A China promete céu azul esse mês; vai cumprir?

Por johanna nublat

Já escrevi várias vezes, nesse espaço, sobre o drama da poluição em parte das cidades da China. Assim, é um tema repetido –assim como são repetidas as queixas de quem mora nessas cidades, Pequim incluída nessa triste lista.

É de doer o coração (a cabeça, a garganta, etc) acordar dia após dia, às vezes semana após semana, e ver uma neblina grossa cobrindo a cidade.

Talvez por isso, não seja fácil ver a cidade de Pequim prometer “céu azul” e “ar de boa qualidade” para o final do mês, quando a cidade vai sediar o Mundial de Atletismo e ter uma parada militar celebrando os 70 do fim da 2ª Guerra Mundial.

A primeira pergunta talvez seja “como eles vão fazer isso?”, e a segunda, “mas por que não fazem isso sempre?”.

Segundo o jornal “China Daily”, a partir do dia 20 de agosto, carros particulares vão seguir um rodízio rígido (um dia só ficam liberados de circular os de placa par, no outro os de placa ímpar); 80% dos veículos do governo serão retirados de circulação; as principais empresas das indústrias que mais poluem (petroquímica, de material de construção, por exemplo) vão suspender suas atividades; cerca de 1.300 obras vão ser impedidas de realizar demolições; supervisores do meio ambiente vão fazer um monitoramento apertado nas fontes de poluição.

As medidas valem para Pequim entre 20 de agosto e 3 de setembro; mas medidas semelhantes também serão adotadas pelas províncias ao redor da capital.

Depois de ler as ações necessárias para se criar um “céu azul instantâneo”, e perceber o impacto direto na economia e na mobilidade urbana, é possível responder à segunda pergunta.

Técnicas como essas já foram empregadas outras vezes, com o objetivo de garantir um ar adequado durante grandes eventos internacionais, por exemplo as Olimpíadas de 2008 em Pequim e a reunião da APEC (grupo que reúne os países da Ásia e do Pacífico) em novembro passado.

Resta saber quando é que o céu azul vai deixar de ser exceção e entrar para o cotidiano dos moradores de Pequim e de outras cidades muito poluídas do país.