China in TownJapão – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 As escravas sexuais da China e de Taiwan http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/30/as-escravas-sexuais-da-china-e-de-taiwan/#respond Wed, 30 Dec 2015 13:58:46 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=566 Japão e Coreia do Sul anunciaram, essa semana, ter resolvido “de vez” um longo conflito a respeito das chamadas “mulheres de conforto”, mulheres recrutadas ou sequestradas para trabalharem em bordéis usados por militares japoneses até a década de 40.

Segundo o acordo, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, vai pedir desculpas às mulheres sul coreanas escravizadas para fins sexuais, e o Japão vai doar cerca de R$ 33 milhões a um fundo destinado a dar apoio às vítimas. A negociação também sela esta solução como final e irreversível sobre o tema, e determina o fim das discussões públicas.

O acordo foi criticado por sobreviventes na Coreia do Sul, que reclamaram da ausência de responsabilização legal dos japoneses e de terem sido excluídas das negociações. Já chineses e taiwaneses reclamaram de terem sido deixados de fora do acordo.

Estima-se que 200 mil mulheres tenham sido escravizadas para fins sexuais pelos japoneses, incluindo as sul coreanas, chinesas e taiwanesas. Poucas delas ainda estão vivas.

Segundo reportou a “BBC”, o governo de Taiwan afirmou que quer “negociações imediatas” com o Japão sobre o tema. Os chineses, por outro lado, lembraram que o recrutamento das escravas sexuais foi um “sério crime contra a humanidade” cometido pelo Japão.

Em um artigo de opinião publicado nesta quarta-feira (30), o “China Daily” afirma que as desculpas são bem-vindas, mas não são suficientes. “Dado que o acordo japonês com a Coreia do Sul é, principalmente, politicamente orientado, ao invés de ser uma reflexão verdadeira sobre suas responsabilidades, o movimento não é o suficiente para significar que o Japão está pronto para reconhecer verdadeiramente seu passado.”

 

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Para falar das flores http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/19/para-falar-das-flores/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/19/para-falar-das-flores/#respond Thu, 19 Mar 2015 11:24:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=282 “Ali, uma árvore florida! Será que é ela?”

Ela, no caso, é a cerejeira, estrela-maior do final do inverno e início da primavera por esses cantos do planeta –desta vez o blog vai falar mais especificamente do Japão, de onde esse post está sendo escrito.

Pois a recompensa por intermináveis meses de inverno já começou a aparecer: árvores peladas de folhas, e carregadas de flores brancas, amarelas e cor-de-rosa em parques e ruas do Japão. Na China, também já é possível encontrar belas floradas.

Nos últimos dias, me juntei à leva de estrangeiros e japoneses com câmeras nas mãos em busca das flores: até agora, nenhuma cerejeira em minhas andanças por Tóquio e Kyoto –a previsão é para os próximos dias. Mas essa é uma frustração indevida, já que “primas” menos conhecidas da árvore famosa, como a ameixeira, também são de tirar o fôlego.

Árvores de sem folhas e cheias de flores em parque de Kyoto
Flores em parque de Kyoto (março/ Johanna Nublat)

Essa tradição de ver as flores é conhecida por aqui como “hanami”. Há vários sites sobre os melhores endereços para contemplar essas maravilhas e de previsões de datas das floradas, além de eventos e usos comerciais das flores em embalagens de biscoitos, bolos, etc.

Como eu disse, a previsão do espetáculo das cerejeiras é para breve. Vejam as árvores cheias de brotos em uma das ruas de Tóquio em que as cerejeiras fazem –e farão, logo mais– a festa.

Rua em Tóquio com cerejeiras cheias de brotos
Rua em Tóquio com cerejeiras cheias de brotos (março/ Johanna Nublat)
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A falta que não faz a violência http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/28/a-falta-que-nao-faz-a-violencia/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/28/a-falta-que-nao-faz-a-violencia/#respond Sun, 28 Dec 2014 15:53:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=92 Outro dia, um leitor deste blog me perguntou se era seguro andar por Pequim. Na hora, eu pensei: “Não é seguro, é muito seguro”.

De fato, já ouvi mais de um brasileiro citar a quase ausência de violência urbana como um dos fatores-chave para ter escolhido morar na China ou no Japão.

Tanto nos bairros mais chiques de Pequim como em lugares perdidos da capital, em becos, de noite ou de dia, em táxis, metrôs, andando a pé ou de carro, nunca me senti insegura. E isso é uma grande liberdade se comparado ao medo que, muitas vezes, eu sentia em Brasília, cidade que tem seus picos de sequestros-relâmpago.

Fora de Pequim, até hoje, também nunca me senti sob risco.

