No domingo (3), pousei em Pequim depois de alguns dias fora do país. Deixando para trás o céu azul e sem nuvens em que voou durante todo o caminho, o avião se aproximou da capital chinesa entrando em uma neblina marrom: voltei para casa num dia bastante poluído.
Me mudei para Pequim há pouco mais de um ano. E, ainda hoje, ter que lidar diariamente com a poluição é algo que surpreende.
Usar máscaras quando sair à rua em dias de maior concentração de partículas ruins no ar, deixar as janelas de casa constantemente fechadas, ter dois purificadores de ar ligados 24 horas por dia dentro de casa, pensar duas vezes antes de sair para passear em dias poluídos, ficar feliz com dias de céu azul e ar fresco, achar estranho quando é possível ver nitidamente o contorno dos prédios. Ou ainda moderar seu humor a depender “da cor” do dia.
Tudo isso integra um mundo novo, incrivelmente distante do cotidiano de alguém que cresceu em Brasília. E, infelizmente, tão frequente em várias cidades do Norte da China.
Segundo a agência estatal de notícias Xinhua, a concentração média de partículas PM2.5 (aquelas bem pequenas, que entram nos pulmões e potencialmente provocam danos) em Pequim, no ano de 2015, foi mais que o dobro da meta nacional.
O ar da capital só atingiu a meta estabelecida pela China em 186 dias no ano passado. Apesar desses dados negativos, a qualidade do ar melhorou levemente se comparada com o ano de 2014, continua a Xinhua, com 6,2% de redução na concentração de PM2.5.
A poluição do ar é um tema sensível para chineses e para os estrangeiros que moram nos locais mais afetados. Durante picos de poluição, é comum ver pessoas reclamando de dor de cabeça, irritação na garganta e olhos. E ouvir gente conversando sobre a possibilidade de deixar Pequim em busca de melhores ares.
Pequim é uma grande cidade, capaz de oferecer cultura, diversão, bons restaurantes e vida confortável. É uma pena que, em quase metade dos dias, toda essa beleza acabe “nublada” pelo ar ruim.