China in TownViolência – China in Town http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br A vida do outro lado do mundo Thu, 14 Jan 2016 11:00:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 O que os chineses querem saber dos Jogos Rio-2016 http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/04/o-que-os-chineses-querem-saber-dos-jogos-rio-2016/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2015/08/04/o-que-os-chineses-querem-saber-dos-jogos-rio-2016/#respond Tue, 04 Aug 2015 13:12:42 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=468 Quais são os interesses, as dúvidas e as angústias que o lado de cá do mundo tem a respeito das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro?

Segurança, tamanho da rede hoteleira, rapidez na emissão de vistos, entrega das estruturas dos jogos no prazo acertado e a qualidade da água para realização dos esportes aquáticos.

De forma geral, essas foram as perguntas feitas pela imprensa chinesa na coletiva organizada pela embaixada do Brasil em Pequim, nesta terça-feira (4), para marcar o “countdown” de um ano para o início dos Jogos Rio-2016.

Segundo a embaixada, outros postos do Brasil no exterior terão eventos semelhantes nos próximos dois dias, para dar visibilidade à data e responder a algumas dúvidas.

Depois de uma apresentação que abarcou os custos do evento, o legado para o Rio de Janeiro, o quanto cada obra andou até aqui, entre outros tópicos, os jornalistas chineses puderam fazer suas perguntas (e, por elas, mostrar as dúvidas e preocupações dos chineses sobre o assunto).

Resumidamente, as perguntas foram:

  1. Que medidas de segurança serão adotadas no Rio de Janeiro?
  2. Como será solucionada a demanda por hotéis frente à oferta?
  3. As estruturas dos jogos estarão prontas a tempo? Os testes serão feitos sem atrapalhar a finalização das obras?
  4. A emissão de vistos para o Brasil será acelerada?
  5. Os grandes jogadores de futebol brasileiros não estão empenhados na divulgação das Olimpíadas?
  6. Para muitos chineses, será a primeira visita ao Brasil. Dicas?
  7. Os presidentes de outros países serão convidados para a cerimônia de abertura?
  8. Os chineses podem comprar os produtos das Olimpíadas de maneira online?

Após a coletiva, os representantes da embaixada também foram questionados pela imprensa chinesa a respeito da qualidade da água dos locais onde serão realizados os esportes aquáticos.

De forma geral, a representação brasileira respondeu que um efetivo extra de 85 mil homens será empregado na segurança do evento, cerca de 37 mil novos quartos estarão disponíveis na cidade do Rio, as estruturas estarão prontas a tempo, os procedimentos para vistos serão acelerado e as embaixadas terão reforço para facilitar a emissão, e que a qualidade da água é considerada adequada pelas autoridades competentes.

Ainda uma pergunta sobre o eventual impacto nos Jogos Rio-2016 dos escândalos de corrupção e da queda da economia brasileira foi feita por um jornalista português.

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A falta que não faz a violência http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/28/a-falta-que-nao-faz-a-violencia/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/28/a-falta-que-nao-faz-a-violencia/#respond Sun, 28 Dec 2014 15:53:40 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=92 Outro dia, um leitor deste blog me perguntou se era seguro andar por Pequim. Na hora, eu pensei: “Não é seguro, é muito seguro”.

De fato, já ouvi mais de um brasileiro citar a quase ausência de violência urbana como um dos fatores-chave para ter escolhido morar na China ou no Japão.

Tanto nos bairros mais chiques de Pequim como em lugares perdidos da capital, em becos, de noite ou de dia, em táxis, metrôs, andando a pé ou de carro, nunca me senti insegura. E isso é uma grande liberdade se comparado ao medo que, muitas vezes, eu sentia em Brasília, cidade que tem seus picos de sequestros-relâmpago.

Fora de Pequim, até hoje, também nunca me senti sob risco.

Mas, para deixar de lado a “sensação” e melhor embasar esse texto, cito o Estudo Global sobre Homicídios de 2013 da UNODC (braço da ONU para assuntos de crime e drogas).

O documento classifica os países em seis categorias a depender da taxa de homicídios. O Brasil ocupa a quinta categoria mais alta em termos de ocorrência de homicídios, enquanto China e Japão estão na categoria mais baixa.

Na conta geral, 36% dos homicídios contabilizados em 2012 ocorreram nas Américas, outros 31% na África e 28% na Ásia. As sub-regiões mais preocupantes, aponta o estudo, são o Sul da África, América Central e América do Sul. Dentro da nossa sub-região, o país campeão de homicídios é a Venezuela, seguido pela Colômbia e pelo Brasil.

Segundo o estudo, a taxa do Brasil era de 25,2 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2012. A do Japão era 0,3 para 2011 (dado mais recente disponível); e a taxa da China era 1 para o ano de 2010. A soma do número absoluto de homicídios na China e no Japão em um ano é menor que o número do Brasil.

Outro dado interessante é que as Américas são a única região em que predomina o uso da arma de fogo como instrumento para o homicídio –66% dos casos, contra 28% na África e Ásia e 13% na Europa.

