante acompanhar a eventual evolução da China nesse ranking, considerando os pesados investimentos anunciados pelo país, nos últimos meses, como ajuda financeira a países de todas as partes do mundo –incluindo, aqui, o Brasil.

 

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A jogatina do mercado de ações http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/a-jogatina-do-mercado-de-acoes/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/a-jogatina-do-mercado-de-acoes/#respond Thu, 09 Jul 2015 21:00:04 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=442 Li Fun, 29, consulta todos os dias o sobe e desce do mercado de ações chinês, onde tinha um capital de US$ 20 mil investidos até algumas semanas atrás. “Sumiu 60% do meu capital”, diz ela. “Mas sinto que vai voltar. Todos estamos esperando a estabilidade da bolsa, porque o alto risco acompanha alto benefício.”

A chinesa integra o batalhão de investidores individuais da China, que viram suas economias minguarem nos últimos dias. E estão de olho na eventual subida das ações –é possível ver gente conferindo as movimentações da bolsa pelo celular em restaurantes de Pequim.

Ela conta que investe no mercado desde 2008, sem nunca ter feito curso específico para tanto. “Para mim, a bolsa é um jogo”, diz a chinesa, que estudou língua portuguesa e hoje trabalha em uma embaixada em Pequim.

Na edição desta quarta-feira (8), o jornal “China Daily” publicou avaliações de investidores individuais, como Li Fun. No depoimento ao jornal, o taxista Wu Jinbiao, 48, diz que costuma discutir com os clientes a situação do mercado, em que investe desde 2004: “Levando em conta a inflação, não ganhei muito, mas tem sido divertido”.

Se, por um lado, o chinês reage com preocupação à baixa da bolsa, por outro, não deixou de lado o humor.

Mensagens trocadas pelas redes sociais do país têm feito graça da situação. Uma delas, por exemplo, sugere que “última empresa parada no mercado de ações, por favor, apague a luz e feche a porta”.

Outra diz que “o mercado chinês é como um traidor: você sempre confia, mas ele sempre te trai”.

Li Fun, no entanto, não perdeu as esperanças. Em uma mensagem no início da tarde desta quinta-feira (9), a chinesa escreveu: “Hoje o índice está crescendo”, seguido do emoticon de duas pessoas batendo palmas.

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China só perde para Itália em termos de patrimônio mundial http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/china-so-perde-para-italia-em-termos-de-patrimonio-mundial/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/07/09/china-so-perde-para-italia-em-termos-de-patrimonio-mundial/#respond Thu, 09 Jul 2015 13:00:34 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=439 Quem quer conhecer exemplos do patrimônio mundial deve ir para onde? Grécia, Espanha, Itália, França, México, Índia?

Esses países abocanham, respectivamente, 17, 44, 51, 41, 33 e 32 sítios entre os 1.031 registrados pela Unesco (Organização das ações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como patrimônio mundial. O Brasil, como comparação mais próxima, tem 19 sítios.

Pois a China é número dois nessa lista mundial, com 48 sítios listados, atrás apenas da Itália. Até a semana passada, quando a Unesco incluiu as ruínas Tusi (no Sudoeste do país), eram 47.

Entre os locais chineses mais conhecidos estão a Grande Muralha, a cidade antiga de Ping Yao, o Palácio de Verão e o Templo do Céu em Pequim, e o centro histórico de Macau.

A lista completa está no site da Unesco.

Apesar de não haver nenhum sítio chinês inscrito como sob risco na lista da Unesco, há muita preocupação sobre a preservação de determinadas áreas do país, seja porque recebem muitos turistas ou pela pressão do desenvolvimento econômico.

Um exemplo é um patrimônio listado em 1999, o Monte Wuyi, “a mais destacada área para conservação da biodiversidade no Sudoeste da China e um refúgio para um grande número de espécies antigas, muitas delas endêmicas na China”, segundo o site da Unesco.

O Wuyi foi, justamente, o local escolhido pelo Instituto Paulson (que trabalha com desenvolvimento sustentável na China e nos Estados Unidos) como foco de pesquisa para um projeto da entidade com o governo chinês que tem o objetivo de criar um sistema nacional de proteção dos parques.

