Para o brasileiro, a China não vai dominar o mundo

Por johanna nublat

Boa parte do mundo acredita que, no futuro, a China vai ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a principal potência do planeta.

Mas os brasileiros –juntos com os filipinos, japoneses e vietnamitas– não têm tanta certeza disso, segundo pesquisa de opinião do Pew Research Center, divulgada na semana passada.

Entre os que mais acreditam nessa troca de poder estão os próprios chineses (67%), seguidos pelos australianos e franceses (ambos 66%) e os espanhóis (60%).

“Todos os países europeus pesquisados acreditam que a China vai se tornar o maior poder mundial, variando de 66% na França a 46% na Polônia. Entre as regiões pesquisadas, os europeus são os mais convencidos de que os dias dos Estados Unidos como principal potência estão contados”, explica o instituto no estudo, em tradução livre.

Nesse tema, os norte-americanos estão bem divididos, com 46% acreditando que a China vai supera-los ou já o fez, e 48% dizendo que isso nunca vai acontecer.

A mediana de todos os países pesquisados foi de 48% que acreditam na mudança e 35% que rejeitam a ideia da troca. No Brasil, 56% não acreditam na alteração de poderes entre os EUA e a China, contra 34% que acreditam.

A pesquisa ouviu mais de 45 mil adultos em 40 países, entre 25 e 27 de maio. A percepção da China como nova potência integra uma pesquisa maior, a respeito da imagem global dos Estados Unidos e seu envolvimento em conflitos internacionais.

De forma geral, a China aparece como um país de que se tem uma visão positiva –uma mediana de 55% de visão favorável e 34% de desfavorável entre os países pesquisados, retirando-se a opinião dos chineses.

Os países com melhor percepção da China são Paquistão (82%), Gana (80%) e Rússia (79%).

“A China tem profundos vínculos econômicos com esses países e se tornou mais entrelaçada com a Rússia no último ano. Isso pode ajudar a explicar o aumento de 15 pontos percentuais de visões positivas da China na Rússia desde 2014”, diz o instituto em seu site.

E as visões mais negativas vêm do Japão (89%) –o que não surpreende–, Vietnã (74%) e Jordânia (64%). Brasil tem 55% de visão favorável, e os Estados Unidos têm 54% de visão desfavorável.

Apesar da percepção mais positiva que negativa da China, o mundo não está satisfeito com o respeito aos direitos individuais no país.

“Nos 39 países [a opinião dos chineses não consta], uma mediana de 45% diz que o governo chinês não respeita as liberdades individuais de seu povo, enquanto apenas 34% diz que respeita.”

Nesse quesito, as maiores rejeições vieram da França e do Japão (93% em ambos os países), e as maiores aprovações foram em Gana (69%) e Líbano (67%). No Brasil e nos Estados Unidos, a opinião geral é que a China não respeita essas liberdades, com percentuais de 62% e 84% respectivamente.