China in Townpoluição – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como a poluição rouba a beleza de Pequim http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2016/01/07/como-a-poluicao-rouba-a-beleza-de-pequim/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2016/01/07/como-a-poluicao-rouba-a-beleza-de-pequim/#respond Thu, 07 Jan 2016 11:00:51 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=569 No domingo (3), pousei em Pequim depois de alguns dias fora do país. Deixando para trás o céu azul e sem nuvens em que voou durante todo o caminho, o avião se aproximou da capital chinesa entrando em uma neblina marrom: voltei para casa num dia bastante poluído.

Me mudei para Pequim há pouco mais de um ano. E, ainda hoje, ter que lidar diariamente com a poluição é algo que surpreende.

Usar máscaras quando sair à rua em dias de maior concentração de partículas ruins no ar, deixar as janelas de casa constantemente fechadas, ter dois purificadores de ar ligados 24 horas por dia dentro de casa, pensar duas vezes antes de sair para passear em dias poluídos, ficar feliz com dias de céu azul e ar fresco, achar estranho quando é possível ver nitidamente o contorno dos prédios. Ou ainda moderar seu humor a depender “da cor” do dia.

Tudo isso integra um mundo novo, incrivelmente distante do cotidiano de alguém que cresceu em Brasília. E, infelizmente, tão frequente em várias cidades do Norte da China.

Segundo a agência estatal de notícias Xinhua, a concentração média de partículas PM2.5 (aquelas bem pequenas, que entram nos pulmões e potencialmente provocam danos) em Pequim, no ano de 2015, foi mais que o dobro da meta nacional.

O ar da capital só atingiu a meta estabelecida pela China em 186 dias no ano passado. Apesar desses dados negativos, a qualidade do ar melhorou levemente se comparada com o ano de 2014, continua a Xinhua, com 6,2% de redução na concentração de PM2.5.

A poluição do ar é um tema sensível para chineses e para os estrangeiros que moram nos locais mais afetados. Durante picos de poluição, é comum ver pessoas reclamando de dor de cabeça, irritação na garganta e olhos. E ouvir gente conversando sobre a possibilidade de deixar Pequim em busca de melhores ares.

Pequim é uma grande cidade, capaz de oferecer cultura, diversão, bons restaurantes e vida confortável. É uma pena que, em quase metade dos dias, toda essa beleza acabe “nublada” pelo ar ruim.

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O “airpocalipse” chegou a Pequim http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/01/o-airpocalipse-chegou-a-pequim/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/12/01/o-airpocalipse-chegou-a-pequim/#respond Tue, 01 Dec 2015 10:00:08 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=547 Acordei esta manhã, dei alguns passos pela casa estranhamente escura, olhei pela janela e pensei “mas não tinha um prédio ali?”.

Tinha. Quer dizer, ele ainda está lá, mas “escondido” por uma neblina espessa e marrom. Segundo medições feitas pela embaixada americana em Pequim, o ar da capital chinesa está “mais que perigoso” desde ontem.

O “China Daily” informou que essa é a pior onda de poluição na capital, este ano.

Esta era a vista da minha janela na manhã desta terça (1º):

Vista da janela mostra densa neblina marrom impedindo a visualização dos prédios
Vista da janela no bairro de Chaoyang, Pequim, por volta das 7h de terça-feira (1º) (Johanna Nublat/ dezembro 2015)

Aqui a vista da mesma janela, num dia de ar limpo na semana passada:

Vista da mesma janela, na semana passada, mostra céu azul e diversos prédios
Vista da mesma janela, na semana passada (Johanna Nublat/ novembro de 2015)

Enquanto o mundo olha para Paris e para a COP21, por muitas horas entre segunda-feira (30) e terça (1º), Pequim registrou um AQI (índice da qualidade do ar) péssimo, superando 500, marca até onde a poluição costuma ser medida e divulgada pelo Twitter da embaixada americana. Às 21h de ontem, o índice alcançou 609.

Pela conta na rede social, a embaixada divulga, hora a hora, a concentração de PM 2.5 (partículas no ar pequenas o bastante para chegar aos pulmões e provocar danos) e o índice correspondente a essa concentração.