Mas, para deixar de lado a “sensação” e melhor embasar esse texto, cito o Estudo Global sobre Homicídios de 2013 da UNODC (braço da ONU para assuntos de crime e drogas).

O documento classifica os países em seis categorias a depender da taxa de homicídios. O Brasil ocupa a quinta categoria mais alta em termos de ocorrência de homicídios, enquanto China e Japão estão na categoria mais baixa.

Na conta geral, 36% dos homicídios contabilizados em 2012 ocorreram nas Américas, outros 31% na África e 28% na Ásia. As sub-regiões mais preocupantes, aponta o estudo, são o Sul da África, América Central e América do Sul. Dentro da nossa sub-região, o país campeão de homicídios é a Venezuela, seguido pela Colômbia e pelo Brasil.

Segundo o estudo, a taxa do Brasil era de 25,2 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2012. A do Japão era 0,3 para 2011 (dado mais recente disponível); e a taxa da China era 1 para o ano de 2010. A soma do número absoluto de homicídios na China e no Japão em um ano é menor que o número do Brasil.

Outro dado interessante é que as Américas são a única região em que predomina o uso da arma de fogo como instrumento para o homicídio –66% dos casos, contra 28% na África e Ásia e 13% na Europa.

“A manutenção de altos níveis de homicídios nas Américas é o legado de décadas de violência relacionada à política e ao crime, que impediu o declínio do nível de homicídio em alguns países. No entanto, níveis de homicídio em alguns países das Américas, como o Brasil, estão agora sendo estabilizados, embora em um nível alto, enquanto em outras regiões, países com taxas historicamente altas, como África do Sul, Lesoto, Rússia e países da Ásia Central, estão conseguindo quebrar seu ciclo de violência e têm registrado queda nas taxas de homicídio”, diz um trecho do estudo.

Sobre o Brasil, especificamente, o estudo diz que a taxa de homicídios se manteve relativamente constantes nos últimos 30 anos, mas importantes mudanças aconteceram, com a redução no eixo Rio-São Paulo e o aumento em Estados do Norte e Nordeste.

É claro que, na China, há outras formas de violência. Há notícias diárias de assassinatos, a pena de morte é aplicada no país e há relatos de conhecidos que foram furtados mesmo em bairros nobres da capital.

Abordei o recorte de homicídios como forma de mostrar uma semelhança entre a China e o Japão –este último, país de onde o blog foi escrito nesta última semana, excepcionalmente– e como maneira de colocar em perspectiva a insegurança pública que percebemos no Brasil.

Em 2012, o ministro Eduardo Cardozo (Justiça) deu uma entrevista à Folha em que falava sobre propostas para reduzir o grau de homicídios.

Para a UNODC, em tradução minha, “esforços para prevenir homicídios não serão efetivos a não ser que os governos e a comunidade internacional orientem as atenções para quem está mais sob risco, tanto de se tornar o agressor quanto de se tornar uma vítima. Mais de metade de todas as vítimas de homicídios têm menos de 30 anos. Muito dessa violência ocorre em áreas urbanas. Políticas e estratégias efetivas devem não só ter foco em jovens sob risco mas também envolver esse grupo e a comunidade local em um trabalho conjunto para quebrar o ciclo da violência”.

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Em Tóquio, a felicidade vem de caminhão http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/25/em-toquio-a-felicidade-vem-de-caminhao/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/25/em-toquio-a-felicidade-vem-de-caminhao/#respond Thu, 25 Dec 2014 09:42:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=82 Toda quinta-feira, Toninho estaciona seu caminhão em frente à embaixada brasileira de Tóquio e abre as portas do baú. Rapidamente, começa o entra-e-sai de brasileiros e japoneses –ou clientes que são a mistura dessas duas nacionalidades.

Lá dentro, Antonio Shikota, o Toninho, 52, oferece itens preciosos (ainda mais) deste lado do mundo: doce de leite, queijo minas, carne com corte comum no Brasil (como picanha e alcatra), goma de tapioca, suco de maracujá, tempero pronto, salgados (como pastel e empada), farinha de mandioca, mistura para pão de queijo, chocolates brasileiros, etc.

Também é possível encontrar produtos de limpeza e de higiene pessoal de marcas brasileiras, e até revistas do Brasil –com um atraso muito pequeno perto do que se poderia imaginar.

Caminhão estacionado em frente à embaixada brasileira em Tóquio vende produtos nacionais
Caminhão estacionado em frente à embaixada brasileira em Tóquio vende produtos nacionais (dezembro/Johanna Nublat) 

Toninho, paulista de pais japoneses, trabalha com comércio de produtos brasileiros na região de Tóquio há 22 anos –dos 26 vividos no Japão. Segundo ele, os produtos mais populares no caminhão e nas lojas física e virtual são as carnes e linguiças, os salgados prontos e itens como café e leite condensado.

