Qingdao – em busca do mar e da cerveja

Por johanna nublat

Ocupada pelos alemães por menos de duas décadas entre os séculos 19 e 20, a cidade chinesa de Qingdao ainda hoje é conhecida pela marca de cerveja que nasceu ali e por edificações de aparência europeia.

A expectativa de encontrar pubs ou restaurantes com alguma influência alemã, no entanto, pode se revelar frustrante. Mas, se a ideia é diminuir o ritmo e aproveitar a proximidade do mar, a cidade pode ser uma boa pedida para um passeio de dois ou três dias.

Qingdao fica distante de Pequim 1h30 de avião ou cerca de 4h30 de trem. Como disse, é uma cidade litorânea –escolhida pelos alemães justamente para servir como porto–, cujas principais atrações turísticas estão concentradas em uma estreita faixa próxima ao mar.

Vista do calçadão próximo à estação de trem de Qingdao
Vista do calçadão próximo à estação de trem de Qingdao (fevereiro/ Johanna Nublat)

O guia Lonely Planet recomenda ir à cidade entre junho e julho, quando o clima é mais favorável –nesta última semana, por exemplo, um vento frio atrapalhava as intenções de caminhar no calçadão da praia. Como diz o próprio guia, não espere a Riviera Francesa, apesar de ser um lugar bastante agradável e ter uma população especialmente simpática.

A grande fama da cidade é ser berço da cerveja Tsingtao, largamente vendida e consumida no país –Tsingtao e Qingdao são duas formas de se falar a mesma palavra no chinês, a depender do método para adaptar o som dos caracteres para o nosso alfabeto.

A cervejaria foi fundada no início do século passado, com a colonização alemã e, também, uma certa influência inglesa. Uma das atrações da cidade é, justamente, conhecer o museu da cervejaria e degustar um dos tipos da Tsingtao.

Além da cerveja, os alemães deixaram sua marca em alguns prédios construídos por volta dos anos 1900, como uma catedral distante do mar poucos quarteirões. Curioso é que, dentro dessa catedral, há placas que explicam, em chinês e em inglês, quem foram Maria e José.

“Maria foi a mãe de Jesus, o salvador do mundo. Ela foi uma garota judia comum noiva de um homem chamado José”, diz um trecho de uma das placas da catedral.

Catedral terminada em 1934, sofreu danos durante a Revolução Cultural e foi reformada recentemente
Catedral terminada em 1934, sofreu danos durante a Revolução Cultural e foi reformada recentemente (fevereiro/ Johanna Nublat)

Conheci dois conjuntos dessas construções com influência europeia na cidade; uma ao redor da catedral e outra em Badaguan, espécie de bairro que também margeia a praia –é fácil se locomover de ônibus entre esses dois locais.

No livro “The siege of Tsingtao”, o escritor Jonathan Fenby conta sobre como os alemães forçaram seu caminho para ocupar a cidade e sobre como, no início da 1a Guerra, foi a vez de os japoneses avançarem.

Na primeira década do século passado, descreve Fenby, “em bailes na mansão do governador, homens de gravata vestiam uniformes formais de três peças, e as mulheres usavam vestidos longos como se estivessem em Berlim, Hamburgo ou Munique”.

Um aspecto que pode complicar a vida do turista estrangeiro, em Qingdao, é a pequena oferta de restaurantes internacionais na cidade. Na cidade, a especialidade são os frutos do mar –até estrela-do-mar no espeto é possível encontrar–, mas sempre ao estilo chinês. McDonald’s, Starbucks e Pizza Hut podem ser alternativas para estômagos nada aventureiros.

Por outro lado, a cidade tem dois cafés muito charmosos: 77 Coffee, a um quarteirão da catedral, e A Cup of Sea, na região de Badaguan.

Vista do café A Cup of Sea mostra o mar
A Cup of Sea, café de frente para o mar (fevereiro/ Johanna Nublat)

A Cup of Sea é um dos cafés mais incríveis em que já entrei na vida, uma mistura de moderno com retrô, com uma louça linda, um café gostoso e uma vista sensacional. Espere pagar um pouco mais pelo café, algo como R$ 15 –toda essa maravilha que descrevi vem incluída na conta.