Perdidos no bom labirinto

Por johanna nublat

Quem viaja a Pequim tem os hutongs na lista de lugares obrigatórios a visitar. Em outros posts, eu expliquei o hutong como um tipo de “bairro tradicional” da cidade, noção que vou expandir agora.

São vários conjuntos de ruas apertadas e curvas, onde se anda a pé, de bicicleta, moto ou carro (se o carro couber na rua), margeadas por inúmeros siheyuans –pequeno grupo murado de casas que se organizam ao redor de um patio comum.

Andando pelos hutongs você se sente num labirinto –principalmente se você está perdido em um deles, à noite.

Essas imagens ajudam a entender sobre o que estou falando. E essas aqui mostram bem como os hutongs são vivos (e, com frequência, bagunçados).

Essas casas tradicionais foram construídas entre os séculos 13 e 20 –ou seja, algumas têm algo como 700 anos e ainda são usadas. Os hutongs que escaparam da modernização da cidade podem ser vistos em um bom pedaço da área central de Pequim.

Cada siheyuan pode ser habitado por uma só família (uma ou mais gerações da mesma família) ou mais de uma. Os mais antigos e os não reformados não têm banheiros –e, nesse caso, as pessoas usam banheiros públicos instalados ao longo das ruas.

Entrada de um siheyuan (grupo de casas) mostra uma bicicleta encostada e o armazenamento de repolhos, bastante comum no inverno
Entrada de um siheyuan (grupo de casas) mostra o armazenamento de repolhos, bastante comum no inverno (dezembro/ Johanna Nublat)

Em meio a alguns desses “bairros”, há cafés, restaurantes e lojinhas descolados, o que leva uma multidão de chineses e turistas aos hutongs. Parte do charme de passear pelos labirintos é ver, de um lado, um café moderno e, do outro lado da rua, um grupo de senhoras sentadas na porta de casa conversando.

Uma revista de atividades culturais em Pequim reuniu algumas dicas de lugares a visitar em cada hutong, vale a pena dar uma olhada.

E eu tenho, também, algumas sugestões próprias: 1) Mr. Shi’s Dumplings (74 Baochao Hutong), restaurante especializado nos famosos “pasteizinhos” chineses; 2) Barista Coffee (47 Wudaoying Hutong), um café moderninho e minúsculo; 3) Temple (23 SongZhuSi, Shatan Beijie), restaurante de comida contemporânea que tem um bar bacana; 4) as escolas de culinária Hutong Cuisine (35 DengCao Hutong) e The Hutong (1 Jiu Dao Wan Zhong Xiang Hutong); 5) e o Mercante (4 Fangzhuanchang Hutong), restaurante italiano perdido em meios aos labirintos.

Com todo esse charme e tradição, não é incomum que os estrangeiros que vivem em Pequim queiram morar em hutongs renovados. O jornalista e escritor Peter Hessler passou alguns anos na China e, pelo menos parte deles, em um hutong de Pequim. Aqui ele conta a boa experiência que teve; sugiro a leitura e o passeio pelos hutongs.