“O pessoal sente saudade do tempero brasileiro. A maioria já está acostumada [com a comida japonesa], mas sente falta de uma linguicinha, de um salgado”, diz. Por conta do Natal, Toninho estacionou em frente à embaixada excepcionalmente na quarta (24), com decoração natalina e alguns panetones nas prateleiras.

Ele conta que 80% da clientela é composta de brasileiros, dispostos a pagar um pouco mais pelo gosto nacional. Uma lata de leite condensado pode sair por quase US$ 4, e um saco de chocolate granulado custa pouco mais de US$ 2.

Em seu caminhão, Toninho oferece produtos brasileiros
Em seu caminhão, Toninho oferece produtos brasileiros (dezembro/ Johanna Nublat)

No caso do Japão, “o pessoal” citado por Toninho forma uma das maiores comunidades de brasileiros no exterior, estimada pelo Itamaraty em mais de 186 mil pessoas. Também de olho nesse público, há outras lojas virtuais que buscam trazer certo conforto para quem vive tão longe de “casa”.

Essa foi outra importante diferença que percebi entre o Japão e a China –de onde estou afastada nessa semana do Natal, excepcionalmente.

Em Pequim, até agora não encontrei produtos brasileiros disponíveis em mercados, falta que é facilmente explicada quando se observa o tamanho do “pessoal” que vive na China: apenas 11,6 mil brasileiros, segundo uma estimativa do Itamaraty para 2013.

Já outras comunidades mais numerosas que nós, brasileiros, encontram com facilidade produtos de seus países em mercados das grandes cidades chinesas. Geralmente em supermercados voltados para expatriados, não faltam macarrão italiano, queijos franceses, biscoitos ingleses e russos, mostradas alemãs, e por aí vai.

Até hoje, em minhas buscas por Pequim, não encontrei nada feito à base de mandioca –mas ainda não desisti.

Fico por aqui e aproveito para desejar a todos um feliz Natal!

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Um país, uma medida http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/22/um-pais-uma-medida/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/22/um-pais-uma-medida/#respond Mon, 22 Dec 2014 10:39:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=77 Caros leitores, excepcionalmente, nesta semana do Natal, o blog será escrito a partir do Japão.

Comparações com a China –e, especialmente, com Pequim– são inevitáveis. E horas após pousar em Tóquio (“a capital do leste”), já colecionava inúmeras diferenças em relação à “capital do norte”, Pequim.

A que mais me marcou foi trocar a poluição chinesa pelos terremotos japoneses.

Explico. Poucas horas após ter pousado em Tóquio, alguém mencionou em uma rede social ter sentido um terremoto no Japão –e eu não senti absolutamente nada. Descobri, então, um site de uma agência meteorológica japonesa que traz informações detalhadas sobre os (quase diários) abalos medidos no país: localização, intensidade no epicentro e nas regiões próximas, possibilidade de tsunami, etc.

Esse de sábado (20), por exemplo, ocorreu às 18h30, na região de Fukushima, com magnitude de 5.8 e 40 km de profundidade. Sem consequências, ao que me parece.

A riqueza de informações sobre os terremotos (algo que encontrei em outros sites japoneses também) me remeteu à maneira como, na China, nós ficamos constantemente de olho no nível de poluição.

Há cerca de seis anos, a embaixada americana monitora e divulga para o público a qualidade do ar que ela mede em Pequim –algo que gerou uma rusga com o governo comunista, e ainda assim ganhou a adesão de consulados americanos. E o governo chinês também passou a divulgar suas próprias medições de forma mais detalhada.

A depender da concentração de partículas muito finas, o ar é classificado em seis categorias, que vai de “bom” a “perigoso” se mantida a mesma situação por um período de 24 horas. No caso de estar “perigoso” o ar, o risco é de sério agravamento de doença do coração ou pulmão ou de problemas respiratórios para a população como um todo, explica a embaixada americana em seu site.

A orientação dos americanos é para que, nesse caso extremo, todos “evitem qualquer atividade física ao ar livre; pessoas com doenças de coração ou pulmão, idosos e crianças não devem ficar ao ar livre e devem manter baixo o nível de atividades”.

A avaliação do ar é divulgada a cada hora por meio do Twitter e de aplicativos que você pode baixar no seu smartphone.

Em novembro, uma semana após eu desembarcar em Pequim, o ar ficou “perigoso” por alguns dias. Vieram, então, dias de vento que levaram para longe as finas partículas e trouxeram de volta o céu azul para a cidade.

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