Um documentário sobre as origens e os perigos da poluição na China está dando o que falar por aqui desde a semana passada, quando foi divulgado em sites chineses.
Chamado de “Under the dome” (ou “Sob a Cúpula”), o documentário foi feito pela ex-jornalista investigativa Chai Jing em formato semelhante ao Ted Talk. Segundo a revista “The Economist”, alcançou 200 milhões de visualizações em poucos dias.
Ele pode ser assistido nesse link do YouTube (com a opção de legendas em inglês). Segundo o “New York Times”, o vídeo foi deletado dos principais sites chineses na sexta-feira (6) sob ordens do departamento de propaganda do Partido Comunista.
Em cerca de 1h40, Chai Jing apresenta dados e falas de especialistas –incluindo integrantes do governo chinês– para explicar de onde vem a poluição, de que materiais ela é feita, os impactos na saúde e, principalmente, de quem é a responsabilidade.
O filme tem toques bastante pessoais, como uma garotinha que conta não ver estrelas ou nuvens e a própria jornalista relatando problemas de saúde de sua filha ainda em gestação. Em determinado momento, Chai Jing diz se sentir culpada por, como jornalista que cobria questões de meio ambiente, não ter percebido que o que eles viam como “fog” (neblina) no início dos anos 2000 já era poluição.
Há questões políticas ainda não compreendidas a respeito da divulgação desse filme em discussão na imprensa internacional. Por exemplo, o momento do lançamento do documentário –às vésperas da reunião do Legislativo chinês– e o grau de envolvimento do governo no documentário.
Como diz a revista “The Economist”, houve divulgação do documentário pelo jornal “People’s Daily”, muito vinculado ao Partido Comunista, e uma fala positiva a respeito dele por parte do novo ministro do Meio Ambiente, Chen Jining. Mas também houve críticas de oficiais e o filme sumiu da internet chinesa, segundo o “New York Times”.
Reação de alguma maneira ou não, a manchete de sexta-feira (6) do jornal “China Daily” dizia que o premiê, Li Keqiang, pretende “endurecer na luta contra a poluição”. Segundo o jornal, o padrão nacional de limpeza do ar só foi cumprido, em 2014, por oito das 74 principais cidades do país em que é medida a concentração de partículas finas (PM 2.5).
Vamos torcer para a garotinha chinesa ver estrelas em breve.