Os taxistas em Pequim não falam inglês, então, dificilmente vão puxar papo com você, estrangeiro. Mas, se isso acontecer e você disser que é brasileiro (“baxiren”), pode ter certeza que a frase seguinte será sobre futebol.
Ou seja, você vai ouvir “zuqiu!” (futebol), “Kaká”, “Lonaldo”, “Neymá” ou algo do tipo.
Há uns dias, tentei fugir dessa conversa, fingindo que não entendia o que o motorista falava –o que não era uma mentira completa, considerando meu chinês ainda rudimentar. Mas não teve jeito: o taxista esticou o braço para trás, deu tapinhas na minha canela e soltou um feliz “zuqiu!!!”.
Os chineses adoram futebol –paixão que alcança até o presidente do país, Xi Jinping–, mas não são bons no esporte. Só participaram de uma Copa do Mundo, em 2002, e hoje estão classificados na posição 99 do ranking masculino da Fifa (o Brasil, enquanto isso, ocupa o sexto lugar).
Mas tudo pode mudar. Pelo menos esse é o desejo do governo chinês, que anunciou, no final de novembro, um pacote de ações para alavancar o esporte no país.
As medidas incluem tornar o futebol parte obrigatória das aulas de educação física nas escolas, abrir mais academias de futebol, fazer com que as escolas guardem registros do desempenho dos alunos com a bola e sejam inspecionadas sobre seus esforços em promover o jogo, segundo diz a Xinhua (agência de notícias do governo), citando o ministro da Educação, Yuan Guiren.
A proposta é ter, até 2017, 20 mil escolas empenhadas em promover o futebol. Só em 2015, 6 mil professores devem ser treinados para o esporte no país.
Quem sabe assim a China consegue reconquistar a melhor posição que já teve no ranking da Fifa (37 em 1998), e os taxistas possam ter seus próprios heróis para propagandear.