A eleição da cidade-sede das Olimpíadas de Inverno de 2022 será nesta sexta-feira (31), na Malásia. A disputa está entre Pequim e Almaty (no Cazaquistão).
Nos últimos meses, a imprensa chinesa não cansou de propagandear os planos, os investimentos e as promessas para os eventuais jogos de 2022.
Promessas até inusitadas: o céu da capital, geralmente nublado de poluição, estará azul. “Pequim promete ar de melhor qualidade e suficiente neve para as Olimpíadas de Inverno de 2022”, dizia o título de uma matéria da agência estatal de notícias Xinhua na última terça (28).
Apesar de parecer baseada em mágica, a promessa do céu azul não é assim tão intangível. Quando Pequim recebeu a reunião da Apec (grupo para cooperação econômica dos países da Ásia e do Pacífico), em novembro passado, teve uma semana de límpido céu azul –conseguido ao custo de fábricas fechadas e parte dos carros proibida de circular. A beleza do céu gerou a popular hashtag #apecblue.
Mas, dessa vez, há quem esteja mais preocupado com outras questões. Em seu site, a organização HRW (Human Rights Watch) questionou o nível de respeito aos direitos humanos nos países que participam da competição.
“Autoridades da China e do Cazaquistão são abertamente hostis à imprensa e a ativistas que criticam o governo, e falham na proteção da liberdade de expressão, reunião, associação e outros direitos humanos básicos. Discriminação e violações trabalhistas, e a falha governamental de combate-las são preocupações sérias. Nenhum dos dois países oferece mecanismos judiciais eficazes e independentes para pessoas que buscam proteção contra abusos”, diz a HRW em seu site.
Além disso, lembra a entidade, o COI (Comitê Olímpico Internacional) estabeleceu, no fim do ano passado, com a Agenda 2020, novas recomendações para garantir o cumprimento do respeito a liberdades individuais e trabalhistas.
Em um relatório de avaliação das duas candidaturas publicado em junho desse ano, o COI afirma ter considerado opiniões independentes a respeito de “proteção do meio ambiente, tratamento de presos, liberdade de imprensa, acesso à internet, direito de manifestação e integridade dos sistemas judicial e eleitoral” relacionadas a Pequim e Almaty. E, segundo o documento, levou essas questões às duas potenciais cidades-sede, tendo recebido resposta de que as regras das Olimpíadas seriam devidamente cumpridas.
Para a HRW, no entanto, essa promessa não é suficiente. Entre as soluções propostas pela entidade está a formação de um grupo de monitores independentes que avaliaria as medidas adotadas pela cidade-sede para garantia efetiva da proteção dos direitos humanos.