O ar é considerado bom com um AQI até 50; moderado de 51 a 100; ruim para a saúde para grupos sensíveis de 101 a 150; ruim para a saúde de 151 a 200; muito ruim para a saúde de 201 a 300; e perigoso de 301 a 500 –em todos esses casos quando considerada uma exposição de 24 horas sob tal concentração de partículas.

Quando o ar está “perigoso”, a sugestão é evitar todas as atividades ao ar livre.

E quando está mais que perigoso, o que fazer?

Ontem, quando a densa névoa já tomava conta da cidade, eu vi uma proporção maior de pessoas cobrindo o rosto com máscaras ou cachecóis, pessoas comprando máscaras e muita gente impressionada. Mesmo para os padrões poluídos da capital, a atual onda marrom choca.

De acordo com matéria do “China Daily” de hoje, a cidade de Pequim ordenou que 2.100 empresas do ramo das indústrias mais poluentes suspendessem seus trabalhos e que todas as obras fossem interrompidas.

Incrivelmente, ainda há quem se inspire entre tanta fumaça. O site Shanghaiist fez uma matéria sobre um artista chinês que passou 100 dias sugando o ar de Pequim com um aspirador de pó. Depois transformou toda a sujeira em um tijolo.

A previsão é que, a partir desta quarta (2), uma corrente de ar frio vinda do Oeste leve daqui a densa névoa. Até lá, boa parte dos habitantes de Pequim vai ficar em casa, trocar os filtros de seus purificadores de ar e olhar pela janela esperando novos ares.

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Quando tudo o que se quer é um céu azul http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/18/quando-tudo-o-que-se-quer-e-um-ceu-azul/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/10/18/quando-tudo-o-que-se-quer-e-um-ceu-azul/#respond Sun, 18 Oct 2015 11:00:10 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=503 Viver em Pequim é ver seu humor variar a depender da cor e da visibilidade do céu.

Este sábado (17), por exemplo, era o dia para não sair da cama: a cidade acordou em meio a uma espessa névoa, e as medições indicavam nível “perigoso” para a saúde por conta da concentração de partículas finas no ar.

E o final de semana começou mal não apenas para a capital. Quem cruzou o país num trem ontem, de Norte a Sul, viu que o céu só voltou a ser azul após 3h30 de viagem a partir da capital (ou seja, a cerca de 1.000 km de Pequim).

Uma medição divulgada pelo Greenpeace essa semana indicou que quase 80% das 367 cidades cuja qualidade do ar é avaliada na China não cumpriram, este ano, os padrões de pureza estabelecidos pelo próprio país. E, apesar de elas terem registrado queda média de 12,1% na presença das partículas finas, o atual cenário ainda é muitas vezes pior do que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Entre as províncias, Pequim foi a segunda pior colocada em termos de concentração média das impurezas, atrás apenas de Henan.

Há, no entanto, lufadas de ar fresco de tempos em tempos.

Para garantir um bom cenário para a parada militar de 3 de setembro em Pequim, por exemplo, o governo fechou fábricas, parou obras e tirou carros de circulação. Conseguiu duas semanas de céu azul e ar fresco, levantando o debate sobre como, a que preço e quando será possível ter a boa qualidade do ar permanentemente.

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Os enganos da urbanização chinesa http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/12/os-enganos-da-urbanizacao-chinesa/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/09/12/os-enganos-da-urbanizacao-chinesa/#respond Sat, 12 Sep 2015 10:36:55 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=491 Quem vê o caos das grandes cidades da China, como Pequim, com seus enormes engarrafamentos e a pesada poluição, facilmente concorda com a política oficial de limitar o crescimento das metrópoles e tentar desenvolver áreas pouco exploradas do país.

Mas a equação não é assim tão simples, segundo um artigo escrito pelo professor Lu Ming, da Shanghai Jiao Tong University e da Fudan University, e publicado no site do prestigiado Paulson Institute.