Segundo o site do instituto, o Monte Wuyi “representa muitos dos principais desafios e oportunidades que as áreas protegidas da China enfrentam hoje”.

A rede de proteção hoje montada na China cobre cerca de 16% do território do país, informa o instituto, mas há áreas importantes ainda não preservadas. Além disso, ainda de acordo com a entidade, há problemas de gerenciamento das regiões sob proteção e falta de financiamento adequado.

Há muitos anos, o país tenta desenvolver um modelo nacional robusto de proteção dos parques, mas sem muito sucesso até aqui. E, de fato, é algo preocupante frente ao desenvolvimento econômico do país e a tantas levas de turistas que invadem todos os espaços visitáveis da China.

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Para o brasileiro, a China não vai dominar o mundo http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/30/para-o-brasileiro-a-china-nao-vai-dominar-o-mundo/#respond Tue, 30 Jun 2015 15:00:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=426 Boa parte do mundo acredita que, no futuro, a China vai ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a principal potência do planeta.

Mas os brasileiros –juntos com os filipinos, japoneses e vietnamitas– não têm tanta certeza disso, segundo pesquisa de opinião do Pew Research Center, divulgada na semana passada.

Entre os que mais acreditam nessa troca de poder estão os próprios chineses (67%), seguidos pelos australianos e franceses (ambos 66%) e os espanhóis (60%).

“Todos os países europeus pesquisados acreditam que a China vai se tornar o maior poder mundial, variando de 66% na França a 46% na Polônia. Entre as regiões pesquisadas, os europeus são os mais convencidos de que os dias dos Estados Unidos como principal potência estão contados”, explica o instituto no estudo, em tradução livre.

Nesse tema, os norte-americanos estão bem divididos, com 46% acreditando que a China vai supera-los ou já o fez, e 48% dizendo que isso nunca vai acontecer.

A mediana de todos os países pesquisados foi de 48% que acreditam na mudança e 35% que rejeitam a ideia da troca. No Brasil, 56% não acreditam na alteração de poderes entre os EUA e a China, contra 34% que acreditam.

A pesquisa ouviu mais de 45 mil adultos em 40 países, entre 25 e 27 de maio. A percepção da China como nova potência integra uma pesquisa maior, a respeito da imagem global dos Estados Unidos e seu envolvimento em conflitos internacionais.

De forma geral, a China aparece como um país de que se tem uma visão positiva –uma mediana de 55% de visão favorável e 34% de desfavorável entre os países pesquisados, retirando-se a opinião dos chineses.

Os países com melhor percepção da China são Paquistão (82%), Gana (80%) e Rússia (79%).

“A China tem profundos vínculos econômicos com esses países e se tornou mais entrelaçada com a Rússia no último ano. Isso pode ajudar a explicar o aumento de 15 pontos percentuais de visões positivas da China na Rússia desde 2014”, diz o instituto em seu site.

E as visões mais negativas vêm do Japão (89%) –o que não surpreende–, Vietnã (74%) e Jordânia (64%). Brasil tem 55% de visão favorável, e os Estados Unidos têm 54% de visão desfavorável.

Apesar da percepção mais positiva que negativa da China, o mundo não está satisfeito com o respeito aos direitos individuais no país.

“Nos 39 países [a opinião dos chineses não consta], uma mediana de 45% diz que o governo chinês não respeita as liberdades individuais de seu povo, enquanto apenas 34% diz que respeita.”

Nesse quesito, as maiores rejeições vieram da França e do Japão (93% em ambos os países), e as maiores aprovações foram em Gana (69%) e Líbano (67%). No Brasil e nos Estados Unidos, a opinião geral é que a China não respeita essas liberdades, com percentuais de 62% e 84% respectivamente.

 

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Com mercado de luxo para “pet”, China ainda come cachorro http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/25/com-mercado-de-luxo-para-pet-china-ainda-come-cachorro/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/25/com-mercado-de-luxo-para-pet-china-ainda-come-cachorro/#respond Thu, 25 Jun 2015 10:00:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=424 Nos últimos dias, a China ganhou atenção mundial por seu controverso festival de carne de cachorro de Yulin, em que 1 kg da carne do bicho era vendida a menos de R$ 20 nos mercados de rua.

