As ruas de Pequim continuavam vazias no último domingo (22), sinal de que o feriado de ano novo chinês ainda não tinha terminado.
Quem andasse pelos arredores dos principais parques da cidade, no entanto, veria formigueiros de pessoas: alguns grupos entrando apressados pelos portões e outros saindo com comidas e badulaques na mão.
Eram as tradicionais quermesses dos templos, festas que duram cerca de uma semana e são uma tradição milenar desse período de mudança de ano –quem quiser saber mais sobre o ano novo chinês pode ler esse post.
A melhor comparação que posso fazer é com a nossa festa junina: há barraquinhas de comidas e bebidas, barracas de jogos em que se ganha uma prenda (bichos de pelúcia, basicamente) e outras que vendem enfeites e brinquedos. Nessas quermesses, também há alguns shows de dança tradicional, e as pessoas se fantasiam –no caso, com enfeites engraçados na cabeça.
Escolhi ir à festa do Ditan Park, nos arredores do Lama Temple. Depois descobri que o Ditan abrigou a primeira quermesse oficial na China depois de 1949, ano em que os comunistas assumiram o país e a festa foi interrompida por algumas décadas.
Segundo uma matéria publicada, na semana passada, pelo China Daily, as quermesses ganharam importância no país a partir do século 14, mas praticamente desapareceram depois de 1949, sendo que se tornaram tabu durante o período da Revolução Cultural (1966-1976). E, continua o jornal, voltaram a aparecer justamente no Ditan, em 1985.
As comidas que vi merecem uma atenção especial.
Como nas nossas festas juninas, a quermesse chinesa tem barracas de espetinhos: de carne, salsicha e lula (esta última era servida com um molho vermelho). Tem milho cozido e algodão doce.
No domingo, também vi barracas vendendo tofu frito com molho, um macarrão com consistência de goma envolto num molho vermelho, dumplings, doces secos com castanhas e sementes, macarrão comum com carnes e caldos variados, almôndegas em caldo fino e branco, um tipo de banana à milanesa e produtos industrializados ou comidas de regiões específicas do país.
Depois de estranhar uma boa parte das comidas ofertadas no parque, fiquei me perguntando o que pensaria um estrangeiro da nossa canjica ou do arroz doce, ou se ele teria coragem de comer os espetinhos de “gato” que nossas festas oferecem.
Passadas as festas e terminado o feriado de ano novo chinês, a vida deve voltar ao normal por aqui nesta quarta-feira (25).
Nos últimos dois dias, por garantia, os chineses soltaram muitos fogos de artifício e rojões, para ter certeza de que nenhum espírito mau estará por perto no novo ano!