Nos meus primeiros dias como residente na China, preenchi um formulário que pedia meu “nome chinês”. Tendo apenas meu nome original, deixei o campo em branco.
Duas horas depois, recebi uma ligação do funcionário que recebeu meu formulário:
– Você não escreveu seu nome chinês.
– É, não tenho.
– Precisa ter (disso dependia meu visto de residência)
– Ah… Ok, ligo em seguida com o meu “nome chinês”.
Abri o computador e fiz a desesperada busca “nome + chinês + criar” e descobri alguns sites que inventam, na hora, um nome a partir de informações “básicas” como: 1) Você é homem ou mulher?; 2) Data de nascimento; e 3) Características que você quer destacar –beleza, fortuna, inteligência?
Jogando esses dados no site, consegui um nome rapidamente. Mas não fui salva. O próprio site me aconselhou a não utiliza-lo: “Essa página foi criada para entretenimento. Nomes chineses reais devem ser escolhidos por alguém que entenda as nuances da língua e cultura chinesas”.
Recorri, então, a uma gentil senhora chinesa, que, em 15 minutos, resolveu o problema. A partir de então, eu me chamo 乔安娜 (Qiao An Na), que carrega paz em seu significado (“an”) e lembra o som do meu nome original.
Me lembrei dessa história quando vi a notícia, nos jornais locais, de uma americana que abriu um site, na China, oferecendo o serviço (pago) de ajudar os chineses a escolher seu “nome inglês” –que costuma ser adotado por todo chinês que mantém algum tipo de relação com os estrangeiros, como professores de mandarim, funcionários de embaixadas, corretores, etc.
Na matéria, o “China Daily” cita alguns exemplos inusitados de nomes escolhidos por chineses, como Cinderela, Coca-Cola, Kaká (em homenagem ao nosso adorado jogador de futebol), Dragão, Tigre, Sete, Cereja, etc.
Já pensou desembarcar por aqui e escrever no formulário “Fan BingBing” (uma popular atriz chinesa) ou “Jackie Chan”? Ou alguém adotar um “nome brasileiro” de Ivete Sangalo ou Neymar Jr?