“A manutenção de altos níveis de homicídios nas Américas é o legado de décadas de violência relacionada à política e ao crime, que impediu o declínio do nível de homicídio em alguns países. No entanto, níveis de homicídio em alguns países das Américas, como o Brasil, estão agora sendo estabilizados, embora em um nível alto, enquanto em outras regiões, países com taxas historicamente altas, como África do Sul, Lesoto, Rússia e países da Ásia Central, estão conseguindo quebrar seu ciclo de violência e têm registrado queda nas taxas de homicídio”, diz um trecho do estudo.

Sobre o Brasil, especificamente, o estudo diz que a taxa de homicídios se manteve relativamente constantes nos últimos 30 anos, mas importantes mudanças aconteceram, com a redução no eixo Rio-São Paulo e o aumento em Estados do Norte e Nordeste.

É claro que, na China, há outras formas de violência. Há notícias diárias de assassinatos, a pena de morte é aplicada no país e há relatos de conhecidos que foram furtados mesmo em bairros nobres da capital.

Abordei o recorte de homicídios como forma de mostrar uma semelhança entre a China e o Japão –este último, país de onde o blog foi escrito nesta última semana, excepcionalmente– e como maneira de colocar em perspectiva a insegurança pública que percebemos no Brasil.

Em 2012, o ministro Eduardo Cardozo (Justiça) deu uma entrevista à Folha em que falava sobre propostas para reduzir o grau de homicídios.

Para a UNODC, em tradução minha, “esforços para prevenir homicídios não serão efetivos a não ser que os governos e a comunidade internacional orientem as atenções para quem está mais sob risco, tanto de se tornar o agressor quanto de se tornar uma vítima. Mais de metade de todas as vítimas de homicídios têm menos de 30 anos. Muito dessa violência ocorre em áreas urbanas. Políticas e estratégias efetivas devem não só ter foco em jovens sob risco mas também envolver esse grupo e a comunidade local em um trabalho conjunto para quebrar o ciclo da violência”.

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Lei Maria da Penha à chinesa http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/09/lei-maria-da-penha-a-chinesa/ http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/2014/12/09/lei-maria-da-penha-a-chinesa/#respond Tue, 09 Dec 2014 15:50:11 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14342346.jpeg http://chinaintown.blogfolha.uol.com.br/?p=22 Os chineses podem ter, em breve, sua primeira lei dedicada ao combate da violência doméstica –algo como a nossa Lei Maria da Penha, em vigor no Brasil desde 2006.

Hoje, menções a esse tipo de violência existem difusas em algumas normas chinesas, sem diretrizes claras e sem a definição de responsabilidades. Segundo especialistas, isso faz com que, na prática, as vítimas dessa violência –mulheres sobretudo– fiquem desassistidas.

No final do mês passado, o governo chinês apresentou uma proposta de lei para coibir a violência cometida entre membros de uma mesma família (por cônjuges, pais, filhos e outros parentes próximos que vivam na casa).

Essa potencial lei chinesa não tem um nome próprio como a nossa, mas poderia ter mais de um, considerando casos de violência doméstica que se tornaram famosos por aqui nos últimos anos.

Um dos mais bombásticos talvez tenha sido o da americana Kim Lee, casada com um chinês e mãe de três crianças. Em 2011, ela postou em uma rede social chinesa fotos em que aparecia machucada e disse ter sofrido violência do marido, o então professor de inglês mais famoso da China.

O caso se estendeu até o início de 2013, quando a Justiça chinesa deu à mulher o divórcio, a garantia de medidas protetivas, a guarda das crianças e uma indenização pelo abuso sofrido. A decisão foi tida como histórica, e o caso acabou levantando o tema.

A proposta do governo chinês tem semelhanças com a nossa Lei Maria da Penha, como a exigência que uma medida protetiva urgente seja dada em até 48 horas da solicitação. Mas há, também, algumas diferenças.

A nossa, por exemplo, é focada nas mulheres, apesar de a Justiça já ter aplicado a norma em relações homossexuais entre homens. E enquanto a proposta chinesa cobre apenas pessoas casadas formalmente e de sexos diferentes daquele do parceiro, a brasileira pode ser mais ampla, porque fala em “relação íntima de afeto” e não limita a orientação sexual.

Outro ponto de diferença é que a proposta chinesa exige que a vítima inicie algum tipo de ação judicial, como o divórcio, em até 30 dias de ter conseguido uma medida protetiva, caso contrário ela perde a proteção –que, como no Brasil, inclui o afastamento do agressor de casa e a proibição de ele se aproximar da vítima.

O movimento de mulheres comemorou a proposta de forma geral, mas fez algumas ressalvas sobre sua amplitude (por exemplo, a limitação de funcionar apenas para pessoas casadas).

O tema tem aparecido na imprensa chinesa nos últimos dias, desde que a proposta foi apresentada (e está em uma espécie de consulta pública até o final do mês).

Não faltam histórias muito tristes de mulheres agredidas, e isso mesmo após tentativas de denunciar o marido agressor. Como no Brasil, ainda não foi afastado de vez, por aqui, o velho argumento de que a violência doméstica é um assunto a ser mantido dentro das quatro paredes.

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