 

Na mesma China, há poucos anos, um exemplar de mastim tibetano foi vendido a mais de US$ 1,5 milhão, valor que provocou alvoroço até fora do país.

Esses dois lados do tema “cachorro” relevam um país que, de um lado, mantém a tradição de comer o animal apesar de tanta gritaria e, de outro, vem sendo um dos mais promissores mercados de luxo para produtos “pet”.

Em 2012, a China tinha a terceira maior população de cães do mundo (cerca de 27 milhões), atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil, segundo dados do Euromonitor para o setor “pet”. Naquele mesmo ano, nós tínhamos cerca de 37 milhões de cachorros, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, também citando o estudo do Euromonitor.

A previsão dos especialistas é que o interesse (e o gasto) nesse setor de luxo que alcançou as classes mais ricas da China cresça em ritmo mais acelerado que no mercado norte-americano, o maior do mundo, informou a “Reuters” em uma matéria de junho desse ano.

Como mencionado no post anterior sobre o assunto, trata-se de uma verdadeira revolução em prazo curtíssimo na sociedade chinesa. O país passou de rejeitar a ideia “burguesa” de manter um cachorro como “pet” durante a Revolução Cultural de Mao Zedong (1966-1976) para gastar milhões em um cachorro da moda.

Impressionado com o mercado de luxo de cachorros na China, o VICE fez uma reportagem em que tenta explicar como um mastim tibetano –que, durante certo tempo, foi símbolo de status social– chegou a valer US$ 500 mil ou, em casos extremos, US$ 1,5 e US$ 3 milhões.

De toda forma, o tempo do mastim parece já ter passado, segundo uma matéria do jornal “The New York Times” de abril desse ano. A jornal diz que o mastim é “coisa de 2013”, assim como outros símbolos de luxo que rapidamente perderam espaço na sociedade, seja por desinteresse, pelo temor sobre os rumos da economia ou a campanha contra a corrupção.

O texto conta que os criadores da raça enfrentam, hoje, dificuldade para vender os animais mesmo a preços consideravelmente mais modestos. E que alguns cães da raça, abandonados, chegaram a ser resgatados por grupos de defesa dos animais do destino de virar comida barata.

Se esses foram resgatados a tempo, milhares de outros viraram comida nos últimos dias, em Yulin. Em sua última publicação, a página do Facebook dedicada a interromper o festival deste ano parabeniza os seguidores que ajudaram a dar publicidade à campanha contra Yulin e afirma esperar por uma mudança na China, no curto prazo. Nos resta esperar para ver –será que teremos um Yulin 2016?

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Respirar vale mais que ouro http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/21/respirar-vale-mais-que-ouro/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/06/21/respirar-vale-mais-que-ouro/#respond Sun, 21 Jun 2015 13:00:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=411 Ex-trabalhador de uma mina de ouro na China, He Quangui diz que seu grande arrependimento foi escolher a profissão errada.

Em decorrência das condições precárias de onde ele trabalhou, esse chinês sofre há mais de uma década de uma grave doença que o atrapalha a respirar, a silicose. Viu muitos de seus ex-colegas de trabalho morrerem da mesma doença.

Essa história foi contada pela fotógrafa Sim Chi Yin, que acompanhou muito de perto os altos e baixos de He Quangui nos últimos anos, em uma cidade do interior do país. Ela publicou vídeo e fotos no site da “National Geographic” num projeto chamado “Dying to Breathe”.

Se as fotos são belas, o vídeo choca pela intensidade e realidade das cenas.

“Esse é o invisível custo das minas de ouro na China –o maior produtor mundial. Na China, a silicose é considerada uma forma de pneumoconiose, que, segundo estimativas, afeta 6 milhões de trabalhadores que trabalham em minas de ouro, carvão ou prata e em fábricas de lapidação de pedras. É a doença ocupacional mais prevalente no país”, diz a fotógrafa no site da National Geographic.

No final do ano passado o jornal “The Wall Street Journal” fez uma reportagem sobre consequências semelhantes sofridas pelos chineses que trabalharam por anos em minas de carvão, sem a proteção adequada. Segundo o jornal, o diagnóstico da pneumoconiose subiu 35% ao ano, em média, entre 2005 e 2013.

 

 

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