Na semana passada, o jornal “The New York Times” escreveu sobre os planos da cidade de Pequim para ampliar o uso de bicicletas como meio de transporte, opção que vem sendo cada vez menos usada pelos chineses da capital.
Segundo a matéria do jornal, apenas 12% dos residentes de Pequim usam bicicletas como meio de transporte hoje em dia, em comparação com 38% no ano 2000. E a meta, diz o texto, seria expandir o percentual para 18% até 2020.
Parece, no entanto, que não se trata de uma tarefa simples, mesmo num país famoso pela gigantesca quantidade de bicicletas. Em 2010, um jornal local informou que uma tentativa semelhante estava em curso em Pequim: naquele ano, 19,7% usavam bicicletas como meio de transporte, e a meta era expandir para 23% em 2015.
Por que não deu certo? E quais são as dificuldades do ciclista em Pequim?
A princípio, uma boa parte das ruas e avenidas tem uma faixa destinada a veículos não motorizados –o que inclui bicicletas, motos elétricas, tuc-tucs, patinetes elétricos e até cadeiras de roda motorizadas.
Mesmo assim, há dificuldades, como: 1) os vários carros estacionados nesses locais, por falta de vagas para carros em número suficiente na cidade; 2) alguns trechos sem a faixa específica; 3) o fato de bicicletas, motinhos e pedestres trafegarem nos dois sentidos nessas faixas, o que transforma esse espaço num verdadeiro caos.
Já ouvi de várias pessoas que o plano e andar de bicicleta em Pequim foi descartado por ser “perigoso”.
Outras dificuldades são o tamanho da capital, o que só permite o uso da bicicleta para trechos relativamente curtos, a frequência dos altos índices de poluição e o frio pesado durante o inverno.
Por outro lado e apesar desses entraves, usar a bicicleta pode ser a salvação nesta cidade de trânsito enlouquecedor. Pode, por exemplo, nos levar em 20 minutos de um ponto a outro num trajeto que, nos horários de engarrafamento, levaríamos até uma hora de carro.
No livro “Red China Blues”, a jornalista Jan Wong conta que, em 1981, só 20 residentes de Pequim tinham um carro particular. Hoje, menos de 35 anos depois, a cidade tenta lidar com uma frota de 5 milhões de veículos, engarrafamentos constantes e um alto –e criticado– nível de poluição. Será que voltam as bicicletas?