Onda universitária vermelha

Por johanna nublat

Para quase tudo na China é possível usar o superlativo, tendo em vista o tamanho de sua população –calculada em pouco mais de 1,3 bilhão de pessoas. Também é assim com o número de estudantes chineses no exterior.

Segundo o relatório americano Open Doors 2014, os chineses eram 31% dos estudantes internacionais registrados no ensino superior dos Estados Unidos no ano acadêmico 2013-2014; ou seja, pouco mais de 274 mil alunos –dos 886 mil estudantes internacionais, que, por sua vez, representam 4% dos matriculados no ensino superior americano.

Em segundo lugar, vinha a Índia (102,6 mil, ou 11,6% dos estudantes estrangeiros). E o Brasil subiu para a posição dez, crescimento alavancado pelo Ciência Sem Fronteiras, e tinha em 2013-2014 pouco mais de 13 mil estudantes em universidades americanas (ou seja, 1,5% do total de estudantes internacionais).

Voltando à China, o relatório diz que o número de alunos chineses nas universidades americanas é hoje cinco vezes o número registrado no relatório Open Doors 2000. Naquele ano, estudantes da China abocanhavam 11% das vagas dos alunos internacionais.

Joguei todos esses números para resumir um assunto muito falado nos jornais chineses: o interesse cada vez maior de mandar jovens chineses, cada vez mais cedo, para estudar no exterior.

Em novembro passado, o jornal “China Daily” publicou dados de um relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisa Hurun, que apontou que 80% das famílias mais ricas da China têm intenção de mandar os filhos estudar no exterior, em comparação com 1% no Japão e menos de 5% na França e 10% na Alemanha.

E o destino não é apenas a universidade. No final do ano passado, em uma matéria sobre esse assunto, o “New York Times” informou que cerca de 23.500 chineses estudavam no Ensino Médio americano. E o Canadá é um destino tão ou mais popular para esse público mais jovem, por conta das políticas de visto.

Entre os motivos apontados para a decisão de mandar os filhos para o exterior –e cada vez mais cedo, a depender das possibilidades financeiras da família– estão o prestígio das instituições procuradas, a forte poluição das cidades chinesas, a falta de segurança alimentar e o entendimento de que o ensino chinês estimula pouco a criatividades dos jovens.