O café avança no país do chá

Por johanna nublat

Num raio de 2 km de onde eu estou agora, existem 27 lojas da Starbucks, me informa o site da empresa. Por mais indevida que seja a comparação, a marca ainda não desembarcou em Brasília, onde eu morava até vir para Pequim.

Na China, como um todo, são mais de mil de lojas. E a empresa anunciou, essa semana, que pretende dobrar sua presença no país no prazo de cinco anos –ou seja, a ideia é ter mais de 3.000 lojas até 2019.

Resultado de busca feita no site da Starbucks por lojas da empresa em Pequim
Resultado de busca feita no site da Starbucks por lojas da empresa perto de onde estou (dezembro de 2014)

A China é “o mais importante, e potencialmente maior, mercado” fora da América do Norte, segundo um texto publicado no site local da Starbucks, ideia reafirmada pela empresa essa semana, durante lançamento do seu plano para cinco anos –nesse plano, o Brasil também é citado como mercado estratégico.

Como eu disse no meu post de apresentação, foi uma grande surpresa me deparar com tantos cafés –sejam Starbucks ou não– na China, um país que eu entendia ser um consumidor de chá.

De fato, o consumo de café pelos chineses ainda é muito baixo. O consumo médio per capita não passou de 50 g em 2012, segundo estima a Organização Internacional do Café –no Brasil, o consumo per capita anual é próximo de 5 kg.

Por outro lado, é um mercado que cresce: 12,8% de crescimento médio anual do consumo entre 1998 e 2012, diz a organização em um estudo de 2013 sobre a China.

“Cafés são frequentados principalmente por um pequeno grupo da classe média urbana. Nessas circunstâncias, um aumento no consumo per capita depende fortemente de fatores socio-econômicos”, resume o estudo.

A Starbucks parece não discordar. “A Starbucks continua confiante no seu sucesso no mercado chinês, pois se vê como ‘um diferente tipo de empresa’ que se desenvolve na China exatamente quando a população chinesa está buscando um estilo de vida mais prazeroso”, em tradução minha, diz um texto da Starbucks China.

E esse prazer, especificamente, não é barato por aqui. Em Pequim, um café expresso ou americano sai por pouco menos ou pouco mais de R$ 10 a depender do local (na Starbucks, o café coado pequeno custa pouco mais de R$ 7).

Com esse dinheiro é possível pagar um prato de comida em um restaurante chinês simples.

Mas isso não impede, como já vimos pelos números, a proliferação de cafés nas grandes cidades chinesas. Somam-se à gigante do setor inúmeros outros lugares charmosos.

Em Pequim, por exemplo, eu citaria a Bookworm (livraria e café) e o Moka Bro’s em Sanlitun, e o Barista Coffee num hutong (bairros antigos da cidade) em frente ao Lama Temple. Todos sempre cheios de chineses e estrangeiros.