Acordei esta manhã, dei alguns passos pela casa estranhamente escura, olhei pela janela e pensei “mas não tinha um prédio ali?”.
Tinha. Quer dizer, ele ainda está lá, mas “escondido” por uma neblina espessa e marrom. Segundo medições feitas pela embaixada americana em Pequim, o ar da capital chinesa está “mais que perigoso” desde ontem.
O “China Daily” informou que essa é a pior onda de poluição na capital, este ano.
Esta era a vista da minha janela na manhã desta terça (1º):
Aqui a vista da mesma janela, num dia de ar limpo na semana passada:
Enquanto o mundo olha para Paris e para a COP21, por muitas horas entre segunda-feira (30) e terça (1º), Pequim registrou um AQI (índice da qualidade do ar) péssimo, superando 500, marca até onde a poluição costuma ser medida e divulgada pelo Twitter da embaixada americana. Às 21h de ontem, o índice alcançou 609.
Pela conta na rede social, a embaixada divulga, hora a hora, a concentração de PM 2.5 (partículas no ar pequenas o bastante para chegar aos pulmões e provocar danos) e o índice correspondente a essa concentração.
O ar é considerado bom com um AQI até 50; moderado de 51 a 100; ruim para a saúde para grupos sensíveis de 101 a 150; ruim para a saúde de 151 a 200; muito ruim para a saúde de 201 a 300; e perigoso de 301 a 500 –em todos esses casos quando considerada uma exposição de 24 horas sob tal concentração de partículas.
Quando o ar está “perigoso”, a sugestão é evitar todas as atividades ao ar livre.
E quando está mais que perigoso, o que fazer?
Ontem, quando a densa névoa já tomava conta da cidade, eu vi uma proporção maior de pessoas cobrindo o rosto com máscaras ou cachecóis, pessoas comprando máscaras e muita gente impressionada. Mesmo para os padrões poluídos da capital, a atual onda marrom choca.
De acordo com matéria do “China Daily” de hoje, a cidade de Pequim ordenou que 2.100 empresas do ramo das indústrias mais poluentes suspendessem seus trabalhos e que todas as obras fossem interrompidas.
Incrivelmente, ainda há quem se inspire entre tanta fumaça. O site Shanghaiist fez uma matéria sobre um artista chinês que passou 100 dias sugando o ar de Pequim com um aspirador de pó. Depois transformou toda a sujeira em um tijolo.
A previsão é que, a partir desta quarta (2), uma corrente de ar frio vinda do Oeste leve daqui a densa névoa. Até lá, boa parte dos habitantes de Pequim vai ficar em casa, trocar os filtros de seus purificadores de ar e olhar pela janela esperando novos ares.