A geração dos individualistas

Por johanna nublat

Eles nasceram depois do fim da Revolução Cultural (1966-1976), década em que a coletividade era o único caminho permitido na China, e depois da transformação econômica que mudou o país a partir do final dos anos 70.

Os nascidos no “pós-1980” e no “pós-1990”, também chamados de “geração do milênio” ou “geração Y”, somam hoje 300 milhões de pessoas na China, segundo as estimativas –um Brasil e meio.

Formado sob a influência da política de filho único imposta no país, esse grupo se diferencia dos anteriores pelo marcante individualismo, segundo os analistas.

“Diferentemente daqueles que cresceram nos anos 1950, 1960 e 1970 –uma era definida pelo coletivismo–, os pós-1980 e pós-1990, nascidos na era de reforma e abertura, se afastaram gradualmente desse coletivismo (…) as duas gerações estão experimentando o mesmo processo histórico: a ascensão do individual na sociedade chinesa”, diz um relatório produzido pelo China Youthology, grupo que ajuda grandes empresas a se posicionarem no mercado jovem chinês.

Não faltam análises sobre as características desse grupo apetitoso para o mercado: 300 milhões de consumidores com mais dinheiro, mais estudo e conhecimento, mais abertura às ideias estrangeiras, pessoas que gostam de viajar para fora do país e consomem mais produtos culturais.

Apesar de essas características serem semelhantes às jovens gerações de outros países, como a “geração Y” norte-americana ou mesmo nossos jovens brasileiros, igualar mesmas gerações de diferentes nacionalidades (ainda mais de lados opostos do mundo) é uma análise superficial que não considera a importância do local, defendem alguns.

E há quem já veja uma clara separação entre os nascidos na década de 80 e os nascidos a partir de 1990. O grupo China Youthology defende que os mais jovens, diferentemente dos outros, têm uma preocupação clara com a qualidade de vida –que não se limita a questões materiais– e das escolhas pessoais que levam à felicidade.

Como as famílias não estão preparadas para as aspirações dessa nova geração e as escolas continuam com sistemas de ensino pouco criativos, argumenta o relatório, há um valioso espaço para a entrada de marcas comercias, que devem simpatizar com as ansiedades desse grupo.

“Marcas devem ser capazes de oferecer a pessoas comuns uma vida extraordinária, um sentido de controle, um sentimento de pertencimento e uma fé na mudança e no futuro”, diz o documento, em tradução do inglês.

Mais interessante que a questão do consumo será saber que aspirações sociais e políticas esse grupo de jovens terá, a partir do crescente individualismo, e qual será o impacto dessa eventual mudança.