Lu Ming afirma que, em relação à urbanização, o governo central chinês tem três preocupações sem pé na realidade. A primeira é que a urbanização vai levar necessariamente à redução das terras cultiváveis do país. De acordo com o professor, uma parte importante da redução dessas terras está relacionada a campanhas de reflorestamento na China. Além disso, ele argumenta, é possível utilizar, para produção, áreas do campo hoje tomadas por moradias vazias.

Outro mito, diz o artigo, é que o crescimento das cidades vai piorar a qualidade de vida, com mais trânsito e poluição. O professor afirma que a experiência internacional vem mostrando que é possível contornar esses problemas.

O terceiro e mais particular mito envolve o sistema de “hukou”, um registro que prende a pessoa à cidade de origem da sua família. Isso significa que, fora dessa cidade, a pessoa não tem acesso a serviços públicos como saúde, benefícios sociais e, possivelmente, escola. Isso não impede milhões de pessoas de migrarem para as grandes cidades, mas faz delas cidadãos de segunda-classe.

Ming afirma que são superestimados os cálculos que apontam o alto custo de formar o sistema de “hukou”, permitindo a livre fixação de pessoas no território. E, além disso, diz, a legalização desse grupo de pessoas pode aumentar o consumo nas cidades.

No artigo, o professor ainda aponta o que ele vê como distorções na atual política de urbanização chinesa, como a pressão do governo para o desenvolvimento de centros urbanos no Centro e no Oeste do país, e de cidades de médio porte, quando o interesse das pessoas é migrar para os grandes centros e para a costa Sudeste.

Consequência dessas distorções, afirma, foi a criação de “cidades-fantasma”, distritos urbanos construídos, mas que não atraíram interesse por moradia ou investimento e que acabaram gerando grande endividamento desses governos locais.

No artigo, o professor também sugere mudanças na atual política.

Esse é um tópico bastante sensível para os chineses, cansados da poluição das cidades e em busca de melhor qualidade de vida. Veremos até que ponto o governo vai ouvir esses apelos.

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A China promete céu azul esse mês; vai cumprir? http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/07/a-china-promete-ceu-azul-esse-mes-vai-cumprir/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/07/a-china-promete-ceu-azul-esse-mes-vai-cumprir/#respond Fri, 07 Aug 2015 10:24:24 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=470 Já escrevi várias vezes, nesse espaço, sobre o drama da poluição em parte das cidades da China. Assim, é um tema repetido –assim como são repetidas as queixas de quem mora nessas cidades, Pequim incluída nessa triste lista.

É de doer o coração (a cabeça, a garganta, etc) acordar dia após dia, às vezes semana após semana, e ver uma neblina grossa cobrindo a cidade.

Talvez por isso, não seja fácil ver a cidade de Pequim prometer “céu azul” e “ar de boa qualidade” para o final do mês, quando a cidade vai sediar o Mundial de Atletismo e ter uma parada militar celebrando os 70 do fim da 2ª Guerra Mundial.

A primeira pergunta talvez seja “como eles vão fazer isso?”, e a segunda, “mas por que não fazem isso sempre?”.

Segundo o jornal “China Daily”, a partir do dia 20 de agosto, carros particulares vão seguir um rodízio rígido (um dia só ficam liberados de circular os de placa par, no outro os de placa ímpar); 80% dos veículos do governo serão retirados de circulação; as principais empresas das indústrias que mais poluem (petroquímica, de material de construção, por exemplo) vão suspender suas atividades; cerca de 1.300 obras vão ser impedidas de realizar demolições; supervisores do meio ambiente vão fazer um monitoramento apertado nas fontes de poluição.

As medidas valem para Pequim entre 20 de agosto e 3 de setembro; mas medidas semelhantes também serão adotadas pelas províncias ao redor da capital.

Depois de ler as ações necessárias para se criar um “céu azul instantâneo”, e perceber o impacto direto na economia e na mobilidade urbana, é possível responder à segunda pergunta.

Técnicas como essas já foram empregadas outras vezes, com o objetivo de garantir um ar adequado durante grandes eventos internacionais, por exemplo as Olimpíadas de 2008 em Pequim e a reunião da APEC (grupo que reúne os países da Ásia e do Pacífico) em novembro passado.

