Na última segunda-feira (23), levei alguns minutos para entender que, sim, alguém fumava no interior de um pequeno restaurante no bairro mais internacional de Pequim, Sanlitun.
Há quase seis meses, está em vigor na capital chinesa uma lei antifumo que proíbe fumar em ambientes fechados de acesso ao público. A regra é considerada muito boa pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que vê no sucesso da lei de Pequim a chance de expandir o veto ao fumo para todo o país.
A estimativa é que 301 milhões de pessoas fumem na China –um Brasil e meio de fumantes–, cerca de 28,1% dos adultos. No Brasil, como comparação, a taxa de fumantes está estimada, hoje, em 10,8%.
A maior parte dos fumantes chineses é homem (52,9% dos homens adultos fumam), enquanto só 2,4% da população adulta feminina fuma.
Logo no início da vigência da lei, a cidade parecia ter se adaptado. Os principais restaurantes e bares da cidade tinham afixado placas informando sobre a proibição e banido a fumaça de seu interior.
Mas… o inverno está chegando, com temperaturas que já caem a -8ºC. E a batalha parece ter ficado mais complicada.
Nesta quarta (25), o braço da OMS na China soltou uma nota alertando para a necessidade de manter firme o combate ao fumo nos próximos meses.
“Informações novas indicam que, em outubro, 4.000 estabelecimentos de Pequim foram inspecionados, com violações em mais de 350 deles”, diz a OMS. “No entanto, as últimas informações disponíveis também mostram que as ligações para a hotline 12320 [que recebe denúncias de fumo em locais proibidos] tiveram um pico nos dois primeiros meses de vigência da lei [junho e julho], levando a OMS a reiterar a importância de um esforço continuado na aplicação da lei.”
No restaurante de Sanlitun, na segunda-feira, nem os clientes nem os garçons pareciam incomodados com a chinesa que fumava sem sobressaltos no ambiente totalmente fechado. E o inverno ainda nem chegou.