Um pouco de Brasil nas telas chinesas

Por johanna nublat

Nos próximos dias, os chineses de Pequim vão poder descobrir sobre a vida do presidente Getúlio Vargas e do carnavalesco Joãozinho Trinta, ou ainda sobre o cotidiano mais banal brasileiro.

Pela primeira vez, nossos filmes vão ganhar uma mostra específica no Festival Internacional de Cinema de Pequim (em sua quinta edição, entre ontem e o próximo dia 23) e –pasmem– passar em um cinema comercial na China.

“Esperamos que seja uma porta, é a primeira vez, na China, que o cinema brasileiro está em salas comerciais. É um momento muito importante”, disse Fernanda Bulhões, curadora da Semana Brasileira de Cinema, que integra o festival. Uma parte dos custos e da organização da semana ficou a cargo da embaixada brasileira, que confirma o ineditismo da exibição.

Enquanto eu escrevo, acontece a abertura da semana do Brasil, com o filme “Getúlio” (2014). Outros sete títulos vão passar nos cinemas da cidade até esta segunda (20): “Trinta” (2014), “Love Film Festival” (2014), “O menino no espelho” (2014), “O último cine drive-in” (2014), “Quando eu era vivo” (2014), “O lobo atrás da porta” (2013) –único a participar da mostra competitiva– e “Cidade de Deus” (2002).

Segundo a curadora explicou uma coletiva hoje (17), a ideia da seleção era mostrar a diversidade da produção brasileira de cinema e as peculiaridades da cultura brasileira. “Por exemplo, o ‘Trinta’, um filme sobre carnaval que, querendo ou não, todo mundo tem [uma noção] forte. E é uma forma diferenciada de colocar o assunto, não é o estereótipo.”

“Cidade de Deus”, que tem o maior número de exibições (quatro), funciona também como uma homenagem ao diretor brasileiro, Fernando Meirelles, que é um dos sete júris do festival, explica ela.

Na coletiva, Meirelles disse que participar do festival é uma boa oportunidade para uma aproximação com os chineses e, eventualmente, o início de co-produções.

“A China tem cotas para [a exibição, a cada ano,] de filmes estrangeiros, ocupada na maioria por filmes dos Estados Unidos. A forma de o filme brasileiro [entrar com mais facilidade no mercado chinês] é fazer co-produções e entrar além da cota”, disse o diretor. “Tenho interesse em filmes na área de meio ambiente e adoraria uma co-produção.”

O diretor de “O lobo atrás da porta”, Fernando Coimbra, também veio a Pequim para o festival.