O que fazer com as “mulheres de conforto”

Por johanna nublat

Na quinta-feira (3), Pequim sediou a esperada parada militar para festejar os 70 anos da vitória na guerra “de resistência do povo chinês contra a agressão japonesa e guerra mundial antifascista”.

Antes e depois desse dia, analistas apontaram muitos simbolismos na festa, e muitos recados enviados pela China aos chineses e ao resto do mundo. De forma geral, foi uma demonstração de forças e a tentativa de não esquecer o passado.

Um dos pontos negros desse passado —e motivo de tensão entre o Japão e seus vizinhos— são as “mulheres de conforto”, como ficaram conhecidas as mulheres asiáticas recrutadas ou sequestradas para trabalharem em bordéis frequentado pelos militares japoneses durante as guerras e invasões.

Estima-se que 200 mil mulheres tenham sofrido essa violência em países como China e Coreia do Sul, muitas delas ainda na adolescência. Boa parte não sobreviveu, e quem sobreviveu amarga as lembranças e espera reparações do Japão. Algumas ações judiciais já foram tentadas, mas sem sucesso.

Segundo o jornal “Japan Times”, um homem ateou fogo em si mesmo esse mês, em frente à embaixada japonesa em Seul, para reclamar desculpas do país pela exploração sexual das mulheres.

Esse drama que dezenas de senhoras ainda arrastam, já nos seus oitenta e tantos anos de vida, acaba esbarrando em tensões políticas e nos acordos pós-guerra assinados pelos países envolvidos.

Em uma reportagem publicada em março, o “Financial Times” ouviu especialistas que falam sobre a política da China de “não apoiar, não desencorajar“.

Depois de muito esforço da parte de ativistas para tentar dar uma vida melhor às sobreviventes e tentar algum tipo de reparação ou desculpas, é possível que essas mulheres morram sem ver avanços. Cada histórias pessoal é um soco no estômago, como pode ser lido e visto em outra matéria recente, dessa vez da agência “Reuters”.