Resta saber quando é que o céu azul vai deixar de ser exceção e entrar para o cotidiano dos moradores de Pequim e de outras cidades muito poluídas do país.

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Poluição de volta ao ar http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/08/poluicao-de-volta-ao-ar/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/03/08/poluicao-de-volta-ao-ar/#respond Sun, 08 Mar 2015 12:43:25 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=265 Um documentário sobre as origens e os perigos da poluição na China está dando o que falar por aqui desde a semana passada, quando foi divulgado em sites chineses.

Chamado de “Under the dome” (ou “Sob a Cúpula”), o documentário foi feito pela ex-jornalista investigativa Chai Jing em formato semelhante ao Ted Talk. Segundo a revista “The Economist”, alcançou 200 milhões de visualizações em poucos dias.

Ele pode ser assistido nesse link do YouTube (com a opção de legendas em inglês). Segundo o “New York Times”, o vídeo foi deletado dos principais sites chineses na sexta-feira (6) sob ordens do departamento de propaganda do Partido Comunista.

Em cerca de 1h40, Chai Jing apresenta dados e falas de especialistas –incluindo integrantes do governo chinês– para explicar de onde vem a poluição, de que materiais ela é feita, os impactos na saúde e, principalmente, de quem é a responsabilidade.

O filme tem toques bastante pessoais, como uma garotinha que conta não ver estrelas ou nuvens e a própria jornalista relatando problemas de saúde de sua filha ainda em gestação. Em determinado momento, Chai Jing diz se sentir culpada por, como jornalista que cobria questões de meio ambiente, não ter percebido que o que eles viam como “fog” (neblina) no início dos anos 2000 já era poluição.

Há questões políticas ainda não compreendidas a respeito da divulgação desse filme em discussão na imprensa internacional. Por exemplo, o momento do lançamento do documentário –às vésperas da reunião do Legislativo chinês– e o grau de envolvimento do governo no documentário.

Como diz a revista “The Economist”, houve divulgação do documentário pelo jornal “People’s Daily”, muito vinculado ao Partido Comunista, e uma fala positiva a respeito dele por parte do novo ministro do Meio Ambiente, Chen Jining. Mas também houve críticas de oficiais e o filme sumiu da internet chinesa, segundo o “New York Times”.

Reação de alguma maneira ou não, a manchete de sexta-feira (6) do jornal “China Daily” dizia que o premiê, Li Keqiang, pretende “endurecer na luta contra a poluição”. Segundo o jornal, o padrão nacional de limpeza do ar só foi cumprido, em 2014, por oito das 74 principais cidades do país em que é medida a concentração de partículas finas (PM 2.5).

Vamos torcer para a garotinha chinesa ver estrelas em breve.

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Quando o ar amanhece perigoso http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/23/quando-o-ar-amanhece-perigoso/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/01/23/quando-o-ar-amanhece-perigoso/#respond Fri, 23 Jan 2015 11:44:48 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=159 O ar de Pequim amanheceu “perigoso” nessa sexta-feira.

A medição da qualidade do ar feita às 7h informou uma concentração de 251 PM 2.5 –partículas pequenas o suficiente para chegar aos pulmões e provocar danos a pessoas com condições sensíveis de saúde, ou ao público em geral se exposto por muito tempo a esse ar.

Em resumo, o ar acordou “muito ruim para a saúde”, e atividades prolongadas ao ar livre deveriam ser evitadas. No início da manhã, a vista que eu tinha da janela era essa:

Vista da janela mostra "neblina" pela poluição
Vista da janela mostra “neblina” pela poluição (23 de jan./ Johanna Nublat)

Para comparar com um dia de “ar bom”, vejam a próxima foto, tirada na sexta-feira passada –durante a manhã desse dia, o ar ficou classificado como “bom” e, depois, “moderado”.

Vista da janela há uma semana mostra dia de céu claro
Vista da janela há uma semana (16 de jan./ Johanna Nublat)

Eu já havia falado um pouco, aqui no blog, sobre o hábito de medir a qualidade do ar nas grandes cidades da China. Em dias realmente ruins (e eu não classificaria hoje como um desses dias), a garganta dói depois de poucas horas na rua, o número de pessoas andando de máscaras pela rua aumenta, e o ânimo de todos diminui um pouco.

Segundo uma análise divulgada, em março de 2014, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que 3,7 milhões de pessoas tenham morrido em 2012 por razões relacionadas à poluição ambiental do ar, como doenças cardíacas e derrames.

Pouco menos da metade dessas mortes ocorreu em países do Sudeste asiático e oeste do Pacífico.

Ainda de acordo com a OMS, estima-se que outras 4,3 milhões de pessoas morreram em 2012 por motivos relacionados à poluição do ar advinda de fontes mais diretas, como queima de madeira e carvão para combustível doméstico.

Por a poluição do ar ser uma situação muito mal vista pelo público doméstico e pelo internacional, o governo chinês tem anunciado vários esforços para melhorar a qualidade do ar.

E, no início do mês, o China Daily publicou uma matéria em que dizia que Pequim, em 2014, “testemunhou um aumento no número de dias com céu azul”, apesar de não ter conseguido alcançar, por pouco, a meta de redução da concentração média de PM 2.5.

Segundo o jornal, 2014 teve 45 dias de poluição pesada em Pequim, contra 58 dias no ano anterior.

A fonte principal dessa poluição é conhecida –fábricas e carros–, mas há quem tente inovar. Em uma matéria da semana passada, a Xinhua, agência estatal de notícias, citou a polêmica de uma autoridade da província de Sichuan que tentou vincular o aumento do “smog” à tradição de defumar bacon na época do ano novo chinês. Mas acho que ninguém acreditou.

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Um país, uma medida http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/22/um-pais-uma-medida/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/22/um-pais-uma-medida/#respond Mon, 22 Dec 2014 10:39:30 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=77 Caros leitores, excepcionalmente, nesta semana do Natal, o blog será escrito a partir do Japão.

Comparações com a China –e, especialmente, com Pequim– são inevitáveis. E horas após pousar em Tóquio (“a capital do leste”), já colecionava inúmeras diferenças em relação à “capital do norte”, Pequim.

A que mais me marcou foi trocar a poluição chinesa pelos terremotos japoneses.

Explico. Poucas horas após ter pousado em Tóquio, alguém mencionou em uma rede social ter sentido um terremoto no Japão –e eu não senti absolutamente nada. Descobri, então, um site de uma agência meteorológica japonesa que traz informações detalhadas sobre os (quase diários) abalos medidos no país: localização, intensidade no epicentro e nas regiões próximas, possibilidade de tsunami, etc.

Esse de sábado (20), por exemplo, ocorreu às 18h30, na região de Fukushima, com magnitude de 5.8 e 40 km de profundidade. Sem consequências, ao que me parece.

A riqueza de informações sobre os terremotos (algo que encontrei em outros sites japoneses também) me remeteu à maneira como, na China, nós ficamos constantemente de olho no nível de poluição.

Há cerca de seis anos, a embaixada americana monitora e divulga para o público a qualidade do ar que ela mede em Pequim –algo que gerou uma rusga com o governo comunista, e ainda assim ganhou a adesão de consulados americanos. E o governo chinês também passou a divulgar suas próprias medições de forma mais detalhada.

A depender da concentração de partículas muito finas, o ar é classificado em seis categorias, que vai de “bom” a “perigoso” se mantida a mesma situação por um período de 24 horas. No caso de estar “perigoso” o ar, o risco é de sério agravamento de doença do coração ou pulmão ou de problemas respiratórios para a população como um todo, explica a embaixada americana em seu site.

A orientação dos americanos é para que, nesse caso extremo, todos “evitem qualquer atividade física ao ar livre; pessoas com doenças de coração ou pulmão, idosos e crianças não devem ficar ao ar livre e devem manter baixo o nível de atividades”.

A avaliação do ar é divulgada a cada hora por meio do Twitter e de aplicativos que você pode baixar no seu smartphone.

Em novembro, uma semana após eu desembarcar em Pequim, o ar ficou “perigoso” por alguns dias. Vieram, então, dias de vento que levaram para longe as finas partículas e trouxeram de volta o céu azul para a cidade.

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